terça-feira, 30 de maio de 2017

Exploração de petróleo no Ártico da Noruega


A infografia mostra as descobertas de petróleo no mar de Barents.
 
Graphic News
May 5, 2017 -- As autoridades norueguesas esperam que as companhias petrolíferas perfurem 15 poços de exploração no mar de Barents este ano.

Ataques terroristas recentes contra o Ocidente


A infografia mostra os ataques terroristas recentes contra a Europa e Estados Unidos.

05/23/2017
Graphic News
Ataque suicida na segunda-feira à noite num concerto em Manchester, matou pelo menos 22 pessoas e feriu 59 outras no mais recente de uma série de ataques terroristas que visaram o Ocidente.

Disputas no mar do Sul da China

Graphic News
O Tribunal Internacional de Haia anunciou a sua decisão sobre um litígio entre a China e as Filipinas sobre o mar do Sul da China, uma zona rica em recursos onde vários países reclamam soberania e que é também uma importante rota marítima.

Emigração dispara

Graphic News 
 

Investimento da China na Europa



Graphic News 
GN34383 A infografia mostra o investimento direto chinês na Europa entre 2000 e 2015. 

segunda-feira, 29 de maio de 2017

Descubra quais são as cidades com maior renda no Brasil

Estudo mostra quais cidades têm maior renda no Brasil e aponta o crescimento populacional dos grandes municípios que ficam fora de zonas metropolitanas. Confira!

Texto Redação | Foto Will Rodrigues/Shutterstock



O interior paulista é destaque, quando o assunto é renda familiar. Segundo um levantamento realizado pela Geofusion, empresa especializada em inteligência geográfica de mercado, das dez grandes cidades* do interior do Brasil com maior renda média por família, oito estão neste Estado – Valinhos, Santos, Jundiaí e Campinas ocupam as quatro primeiras colocações. A companhia realizou o estudo “Lado B: o Brasil fora das capitais e zonas metropolitanas” (disponível em http://blog.geofusion.com.br/novo-estudo-da-geofusion-revela-informacoes-sobre-o-interior-do-brasil) com dados comparativos entre as capitais e suas Regiões Metropolitanas (RM) em relação às cidades do interior do Brasil com mais de 100 mil habitantes. Os números ainda mostram que 55% da renda do País está concentrada em 7% dos municípios, que também respondem por 38% da população.

Os dez municípios do interior (mais de 100 mil habitantes fora das Regiões Metropolitanas) com maior renda apresentam ganhos por domicílio 60% acima média brasileira, que é de R$ 3,9 mil. Valinhos tem a maior renda por família das grandes cidades do interior*: R$ 7.651,00. Essas cidades têm mais de R$ 142 milhões por ano disponíveis para gastos em produtos alimentícios: 63,5% com alimentação em casa, 29,6% fora do domicílio e 6,9% com bebidas.

TOP 10 INTERIOR: AS GRANDES CIDADES QUE MAIS CRESCERAM NOS ÚLTIMOS ANOS





O Brasil tem 5.570 cidades, as capitais e suas zonas metropolitanas, respondem por apenas 345 municípios (7% do total). O Centro-Oeste é a região com mais pessoas vivendo fora dessas regiões: 78% da população. Entre 2010 e 2015, é possível observar um forte crescimento populacional nos municípios do interior com mais de 100 mil habitantes. Foram mais de 8,4 milhões de pessoas nos últimos quinze anos – um aumento mais acentuado do que nas capitais e Regiões Metropolitanas. Rio das Ostras (RJ) foi a cidade* que teve um maior incremento populacional, com 26,3 mil pessoas (4,5%).


“A concentração populacional e de renda é conhecida por todos. Contudo, quando apontamos quais são essas regiões com base em dados precisos, as empresas que estão com planos de expansão ou planejamentos comerciais em andamento devem levar em conta essas análises de mercado, garantindo, assim, inteligência competitiva em relação aos concorrentes”, explica a diretora de Inteligência de Mercado da Geofusion, Susana Figoli.

