quarta-feira, 26 de março de 2014

Areia avança sobre Riad


Rolo compressor de areia

Uma gigantesca nuvem de areia avança sobre Riad, a capital da Arábia Saudita. ela foi formada por uma das típicas tempestades de deserto que ocorrem desde o norte da África até a Península Arábica na primavera, podendo facilmente atingir velocidades de até 140 km por hora. elas ressecam ainda mais essa árida região e fazem com que as temperaturas subam até 20ºC em apenas duas horas. os ventos são chamados de "chamsin", o que em árabe significa "cinquenta", porque em geral eles ocorrem 50 dias após o equinócio da primavera - quando o dia e a noite têm a mesma duração. Raramente, porém, são tão violentos como foram no dia 10 de março de 2009, quando esta foto foi tirada.
Revista GEO

segunda-feira, 24 de março de 2014

Inselberg


Inselberg é o termo utilizado para caracterizar relevos residuais que, podendo ser sedimentares, salientam-se em uma planície (pediplano) em paisagem árida ou semi-árida. São originados de um intenso processo  erosivo típico de ambientes áridos: a erosão paralela.
Fonte: TERRA: feições  ilustradas, ed. UFRGS, 2008.


O que são Regs?


 Erg Chebbi, no sudeste de Marrocos


Reg expressa uma área em ambiente desértico cuja superfície é recoberta por cascalhos e seixos. Os regs são também reconhecidos como desertos pedregosos.
Fonte: TERRA - feições ilustradas, ed. UFRGS, 2008.

domingo, 23 de março de 2014

Tempo ruim para iglus




Quanto mais frequente o degelo, menos a neve serve para construir as habitações dos nativos inuítes

As mudanças climáticas não se integraram apenas ao idioma deles. Silaup asijjipallianinga, "a mudança gradual do tempo", interfere de maneira crescente na vida dos habitantes do Norte do Canadá.

O gelo, cada vez mais fino, não sustenta mais o peso de seus veículos de neve. Os glaciares, no Parque Nacional de Auyuittuq, "a terra que nunca derrete", cedem pouco a pouco. Em vez do "gélido vento norte feminino", sopra, com frequência cada vez maior, o "vento quente masculino", do sul.

Por isso, dizem os nativos, ficou difícil encontrar o tipo de neve que seus ancestrais utilizavam para construir casas de inverno. Eles explicam que o vento frio e forte do norte tem o dom de acumular neve seca, e prensá-la de tal modo, que ela resista quando for necessário "cortar tijolos" firmes para construir um iglu.

Além disso, a camada de neve vem sendo exposta a um maior número de alterações de temperatura. "Com isso, no espaço de apenas duas semanas, a estrutura dos cristais se modifica drasticamente", disse Bernd Pinzer, do Instituto para Pesquisa de Neve e Avalanches, em Davos, na Suíça. Também isso reduz a estabilidade do tradicional material de construção

Mas a neve derretida e congelada diversas vezes, devido às transformações do clima, apresenta ainda outras desvantagens. Como isolante, ela é muito pior do que a neve assentada, duradoura e constantemente fria. O nível de proteção proporcionado pela neve depende das partículas de ar encerradas em pequenas bolhas, que no material prensado responde por 60 % a 80 % de seu volume

A estrutura da neve é mais complexa e, por essa razão, muito mais vantajosa para funcionar como isolante que a do gelo. Para escapar do interior do iglu através das paredes, o calor precisa percorrer caminhos relativamente longos. Em habitações de gelo de boa condição de isolamento, reinam temperaturas "agradáveis", de até 10ºC, inclusive durante geadas rigorosas. O aquecimento interno fica por conta do calor que emana dos corpos dos próprios moradores. Em iglus congelados, as temperaturas seriam muito mais baixas.
Revista GEO

Rapidinhas da Geografia ...Morning Glory


Vagalhão celestial
Uma deslumbrante nuvem, chamada Morning Glory, se desdobra sobre a paisagem de Queensland, na Austrália. Este fenômeno atmosférico, único no mundo, pode se estender por até 1000km, de uma ponta à outra do horizonte. Somente aqui, no agreste isolamento da península australiana de Cape York, essas nuvens se formam regularmente, quando os ventos frios do Golfo de Carpentaria encontram o ar seco da terra firme. Os ventos na parte dianteira da gigantesca onda deixam os pilotos de planadores extasiados: eles surfam no céu
Revista GEO

segunda-feira, 17 de março de 2014

Rapidinhas da Geografia ...Oceanos


Para que servem os oceanos?