O estudo foi baseado nas Projeções Sociodemográficas 2015 da Geofusion, que estimam dados sobre o perfil da população de todo o Brasil. A metodologia leva em conta diversas pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), como o Censo, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) e Estimativas e Contagens da População. Já os dados de Potencial de Consumo têm como fonte o IPC Marketing e indicam o volume em dinheiro disponível nos domicílios brasileiros para o consumo por ano – no caso, os valores referem-se a 2015.

*Cidades com mais de 100 mil habitantes fora das Regiões Metropolitanas.
Revista Geografia - Conhecimento Prático

Saiba mais sobre a interferência das ondas eletromagnéticas

As ondas eletromagnéticas estão presentes em quase toda parte do nosso dia a dia. Conheça mais detalhes

Texto Edgar Melo | Adaptação Isadora Couto | Foto Shutterstock


Elas estão espalhadas na atmosfera e ninguém as vê, isso não quer dizer, no entanto, que as ondas eletromagnéticas sejam inofensivas. Emitida por equipamentos elétricos e eletrônicos, esse tipo de energia ocupa o espaço, atravessa qualquer tipo de matéria viva ou inorgânica e produz uma poluição imperceptível, capaz de in fluenciar o comportamento celular do organismo humano. O uso da energia elétrica e eletromagnética tornou-se tão arraigado no cotidiano das grandes cidades, que já não é possível se privar do contato com elas. Além dos telefones celulares, os aparelhos eletrodomésticos e as linhas de alta tensão estão por toda parte. “Vivemos em um micro-ondas gigante”, diz o cientista, pesquisador do Sistema Integrado da Terra, filósofo noosférico e engenheiro de sistemas de teleautomação Boris Petrovic, ao alertar sobre o impacto da presença dos campos e das radiações eletromagnéticas. Petrovic explica que o corpo humano não foi preparado para lidar com as interferências das radiações e dos campos eletromagnéticos. O engenheiro esclarece que tanto os celulares quanto qualquer outro tipo de comunicação sem o como Wifi e bluetooth utilizam ondas de radiofrequência para transmitir dados ou voz. Essas ondas são de comprimento muito baixo e são chamadas de micro-ondas. Essa tecnologia é a mesma dos fornos de micro-ondas, usados para aquecer alimentos por atrito das moléculas de água.
Revista Geografia - Conhecimento Prático

quarta-feira, 3 de maio de 2017

Notícias Geografia Hoje

 
Minoria yazidi celebra seu Ano Novo marcado pela tristeza no Iraque
Milhares de yazidis celebram nesta quarta-feira(19/04/2017) seu Ano Novo em um templo do norte do Iraque, na maior reunião desta minoria desde que os extremistas a converteu em alvo de seus ataques


19/04/2017


Lalish, Iraque - Milhares de yazidis celebram nesta quarta-feira seu Ano Novo em um templo do norte do Iraque, na maior reunião desta minoria desde que os extremistas a converteu em alvo de seus ataques. Os fiéis começaram as festividades na noite de terça-feira, a 50 km ao norte de Mossul, usando seus trajes tradicionais e levando velas e candeias. O evento comemora a criação do universo pelos anjos e festejam a natureza e a fertilidade.

Mas este ano, o ambiente era sombrio entre os yazidis, já que muitos sofreram a violência praticada pelo grupo Estado Islâmico (EI) a partir de 2014, quando os extremistas se apoderaram de amplas zonas do Iraque, incluindo a região de da qual é originária a maioria dos membros desta pequena comunidade. "No estou feliz. Isso não é como antes porque há pessoas que continuam em mãos do Daesh (acrônimo em árabe do EI)", diz Zoan Msaid, uma moradora de Sinjar que vive agora em um campo de refugiados.

"Não podemos esquecer nossos costumes e tradições, mas só que os reféns voltem para casa, só isso", acrescentou. Os yazidis são uma minoria de idioma curdo que pratica uma religião monoteísta com elementos tomados do cristianismo e do Islã. O Estado Islâmico os consideram hereges e, em meados de 2014, massacrou inúmeros membros da comunidade ao conquistar o monte Sinjar.

Em poucas horas, milhares de pessoas fugiram pelas montanhas áridas, procurando refúgio no Curdistão iraquiano. Outras centenas, talvez milhares, morreram no ataque, ou durante a fuga nas montanhas. Segundo a Anistia Internacional, os jihadistas executaram homens e sequestraram centenas, se não milhares, de mulheres, que foram vendidas como noivas para combatentes ou reduzidas à condição de escrava sexual.

As forças curdo-iraquianas reconquistaram no final de 2015 a cidade de Sinjar, com o apoio aéreo da coalizão antijihadista liderada pelos Estados Unidos. Segundo a ONU, o Estado Islâmico cometeu um "genocídio" contra a minoria yazidi. Calcula-se que cerca de 3.000 membros dessa comunidade continua em poder dos jihadistas. Segundo investigadores da ONU, os ataques do EI contra os yazidis no Iraque podem constituir um "genocídio".

Por isso pediram em 2015 uma ação no Tribunal Penal Internacional (TPI) a respeito. No mundo inteiro, os yazidis somam um milhão e meio, um terço desta comunidade se encontra no Iraque. Outras comunidades estão estabelecidas na Turquia, Geórgia e Armênia, sem contra a diáspora no Ocidente, segundo o site do Vaticano.

Vivendo em cantos remotos das montanhas do Curdistão, os yazidis, comunidade de língua curda, segue uma religião cujas origens remontam ao mazdeísmo, nascido no Irã há quase 4.000 anos, e ao culto a Mitra. Mas com o tempo, eles incorporaram elementos do Islã e do Cristianismo.

Os yazidis oram a Deus em direção ao sol e veneram sete anjos, sendo o mais importante deles Melek Taus ou Anjo-Pavão. Eles pronunciam suas orações em curdo e não têm nenhum livro sagrado. A tradição yazidi proíbe o casamento fora da comunidade e mesmo até em seu próprio sistema de castas. As crenças e práticas dos yazidis - como a proibição de comer alface e vestir a cor azul - são considerados por seus críticos como satânicas.

Os muçulmanos ortodoxos consideram o pavão como uma figura demoníaca e os yazidis foram rotulados como "adoradores do diabo". Como iraquianos não-árabes e não-muçulmanos, têm sido uma das minorias mais vulneráveis do país. Milhares de famílias fugiram do Iraque em razão da perseguição do governo de Saddam Hussein, em particular para a Alemanha.

Em agosto de 2007, enormes caminhões-bomba destruíram quase inteiramente duas aldeias yazidis no norte do Iraque. Mais de 400 pessoas foram mortas nas explosões. Além da minoria yazidi, dezenas de milhares de cristãos iraquianos, a maioria seguidores da Igreja Católica Caldeia, também fugiram em função da ofensiva do EI.
Correio Brasiliense

Concentração de CO2 na atmosfera bate novo recorde

Nível de dióxido de carbono atingiu marca de 412 ppm

A concentração de CO2 na atmosfera bateu um novo recorde histórico e superou pela primeira vez a marca de 410 partes por milhão (ppm).

Esse patamar foi ultrapassado de maneira inédita no último dia 18 de abril, segundo medição feita pelo Observatório de Mauna Loa, no Havaí (EUA), a mais antiga estação de detecção de dióxido de carbono no planeta.

Além disso, em 26 do mês passado, o índice de CO2 na atmosfera atingiu sua marca mais alta até hoje, 412 ppm. Os especialistas da agência meteorológica do Reino Unido (Met Office) haviam previsto que esse recorde só seria alcançado em maio.Concentração de CO2 na atmosfera bate novo recorde

Desde setembro de 2016, a concentração de dióxido de carbono vem superando os 400 ppm de modo permanente. A crescente presença de CO2 na atmosfera é considerada a principal responsável pelo aquecimento global e pelas mudanças climáticas no planeta.