A pergunta pode parecer ingênua, mas... Para que servem os oceanos? Além de valiosa fonte de alimento para a civilização, são reguladores climáticos do planeta. Outra utilidade prática dos ecossistemas marinhos, como manguezais e recifes, está na proteção das zonas costeiras. Essas estruturas abrigam o continente e protegem-no de eventos extremos do clima – como, por exemplo, tempestades e tsunamis. E, é claro, oceanos são também prestigiadas áreas de lazer. “São importantes para o bem-estar humano e devem ser tratados com mais distinção”, advoga Turra. Uma sociedade que condena seus mares, diz ele, dá um tiro no próprio pé.
Revista Ciência Hoje

Notícias Geografia Hoje


Vestígios do Big Bang

Pesquisadores anunciam ter detectado pela primeira vez sinais do início da expansão do universo. Se confirmada, a descoberta prova a teoria cosmológica mais famosa e aceita no mundo.

Sofia Moutinho

Com o telescópio BICEP2, no polo Sul, cientistas obtiveram a primeira evidência concreta do Big Bang, ao detectar sinais de ondas gravitacionais que viajam no espaço desde que o universo começou a se expandir. (foto: Steffen Richter/ Harvard University)


Um evento tão magnífico como o Big Bang, que teria dado origem à expansão do nosso universo, não poderia ter passado sem deixar vestígios. Há meio século, pesquisadores do mundo todo buscam, sem sucesso, provas de que esse fenômeno de 13,8 bilhões de anos realmente existiu. Hoje (17/03) um grupo internacional anunciou o que muitos queriam ouvir: conseguiram detectar o rastro de luz invisível deixado no espaço logo após o início de tudo.

O responsável pela façanha foi o radiotelescópio BICEP2, no polo Sul. A máquina buscava no céu sinais das ondas gravitacionais que teriam sido geradas no Big Bang durante o período de inflação do cosmos. Segundo os teóricos, nesse momento o universo se expandiu rapidamente, deixando de ter o tamanho de uma partícula subatômica para ter o tamanho de uma bola de futebol em trilionésimos de segundo.

De acordo com a teoria da relatividade geral de Einstein, essa rápida expansão deveria ter deixado para trás as tais ondas gravitacionais. Para entender, pode-se aludir àquela clássica imagem de uma pedrinha jogada na superfície de um lago. A pedra deforma a água ao seu redor e produz ondas, assim como a massa deforma o espaço e produz ondas gravitacionais que viajam pelo cosmos. 
 
Segundo a teoria geral da relatividade, o Big Bang e a expansão do universo teriam gerado ondas gravitacionais que viajam pelo espaço até hoje. (imagem: Universidade de Ontario)

Os cientistas vêm tentando detectar de forma indireta essas ondas do início do universo que estariam se propagando até hoje. Diversos experimentos, inclusive o BICEP2, têm buscado a marca que as ondas deixam na radiação cósmica de fundo, formada por partículas de luz (fótons) liberadas 380 mil anos após o Big Bang e que ainda estão pelo espaço na forma de um ‘calorzinho’ tênue.
Diversos experimentos têm buscado a marca que as ondas deixam na radiação cósmica de fundo, formada por partículas de luz liberadas 380 mil anos após o Big Bang e que ainda estão pelo espaço

“Olhar para a radiação cósmica de fundo é como olhar para uma fotografia do início do nosso universo”, explica o astrofísico Odylio Aguiar, coordenador do detector de ondas gravitacionais Mario Schenberg, da Universidade de São Paulo (USP). “Naquela época, os fótons ficaram livres para percorrer o espaço, mas ainda estavam de certa forma ligados à matéria, que, naquele momento, era distribuída pelas ondas gravitacionais. São os fótons que mostram a distribuição da matéria e revelam as ondas que se formaram em seu início.”

Ninguém havia tido sucesso nessa procura até que o BICEP2 identificou, em uma região da radiação cósmica, uma variação no comportamento da luz condizente com a presença de ondas gravitacionais. A alteração foi também observada por outro telescópio do polo Sul, o Kerck Array, o que deixa os cientistas ainda mais confiantes.

“Nossa descoberta vai abrir uma nova janela para a física, a física do que aconteceu nos primeiros instantes do universo”, disse em coletiva de imprensa o líder da pesquisa, John Kovac, físico do Centro de Astrofísica de Harvard-Smithsonian (EUA).


Digno de Nobel

Se for confirmado, o achado prova de vez a existência do Big Bang e do período de inflação do universo e pode até render um prêmio Nobel ao líder da equipe ou ao teórico norte-americano que em 1980 propôs a inflação, Alan Guth, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).

Mas antes os resultados obtidos pelo BICEP2 ainda precisam ser repetidos por outros grupos, como o do telescópio espacial europeu Planck, responsável pelo mais detalhado mapa da radiação cósmica de fundo já feito até hoje, concluído no ano passado.
  