O ano de 2016 já foi o mais quente desde 1880, ou seja, desde quando há dados disponíveis. Com isso, o mundo caminha para ter um aumento médio de 3ºC em sua temperatura, embora o objetivo do Acordo de Paris seja manter o aquecimento abaixo dos 2ºC em relação aos níveis pré-industriais, realizando esforços para tentar chegar a um limite de 1,5ºC. (ANSA)
Jornal do Brasil

segunda-feira, 1 de maio de 2017

A vida entre muros

Condomínios fechados e shopping centers acentuam a separação socioespacial em cidades médias

CARLOS FIORAVANTI



Conjunto do programa Minha Casa Minha Vida para moradores de faixa intermediária de renda próximo ao centro de Presidente Prudente

Presidente Prudente – município com 230 mil habitantes a 558 quilômetros da capital paulista – parece estar se desagregando, à medida que os grupos de moradores com ganhos econômicos mais altos e os com renda mais baixa se fecham em seus espaços. Outras cidades de porte médio de São Paulo – com 100 mil a 600 mil habitantes, que exercem um papel de polo regional, com influência sobre dezenas de municípios próximos – vivem o mesmo fenômeno, de acordo com estudos realizados nos últimos anos por uma equipe de pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Quem sai do centro de Prudente rumo ao norte observa terrenos ocupados por propriedades rurais, como se a cidade estivesse terminando. Mas não. Mais adiante emergem dezenas de fileiras de casas geminadas. É um dos conjuntos habitacionais para moradores de baixa renda do programa Minha Casa Minha Vida, com 2.600 casas e cerca de 8 mil pessoas, inaugurado em 2015. Lançado em 2009, o Minha Casa, como é conhecido, tornou-se o maior programa habitacional do país dos últimos 30 anos, com quase R$ 300 bilhões investidos e 10,5 milhões de pessoas beneficiadas até outubro de 2016.

 
Vistas de perto, as casas exibem diferenças: programas complementares de crédito para a compra de materiais de construção permitem a construção de muros altos e portões que as fecham inteiramente, enquanto outras permanecem abertas. Anúncios de mercados, bares e salões de beleza ocupam as fachadas das casas, mesmo sem permissão legal para abrigarem atividades comerciais. Na paisagem sem árvores destaca-se a torre amarela da escola, cercada por muros e cerca elétrica.

Ao sul, a 9 quilômetros dali, estendem-se os condomínios de luxo, cercados por muros com 4 metros de altura encimados pelos fios das cercas elétricas. “Nas entrevistas que fizemos, os moradores diziam que a maior preocupação era a segurança, mas reconheceram que buscam a distinção social por meio do lugar onde moram, comenta o geógrafo Arthur Whitacker, professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT) da Unesp em Presidente Prudente. Não se veem casas nem pessoas nas ruas, apenas os longos muros. Muros altos com arames farpados fecham também os blocos de prédios dos moradores da categoria intermediária de renda do programa Minha Casa Minha Vida, mais próximos ao centro da cidade.

 
Os condomínios contribuem para o alargamento da área urbana. Em um artigo publicado neste ano na revista Mercator, da Universidade Federal do Ceará (UFC), o geógrafo francês Hervé Théry, professor visitante da Universidade de São Paulo (USP), observou que o Minha Casa induziu a formação de bairros que se tornaram os maiores em cidades como Ponta Porã (MS) e Sobral (CE).

“Os condomínios fechados de faixas de renda distintas estão se configurando como se fossem várias cidades em uma só, já que seus moradores raramente se encontram”, sintetiza a geógrafa Maria Encarnação Sposito, professora da Unesp, coordenadora de uma equipe multidisciplinar que tem pesquisado as transformações das cidades médias. Ela explica que a separação socioespacial – examinada pelo geógrafo Milton Santos (1926-2001) na década de 1980, com base em seus estudos sobre metrópoles – agora se intensifica, em decorrência da escassez de espaços de convivência entre as diferentes classes sociais, como as ruas dos centros das cidades, hoje ocupadas predominantemente pelas pessoas de menor renda.



Escola (torre amarela) e vista geral de casas da população de baixa renda, ao norte de Presidente Prudente

Para mostrar o alcance desse fenômeno, Maria Encarnação abre os mapas das seis cidades estudadas por seu grupo desde 2012: Presidente Prudente, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Marília e São Carlos, em São Paulo, e Londrina, no Paraná, examinadas por causa de sua proximidade histórica e econômica, já que as seis resultaram da cafeicultura, principalmente no início do século XX. Os mapas elaborados com base no Censo de 2010 e em levantamentos de campo evidenciam a concentração dos condomínios populares e as áreas mais densamente povoadas ao norte e as áreas mais ricas ao sul em cinco cidades: Prudente, Ribeirão Preto, Rio Preto, Marília e Londrina. Em São Carlos ocorre o inverso, os ricos estão ao norte e os pobres ao sul, e a divisão não é tão clara, “mas já se desenha uma setorização, com a construção de novos condomínios de luxo”, diz a geógrafa.

Reforçando essa conclusão, três arquitetos – Bárbara Siqueira, professora da Universidade do Extremo Sul Catarinense, Sandra Silva e Ricardo Silva, professores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) – examinaram a ocupação urbana em São Carlos e São José do Rio Preto de 1970 a 2010 e concluíram que os condomínios fechados reforçam “os processos de fragmentação social e espacial das bordas urbanas, seja pela produção de grandes espaços murados, seja pelo espraiamento horizontal e descontínuo das cidades”, de acordo com um artigo de 2016 publicado na Revista Políticas Públicas & Cidades.



Residências com muros e portões …

Insegurança urbana
Os estudos do grupo da Unesp indicaram uma forte atuação das empresas imobiliárias na definição das áreas a serem ocupadas pelos novos loteamentos. Os moradores, por sua vez, sentem-se protegidos da violência urbana nos condomínios fechados e felizes por terem a possibilidade de comprar a casa própria. “Os moradores de todos os grupos sociais que entrevistamos relataram uma sensação de insegurança difusa, como se a violência urbana estivesse por toda parte e não em áreas ou momentos específicos”, diz a historiadora Eda Góes, professora da Unesp que coordenou as entrevistas. “E a ideia de insegurança urbana sustenta o ideal de morar em condomínios fechados.” Segundo ela, a crescente separação socioespacial representa “uma negação da cidade como espaço comum coletivo, a essência do urbano”.

Maria Encarnação, Eda e os outros pesquisadores do grupo identificam as prováveis consequências da segregação socioespacial: a valorização dos espaços privados e a desvalorização dos espaços públicos, como o centro da cidade e as praças; o esvaziamento das ruas, que se tornam espaços de circulação e não de encontros; o crescimento de estereótipos sociais sobre os grupos mais ricos e os mais pobres; e o fortalecimento de novos mecanismos de produção do espaço urbano. Antes, lembra a coordenadora da equipe, a formação de uma área comercial ou residencial era o resultado da iniciativa conjunta de pequenos empresários, do poder público e dos moradores.



…e comércio: preocupação com a segurança é comum a todas as classes

“Hoje quem produz o espaço urbano e rege a expansão das cidades são essencialmente as empresas imobiliárias, que, com o aval do poder público, definem onde construir os condomínios e os shoppings centers, que rapidamente estabelecem novos centros comerciais”, afirma Maria Encarnação. O economista Everaldo Melazzo, professor da Unesp que analisou a atuação das empresas imobiliárias, acrescenta: “As imobiliárias escolhem as áreas a serem ocupadas e o público que as ocupará de acordo com os preços dos terrenos”. Melazzo alerta sobre os limites desse mecanismo de expansão e ocupação das cidades, que não é mais questionado: “Somente o capital privado não consegue organizar e dar vida social para as cidades. Políticas públicas são fundamentais para organizar e qualificar a produção do espaço urbano”.