O sinal detectado pelo telescópio BICEP2 agora precisa ser confirmado por outros telescópios, como o Planck, que gerou o mais completo mapa da radiação cósmica de fundo, uma espécie de ‘fóssil’ do calor e da luz nos primeiros momentos do universo. (imagem: Planck/ ESA)

“Se o Planck confirmar o sinal detectado pelo BICEP2, será realmente uma descoberta sem precedentes, mas os rumores na comunidade científica são de que os dados não batem”, conta Aguiar, que recebeu a notícia enquanto participava de uma conferência sobre o assunto na França promovida por outros dois experimentos que estão nessa busca, Virgo e Ligo – que procuram recriar as condições do Big Bang por meio de grandes equipamentos e raios lasers.

Existe a possibilidade de que o sinal detectado pelo BICEP2 seja resultado da interferência de poeira galáctica e que tenha sido mal interpretado. Mas os integrantes da pesquisa estão seguros do contrário, principalmente porque o sinal se mostrou duas vezes mais forte do que o previsto em modelos teóricos.

“Ainda temos que ajustar alguns detalhes, mas pelo que temos em mãos é altamente provável que tenhamos descoberto as ondas gravitacionais”, diz Clem Pryke, da Universidade de Minnesota (EUA).“Estávamos preparados para procurar uma agulha no palheiro e acabamos encontrando um pé-de-cabra.”

Sofia Moutinho
Revista Ciência Hoje

domingo, 16 de março de 2014

Chico Mendes, muito mais que um símbolo


 A figura de Chico Mendes reúne todos os elementos que fazem de líderes e defensores de uma causa verdadeiros mitos 
 
Chico Mendes em sua casa na cidade de Xapuri (AC), com seus dois filhos: Elenira e Sandino Mendes (Foto Miranda Smith, Miranda Productions, Inc./Wikimedia Commons) 
 
 Cristina Uchôa e Glauco Faria

Passaram-se duas décadas após a morte de Francisco Alves Mendes Filho, o seringueiro mais conhecido como Chico Mendes, e seu nome é reconhecido e lembrado como um dos brasileiros mais importantes do século passado. Para quem observa hoje, no entanto, fica a questão: como alguém que liderava trabalhadores rurais e empreendia uma luta local passou a ter tanta relevância em termos mundiais? Diversos fatores contribuíram para que ele pudesse se tornar um símbolo da defesa da Amazônia. Sua boa relação com a imprensa internacional, em uma época em que o ambientalismo ganhava força em todo o planeta, foi fundamental, mas é claro que essa projeção só foi possível porque a sua luta representava a defesa de ideais que eram comuns a inúmeras pessoas em contextos absolutamente distintos.

Se a batalha contra o desmatamento fazia com que os ambientalistas vissem Chico Mendes com simpatia, seu empenho na organização dos trabalhadores rurais em Xapuri e depois em todo o Acre também atraía a admiração e o respeito de muitos sindicalistas e de pessoas ligadas à esquerda. Dentre eles, aquele que seria presidente da República pelo Partido dos Trabalhadores, Luiz Inácio Lula da Silva, que foi várias vezes a Xapuri apoiar o amigo. Chico foi sindicalista, articulador de alianças com movimentos sociais e entre os povos da floresta, além de ter dialogado diretamente com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e participado institucionalmente do cenário político como vereador emedebista em Xapuri e, mais tarde, como militante e candidato a vários cargos eletivos pelo PT. Em geral, empreendia sua luta por diversas vias paralelas, o que lhe garantia inserção em muitos nichos, alguns pouco explorados tanto por trabalhadores como pela própria classe política tradicional.

Alfabetizado somente aos 17 anos, Chico tem no professor das primeiras letras uma grande referência na sua formação. Euclides Távora era um comunista que se refugiou na Amazônia, a exemplo de tantos outros que enfrentaram a selva durante os diversos períodos de clandestinidade do Partidão. Ex-integrante da Coluna Prestes, esteve envolvido também com o movimento dos mineiros na Bolívia e participou da Revolução de 1952 junto com os camponeses de lá. Depois de conviver com seringueiros bolivianos por algum tempo, resolveu passar para o lado brasileiro.

É o próprio Chico que fala da influência de Távora em entrevista concedida ao professor aposentado da Universidade Federal do Acre, Pedro Vicente da Costa Sobrinho, cerca de 20 dias antes da sua morte. “Muitos seringueiros que moravam nas proximidades o conheciam. Alguns se deslocavam até sua colocação para conversar. Ele falava do preço da borracha, da exploração dos seringueiros. Isso com muita cautela. Lia as notícias dos jornais e se dizia também seringueiro, só que não sabia cortar seringa”, conta. “Enquanto estava dando as aulas, às vezes ele anotava as coisas, mas em seguida queimava tudo que escrevia”, completa.