Identificação ou desconforto
Em expansão no Brasil a partir da década de 1960, os shopping centers reforçam a separação social ao criar espaços privados de lazer e consumo voltados a públicos específicos. Em um artigo publicado na revista portuguesa Finisterra, Eda Góes argumentou que os shoppings deixam os visitantes mais ou menos à vontade, desse modo, selecionando-os, por meio de propagandas que podem gerar identificação ou desconforto, da quantidade e da prontidão dos vigias e das câmeras de segurança. Eda encontrou 50 câmeras no Prudenshopping e 16 no Parque Shopping, criado em 1989, próximo ao centro da cidade para atingir um público de menor poder aquisitivo. Segundo ela, o sistema de vigilância expressa uma prática de controle social que é até mesmo desejada pelos frequentadores, destacando “uma suposta eficiência do mercado para dar resposta a problemas que o Estado não se tem mostrado capaz, como é o caso da insegurança”.



Vista externa de um dos condomínios de luxo…

De modo geral, os shopping centers transformaram rapidamente o centro das cidades, ao atrair as lojas interessadas em públicos mais endinheirados, ou induzir a adequação dos estabelecimentos de rua a uma clientela de menor poder de compra. “O comércio varejista procura seus próprios nichos de mercado”, conta o geógrafo e professor da Unesp Eliseu Sposito, que estudou as consequências da chegada de grandes redes de lojas de eletrodomésticos nas cidades médias. Ele observou também as mudanças no comércio varejista de Chapecó, em Santa Catarina, uma das 18 cidades estudadas pelos 43 pesquisadores da Rede de Cidades Médias (ReCiMe), formada por 17 universidades do Brasil, duas do Chile e uma da Argentina. Os trabalhos do Grupo de Pesquisa Produção do Espaço e Redefinições Regionais (GAsPERR) da Unesp e de outros da ReCiMe ajudam a entender os processos e ritmos de transformação próprios das cidades médias.

Formado por 18 pesquisadores e mais de 50 estudantes, o grupo da Unesp que estuda as cidades médias entrevistou, entre 2012 e 2016, moradores dos seis municípios para entender as mudanças nos hábitos de consumo e o impacto da chegada das grandes redes de varejo, que criam novos centros comerciais. Em consequência da ação de novas empresas varejistas, “os centros das cidades médias perdem prestígio social e estão cada vez mais populares, mas não morreram”, diz Whitacker. Com várias lojas tocando músicas ao mesmo tempo, as ruas centrais permitem uma expressividade e uma espontaneidade raramente consentidas em shoppings. “As passeatas e os protestos da população ocorrem aqui”, diz Melazzo, caminhando rumo ao camelódromo, autodenominado shopping popular.



…e casas de famílias de alta renda, ambos ao sul de Presidente Prudente

Às seis da tarde, porém, as lojas fecham e as ruas silenciam. Os cinemas de rua, entre eles o Cine Presidente, acabaram na década de 1990. “O centro da cidade é apenas o centro comercial, não mais o centro da vida social dos moradores”, conclui o geógrafo Nécio Turra Neto, professor da Unesp que estudou as transformações do lazer noturno na cidade, constituído pelos bares, boates e danceterias, hoje concentrados nas avenidas próximas ao Prudenshopping.

Projeto
Lógicas econômicas e práticas espaciais contemporâneas: Cidades médias e consumo (nº 11/20155-3); Modalidade Projeto Temático; Pesquisadora responsável Maria Encarnação Beltrão Sposito (Unesp); Investimento R$ 3.646.985,87.