Acompanhando os acontecimentos do golpe militar de 1964 pelas rádios internacionais como a BBC de Londres e a Central de Moscou, os seringueiros ouviam as denúncias de prisões e torturas promovidas pelo regime autoritário do Brasil. Foi nesse período, em 1965, antes de sair do Acre para um destino incerto, que Euclides Távora praticamente incumbiu o seringueiro Francisco de uma missão. “Dizia ele: Chico, nós temos pela frente duros anos de repressão, de ditadura, de linha dura, mas fique certo que o movimento de libertação neste país e de qualquer lugar do mundo nunca se acabará. Eu ficava emocionado quando ele colocava aquilo”, contou o líder a Pedro Vicente. “[Távora] falava que o i­deal revolucionário de liberdade iria continuar vivo. A ditadura poderia continuar 15, 18 anos, mas não duraria todo o tempo. O movimento de resistência iria se fortalecer, abrindo brechas para criação de novas associações e sindicatos. Apesar do controle das organizações trabalhistas pelo governo, é lá que você tem que atuar.”

“Àquela altura Chico era uma personagem diferenciada dos líderes locais, pois tinha uma forte formação intelectual e política”, explica o professor Pedro Vicente. Essa bagagem foi fundamental para a atuação de Chico na década seguinte, que determinaria mudanças importantes na região. Nos anos 70, o governo federal passou a priorizar a ocupação da Amazônia com grandes projetos de infra-estrutura voltados para áreas como a agropecuária, a exploração madeireira e a mineração. Tudo isso envolvia também o abandono do apoio estatal à produção de borracha. “O Delfim Netto fechou o Banco da Borracha e o governo instituiu incentivos fiscais para grandes empresas se instalarem na região amazônica”, conta Edílson Martins, último jornalista a entrevistar Chico Mendes em vida.

Assim, fazendeiros vindos do Sul e Sudeste compravam terras a preço baixo e iam se instalar, a pretexto de ter o “justo título”, nas terras já ocupadas pelos seringueiros. Se por um lado a empresa seringalista e a estrutura quase escravista de exploração do trabalho a que os trabalhadores rurais eram submetidos estavam em xeque, em dado momento a própria sobrevivência de quem ali estava ficou ameaçada. A conta é simples. “Enquanto uma estrada de seringa rendia trabalho para cinqüenta, às vezes cem famílias no mesmo terreno, quando o terreno era ocupado pela pastagem para o gado eram necessárias duas ou três famílias”, esclarece Martins.


A organização dos trabalhadores

Diante da iminência de uma catástrofe social, os seringueiros começam a se organizar para evitar a derrubada da floresta. A Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (Contag), chamada a campo pelo Ministério do Trabalho e pela Igreja, que se preocupava com as ameaças e a violência no campo, debruçava-se sobre os efeitos da crescente especulação fundiá­ria e buscava articulação nos estados da Amazônia. Não demorou a chegar uma comissão ao estado do extremo oeste do país, em 1975. Em novembro, membros da Confederação utilizaram o salão paroquial da cidade de Brasiléia para dar um curso de formação sindical aos trabalhadores da região. Entre eles estava Chico Mendes. Contudo, quem se destacava era Wilson Pinheiro, camponês que chamava atenção pela firmeza da fala e pelo forte físico.

“Meu pai tinha sido estivador em Porto Velho, nas andanças de correr atrás da vida, depois de ter saído fugido de Rio Branco aos 18 anos, com o assassinato do pai dele, meu avô”, conta Iamar Pinheiro, uma das sete filhas de Wilson (além delas, há mais um, homem), hoje moradora de Epitaciolândia, no interior do estado. O pai de Wilson Pinheiro era também pequeno agricultor e foi assassinado depois de conflitos por terra. A família, que migrara de Manaus, voltou correndo, mas Wilson teve que “correr atrás da vida”, encontrando emprego na estiva.

No setor em que os trabalhadores historicamente enfrentam explorações, Pinheiro logo associou-se à entidade de classe e fez da participação sindical uma prática de sobrevivência. Ao se mudar para o Acre, levou consigo a experiência que chamaria a atenção dos mobilizadores da Contag. Assim, em dezembro de 1975, fundava o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia, sendo eleito presidente do Conselho Fiscal da entidade. Na prática, era ele a liderança de referência na região. Chico foi eleito secretário geral.

Surgiriam logo depois os sindicatos de trabalhadores rurais de Rio Branco e Xapuri. Com mais organização, era preciso agora escolher a melhor estratégia para evitar a derrubada dos seringais. Chico Mendes, em uma palestra proferida em 1988 na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH/USP), promovida pelo geógrafo Ariovaldo Umbelino de Oliveira, explicava as dificuldades àquela altura. “Nós tentamos por via legal, a partir de 1975, barrar os desmatamentos. Ou seja, recorrendo a advogados, por via judicial, na tentativa de impedir os desmatamentos. Só que tanto a polícia, naquela época, como os juízes eram comprados pelos latifundiá­rios”, acusava.