Artigos científicos
GÓES, E. Shopping center: Consumo, simulação e controle social. Finisterra. v. 51, n. 102, p. 65-80. 2016.
SIQUEIRA, B. V. et al. Novas configurações em periferias de cidades médias paulistas: A proliferação dos empreendimentos habitacionais com controle de acesso. Revista Políticas Públicas & Cidades. v. 4, n. 1, p. 69-92. 2016.
THÉRY, H. Novas paisagens urbanas do programa Minha Casa Minha Vida. Mercator. v. 16, e16002, p. 1-14. 2017. 
Revista Fapesp

Zelândia, o novo continente, quase todo submerso, proposto por geólogos


 
Não é Atlântida, ilha lendária que teria afundado, mas Zelândia, um continente real, situado no sudoeste do oceano Pacífico, cujo território de 4,9 milhões de quilômetros quadrados se encontra 94% submerso. Entre os 6% que estão acima do nível do mar, destacam-se as duas ilhas que formam a Nova Zelândia (inspiração para o nome do continente) e o arquipélago da Nova Caledônia. A proposta de considerar esse grande bloco da crosta terrestre como um continente — a exemplo da África, América do Norte, América do Sul, Antártida, Austrália e Eurásia — foi feita por uma equipe coordenada por Nick Mortimer, do GNS Science, nome atual do antigo Instituto de Ciências Geológicas e Nucleares neozelandês (GSA Today, 9 de fevereiro). Segundo os autores do estudo, a Zelândia, embora majoritariamente coberta pelo Pacífico, apresenta as principais características geológicas e geofísicas que definem as áreas da crosta continental em oposição às da crosta oceânica. Sua composição é essencialmente granítica, mais “leve” do que a da crosta oceânica, formada por basalto. Apresenta altitudes mais elevadas (por isso, a maior parte dos outros continentes está acima do nível do mar). Sua espessura é maior, por volta de 35 quilômetros. A da crosta oceânica atinge, em média, 8 quilômetros. A Terra é o único planeta do Sistema Solar cuja crosta é dividida em dois tipos, a continental e a oceânica. Ao movimento das placas tectônicas, os geólogos atribuem o surgimento da crosta granítica, ou seja, dos continentes. Além dessa definição geológica de continente, há também outras, como as geográficas e as geopolíticas. 
Revista Fapesp

Poluição humana atinge as regiões mais profundas do oceano


Anfípodas, que vivem a 10 mil metros de profundidade, apresentam níveis elevados de poluentes

Nem mesmo as profundezas dos oceanos, consideradas as áreas mais intocadas do planeta, estão livres de influência humana. Pesquisadores do Reino Unido identificaram níveis elevados de poluentes orgânicos usados por décadas nas atividades industriais em crustáceos capturados nas regiões mais distantes da superfície. Usando armadilhas submergíveis, eles coletaram amostras de anfípodas, crustáceos semelhantes a camarões, a profundidades que variaram de 7 mil metros (m) a 10 mil m em duas áreas do oceano Pacífico: a fossa de Marianas, ao norte, próximo às Filipinas, e a fossa de Kermadec, no sul, na vizinhança da Nova Zelândia. Essas duas zonas abissais se estendem por centenas de quilômetros e estão entre as mais profundas e menos exploradas da Terra – a de Marianas tem 10.994 m de profundidade e a de Kermadec, 10.047 m. Ao analisar a composição química dos anfípodas, Alan Jamieson, da Universidade de Newcastle, Inglaterra, e seus colaboradores detectaram níveis elevados de dois produtos químicos: os bifenilpoliclorados, compostos bastantes estáveis, tóxicos e pouco inflamáveis, usados por décadas em fluidos de refrigeração; e os éteres difenil-polibromados, empregados como retardador da propagação de chamas em tintas, tecidos e materiais da indústria automobilística e aeronáutica. Anfípodas da fossa de Marianas apresentavam concentrações desses poluentes ambientais mais elevadas do que as dos crustáceos de Kermadec e, em ambos os casos, superiores às de regiões costeiras consideradas limpas (Nature Ecology and Evolution, 13 de fevereiro). Entre os anfípodas de Marianas, o nível de bifenilpoliclorados foi 50 vezes superior ao registrado em caranguejos do rio Liaohe, um dos mais poluídos da China. Os dados, segundo o pesquisador, indicam que as águas profundas e superficiais são altamente conectadas. 
Revista FAPESP

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