Assim, acabou sendo desenvolvida uma técnica pacífica para combater o desmatamento: o “empate”. De novo, é Chico quem explica, na palestra da USP. “Então nós decidimos criar um movimento pacifista e aí acionamos mulheres e crianças para o movimento de empate. Quando a polícia se deslocava para uma área, nos deslocávamos também, com homens, mulheres e crianças, com mutirões de 100, 200, até 300 pessoas e lá ficávamos diante da polícia, com todas as suas metralhadoras e fuzis. Ela refletia e finalmente em muitos momentos recuava porque pensava duas vezes em atirar numa criança.”

O empate também envolvia bastante diálogo, já que muitos daqueles encarregados em derrubar as árvores tinham sido seringueiros também. “Os trabalhadores sabiam que não poderiam entrar em um conflito armado, porque perderiam a credibilidade e seriam massacrados”, explica dom Moacyr Grechi, bispo local e um dos principais aliados dos seringueiros na região. Aliás, todo o movimento tinha a influência das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) da Igreja Católica. O próprio Chico Mendes, em um momento extremo, morou durante seis meses na igreja de Xapuri. “Os únicos em quem a polícia e os militares não podiam tocar éramos nós [os religiosos] e isso foi fundamental naquele momento”, recorda Grechi. O fato é que os empates dos trabalhadores fizeram com que muitas áreas que seriam desmatadas não o fossem. Aquilo desagradou fazendeiros e feriu grandes interesses, mas ainda assim era preciso formular uma alternativa que garantisse a subsistência dos seringueiros e o desenvolvimento sustentável da floresta.

Liderança à prova e as reservas extrativistas

Na década de 80, o movimento dos trabalhadores rurais sofreria um duro golpe. No fim da tarde de 21 de julho de 1980, Wilson Pinheiro recebeu um tiro na nuca dentro da sede do sindicato de Brasiléia. Sem cerimônia, um pistoleiro entrou na casa enquanto Wilson, desprevenido, assistia à novela com alguns companheiros.

Esse crime não passaria em branco. Em visita ao Acre logo depois do assassinato, o então presidente do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, fundava com Chico Mendes o partido no estado e aproveitava a ocasião para realizar um ato público contra o assassinato de Pinheiro. “Está na hora da onça beber água”, disse. A frase, na boca de Lula e também na de Chico Mendes, foi considerada um ato de incitação à violência e de subversão, ainda mais depois que um grupo de seringueiros executou o mandante do assassinato de Wilson Pinheiro.

“O curioso da história é que depois que o fazendeiro foi assassinado elaborou-se um inquérito policial de centenas de páginas, com a prisão temporária de 300 seringueiros”, conta o advogado Genésio Natividade, que trabalhava para os seringueiros no Acre por iniciativa do Instituto de Estudos Amazônicos, do Paraná. O clima de acirramento e a sensação de impunidade eram dificuldades a mais que punham à prova a liderança de Chico, considerado o sucessor de Pinheiro naquele momento. Ali, teve que exercer toda sua capacidade de articulação e criatividade para levar a luta além da execução de empates.

A resistência dos seringueiros continuou, deslocando seu epicentro para Xapuri, onde Chico Mendes era vereador, conta Gomercindo Rodrigues, um dos melhores amigos dele. Sul-matogrossense, ele se mudou para o Acre em 1983 como funcionário da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e se tornou assessor do movimento dos seringueiros, no qual atua até hoje, como advogado (agrônomo, ele cursou Direito para defender os trabalhadores rurais após a morte de Chico).

Ricardo Gebrim foi enviado ao Acre em 1988, recém-formado e a serviço da CUT, para estruturar o Departamento Nacional de Trabalhadores Rurais (DNTR) e cuidar principalmente das campanhas trabalhistas e sindicais dos trabalhadores rurais. Gebrim viu ali um forte quadro. “O Chico transitava muito bem entre as correntes, era muito bem articulado, muito inteligente, capaz, hábil e tinha muita percepção política. Ele era um dos únicos que possuía uma formação ideológica de esquerda, era uma referência para os outros ali”, descreve.

Ao mesmo tempo que participava da vida sindical e trabalhava junto a movimentos sociais, Chico atuava pela via institucional. Vereador eleito em 77 pelo MDB, mudou para o PT em 1981, candidatando-se pelo partido ao cargo de deputado estadual em 1982 e 1986 (em chapa junto com Marina Silva, candidata a deputada federal) e ao cargo de prefeito em 1988. Mesmo perdendo as eleições, tinha um bom trânsito dentro de seu segmento e de sua categoria, buscando e conseguindo todo tipo de apoio civil ao movimento, que avançava por diversos flancos. Um dos mais estratégicos certamente era o Projeto Seringueiro, que trabalhava com a alfabetização e a capacitação dos trabalhadores na área de contabilidade, para possibilitar a estruturação de cooperativas e fortalecimento econômico da atividade extrativista.

A facilidade de diálogo que Chico tinha naturalmente fez com que ele preparasse o grande salto para a organização local. A realização, em Brasília, do 1º Encontro Nacional dos Seringueiros, em 1985, propiciou avanços como a formação do Conselho Nacional da categoria, que passa a representar e articular os trabalhadores agroextrativistas, incorporando definitivamente a defesa da floresta como bandeira de luta.

A mesma ocasião também marca os primeiros passos da aliança dos povos da floresta, com a aproximação entre seringueiros e indígenas, antes inimigos históricos, resultando na idéia que nortearia o movimento a partir de então: a batalha pela instituição das reservas extrativistas. “Na preparação para o encontro nacional, em uma das reuniões, um seringueiro colocou a questão: por que eles não poderiam seguir um modelo de reserva semelhante ao dos indígenas? Daí surgiu a idéia da reserva extrativista”, conta o governador do Acre Binho Marques (PT), que conheceu Chico Mendes quando trabalhava como historiador no Projeto Seringueiro.

A reserva extrativista representava para os seringueiros do Acre a tradução da idéia de reforma agrária para o contexto local. Do modo que a redistribuição fundiária era discutida naquela época, com base no Estatuto da Terra, o modelo tornava-se totalmente inadequado para os trabalhadores rurais acreanos. De novo é o próprio Chico que explica o conceito. “A reserva extrativista é uma forma que nós descobrimos de se fazer uso racional da terra. Você pode plantar culturas permanentes, você pode continuar a extração da borracha, da castanha, de outros produtos extrativistas, inclusive aí se inclui também a questão das árvores medicinais e tanta riqueza que existe nessa mata. Pode-se usá-la e ela pode servir como uma forma de industrialização e se tornar uma região com um grande potencial econômico para o país.”

A forma de explicar as vantagens da reserva extrativista chamou a atenção de ambientalistas internacionais, convidados a participar do Encontro dos Seringueiros. Entre eles, estava o cineasta inglês Adrian Cowell, que passou a década de 80 praticamente inteira no Brasil, filmando em Rondônia a série de filmes sobre a chamada “década da destruição” na Amazônia. Conhecido de Robert Lamb, executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), o cineas­ta envolvido com ecologia foi um dos que viu, na idéia das reservas extrativistas, uma lâmpada se acender. “Era uma coisa muito simples – juntar a reserva indígena e a atividade extrativista; era impressionante ninguém ter pensado nisso antes”, avalia. A partir daí, quis filmar a proposta, tendo em Chico Mendes a figura central de seu documentário, que seria mais um da sua série.

Muito além do Acre

O documentário demoraria a sair, mas mesmo assim a luta local dos trabalhadores rurais alcançou uma dimensão internacional. Embora fosse praticamente ignorado pela imprensa brasileira – com raras exceções –, Chico Mendes conseguiu articular alianças importantes que asseguraram visibilidade para sua luta. É quase uma unanimidade que a proximidade dele com a antropóloga Mary Alegretti facilitou com que fossem feitas pontes com organizações, políticos e jornalistas estrangeiros.

A conexão estabelecida com o também antropólogo Steve Schwartzman, por meio de Mary, foi fundamental para diversos passos internacionais de Chico. Ainda mais no contexto da segunda metade da década de 80, quando a questão ambiental estava em ascensão e as práticas e bandeiras dos seringueiros já consistiam naturalmente na defesa de atividades sustentáveis, embora o termo somente fosse cunhado muito depois da primeira forte atuação dos trabalhadores para conter o desmatamento no Acre.

“O Chico não assimilou nenhum discurso ambientalista, o que aconteceu foi que os ambientalistas vinham falar como tinha que ser na floresta e os seringueiros diziam ‘nós já fazemos assim’. Então eles falavam ‘nossa, vocês são ecologistas’, e nós respondíamos ‘do que é que vocês estão nos xingando?!’”, lembra Gomercindo. “O que Chico assimilou foram os termos técnicos, que passou a usar mais nos discursos porque percebia que essa era uma forma de atrair mais e mais apoios e parcerias para o movimento”, completa o advogado.

Foi utilizando como base a argumentação ambientalista que Chico Mendes convenceu o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) a suspender o financiamento da construção do trecho da BR-364, que ligava Porto Velho (RO) a Rio Branco. Idealizada por Adrian Cowell e Steve Schwartzman, a ida de Chico Mendes à reunião do banco em Miami, em 1987, tinha como meta fazer chegar aos banqueiros um relato local de que as regras de controle ambiental para estabelecimento da estrada não estavam sendo respeitadas. O fato repercutiu, mas ainda mais que isso ganhou dimensão o fato de o Pnuma escolher o nome de Chico Mendes – indicado pelo cineasta inglês – para ser o premiado ao “Global 500” daquele ano, uma espécie de Nobel da ONU promovido na época. “Naturalmente, o posto de vencedor desse prêmio aguçou o interesse de muitos jornalistas na Europa, onde Chico Mendes ganhou bastante espaço de mídia”, relata Cowell.

De volta ao Brasil e ao Acre

No Brasil, como dizia Chico Mendes citando um bordão de esquerda, “a luta continuava”. E, no Acre, ela trazia mais desafios. Com a paralisação que ele conseguiu nas obras da rodovia, os especuladores acreanos estavam furiosos e faziam ecoar nos meios de comunicação locais que o líder seringueiro era responsável pelo “atraso” na região. Sua imagem era construída como a de um inimigo público, sendo visto como um obstáculo para os fazendeiros. E obstáculos, para alguns deles, não foram feitos para serem contornados, mas simplesmente eliminados.

As práticas contra os trabalhadores rurais já eram tradicionalmente violentas – o Acre pouco mudara desde antes do assassinato do pai de Wilson Pinheiro, dele próprio e de diversos outros integrantes dos sindicatos e movimentos dos trabalhadores rurais, que passaram a ser um alvo mais constante em 1988. Só naquele ano, houve um atentado de pistoleiros contra um acampamento de protesto na sede do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF, o atual Ibama), em que dois jovens foram feridos, um deles tendo ficado tetraplégico; uma morte de um líder mais religioso que sindical, Ivair Higino, em junho; e, em 11 de setembro, José Ribeiro, que havia saído de casa à noite para comprar algum produto de urgência para sua casa, também perdeu a vida. Para alguns integrantes dos movimentos, os crescentes ataques eram avisos de que a intenção era abater a liderança e todos se preocupavam com Chico Mendes.

“No começo de dezembro, quando o Chico estava no Rio, o Genésio conversou comigo e a idéia era fazermos de tudo para segurar o Chico por lá”, conta Gomercindo. “A gente sabia que, no fim do ano, só ficava o terceiro escalão das autoridades e que o tempo poderia ser muito propício para a consumação do assassinato”, lembra o advogado Genésio Natividade.

No entanto, ninguém conseguia impedir Chico Mendes de voltar e ficar no Acre. Um pouco pela obrigação de resistir, da esperança de que poderia se esquivar de atentados que, sabia, estavam certos (já havia escapado em outras seis oportunidades); um pouco pela saudade de casa, ele que era um homem que viajava muito mais do que gostaria e que, no fundo, não queria deixar sozinhos a esposa, Ilzamar, e os dois filhos pequenos, Elenira e Sandino [os nomes dos dois filhos mais novos de Chico Mendes eram intencionalmente os mesmos de guerrilheiros que Chico admirava – Elenira, guerrilheira do Araguaia, e Sandino, revolucionário nicaragüense.], ele fazia questão de estar em Xapuri a partir do seu aniversário de 44 anos, dia 15 de dezembro, até o Natal. “Ele dizia que depois do Natal ele topava sair do Acre”, conta Genésio.

No dia 22 de dezembro, com a família reunida para jantar, Chico resolveu tomar um banho antes de comer. Já estava escurecendo e, embora ele tivesse dois homens da polícia fazendo sua segurança particular, por causa das constantes ameaças que vinha sofrendo, nenhum deles se deu o trabalho de fazer uma diligência para se prevenir de tocaias, apesar de o próprio Chico ter constatado: “está escuro, os caras podem estar me atocaiando…”. Sem esperar atitude dos seguranças, resolveu ele mesmo pegar uma lanterna para sair até o banheiro, que era do lado de fora da casa. A lanterna não ajudou, e Chico foi pego exatamente assim, por um assassino preparando tocaia escondido entre as árvores, que disparou o tiro de espingarda na direção exata de seu coração. De acordo com depoimentos da viúva Ilzamar, Chico Mendes se voltou para dentro de casa, com o peito sangrando e as mãos na cabeça e, caminhando em direção ao quarto, ainda disse “puxa, os caras me acertaram”.

Um vizinho o socorreu e algumas pessoas se mobilizaram para arrumar um carro e levá-lo ao hospital. Em vão. Ele já estava morto. Enquanto isso, os seguranças haviam corrido para o lado contrário de onde tinha vindo o tiro e os policiais da delegacia que ficava a 50 metros da casa de Chico Mendes não se mexiam, como conta Gomercindo, que presenciou a comoção de parte das pessoas logo depois do assassinato.

Efeito reverso

Embora Chico Mendes tivesse avaliado que, enfim, seus inimigos haviam vencido, o que se viu a partir do dia seguinte foi o inverso da previsão feita em sua última entrevista, dada ao The New York Times e ao Jornal do Brasil . Ali ele raciocinava que só seria útil à Amazônia vivo, para articular as ações necessárias para o movimento. Como mártir, ele não resolveria nada. Queria era viver, apesar de saber que estava marcado para morrer.

Amigos de outras regiões do Brasil e do exterior, jornalistas de toda parte, ambientalistas e diversas pessoas, envolvidas com qualquer uma das bandeiras de Chico Mendes, foram para Xapuri em pleno feriado de Natal. Na missa de corpo presente e no enterro do líder, milhares de pessoas davam a prévia de que aquela morte, em especial, não passaria batida. A memória de Chico Mendes passaria a estar constantemente presente em todo o mundo.

Hoje, as idéias de Chico vivem, principalmente no Acre, que seu legado transformou em um lugar totalmente diferente do que era à época em que foi assassinado. E, embora sua causa esteja essencialmente ligada à questão ambiental, sua herança é bem mais ampla. Não era apenas “verde”, como podem querer fazer crer hoje, sonhava um sonho muito maior. “O Chico era um quadro político realmente diferenciado, uma figura comparável à do Lula”, avalia Ricardo Gebrim.

Vivo, hoje provavelmente ocuparia uma posição de destaque dentro do espectro da esquerda brasileira. “O Chico era acima de tudo um socialista, do fundo do coração”, atesta Gomercindo Rodrigues. Foi na casa do amigo, em 1988, que Chico deixou um bilhete, com a data fictícia de 6 de setembro de 2120, no qual imaginava uma futura revolução socialista mundial, que então completaria o seu primeiro centenário. E registrava: “aqui fica somente a lembrança de um triste passado de dor, sofrimento e morte”. Esse passado ainda não está superado, mas o caminho hoje é trilhado graças, em grande parte, à vida de Chico Mendes.
Revista Fórum

quinta-feira, 13 de março de 2014

Rapidinhas da Geografia ...


ONU recomenda o consumo de insetos

Um estudo da Food and Agriculture Organization (FAO), divisão das Nações Unidas que estuda a alimentação no mundo, defende a criação e o consumo de insetos como uma maneira de satisfazer a necessidade de proteína na dieta das pessoas, e com isso reduzir a produção de carne - que é responsável por aproximadamente 20% de toda a emissão global de CO2.
Revista Superinteressante

quarta-feira, 12 de março de 2014

Imagens do Universo 1

A Nebulosa Crab foi formada após a explosão de uma estrela supernova que ocorreu em 1054, segundo cientistas chineses Foto: NASA, ESA, J. Hester and A. Loll (Arizona State University)

Imagem do telescópio Hubble, que flagrou Júpiter e seu satélite natural, Ganimedes (canto direito)
Foto: NASA, ESA, and E. Karkoschka (University of Arizon


Delicada linha de gás que flutua misteriosamente em nossa galáxia. Resto de uma supernova que explodiu há mais de mil anos Foto: NASA, ESA, and the Hubble Heritage Team (STScI/AURA) Acknowledgment: W. Blair (Johns Hopkins University)



Imagem da Nebulosa Ring, visível pelo telescópio espacial Hubble da NASA, combinado com dados infravermelhos do
Telescópio Binocular do Arizona Foto: NASA, ESA, C.R. Robert O’Dell (Vanderbilt University), G.J. Ferland (University of Kentucky), W.J. Henney and M. Peimbert (National Autonomous University of Mexico) Credit for Large Binocular Telescope data: David Thompson (University of Arizona)

Imagem da Ásia e da Austrália à noite. Foto obtida pelo satélite Suomi NPP entre abril e outubro de 2012 Foto: NASA Earth Observatory


Gás de uma estrela caindo em um buraco negro. Uma parte do gás também está sendo expelida em alta velocidade no espaço Foto: NASA; S. Gezari, The Johns Hopkins University; and J. Guillochon, University of California, Santa Cruz

Esta foto do telescópio Hubble é de uma pequena região da imensa Nebulosa Carina Foto: NASA

O telescópio espacial Hubble revelou este majestoso disco de estrelas inserido em faixas de poeira, nesta imagem da galáxia espiral NGC 2841. O ponto central brilhante marca o núcleo da galáxia. Espiralando para fora, estão faixas de poeira que são mostradas em contraste à população de estrelas de meia-idade já esbranquiçadas. As estrelas azuis, muito mais jovens, traçam os braços espirais
Foto: NASA

Cygnus X hospeda muitas jovens estrelas. A radiação ultravioleta de inúmeras estrelas de grande massa da região têm aquecido a galáxia, produzindo cavidades. Nesta imagem de infravermelhos, os pontos brilhantes mostram onde as estrelas estão se formando Foto: NASA/IPAC/MSX
http://noticias.r7.com

segunda-feira, 10 de março de 2014

Entenda por que Ucrânia e Rússia brigam pelo controle da Crimeia

O território da Crimeia está no centro da atual disputa entre a Ucrânia e a Rússia que ameaça a segurança mundial.

Entenda a crise:

OS PROTESTOS

Os problemas começaram em novembro, quando multidões começaram a ir às ruas da capital ucraniana, Kiev, para pressionar o então presidente ucraniano, Viktor Yanukovich, a fechar um acordo comercial com a União Europeia em detrimento de um com a Rússia.

Yanukovich, que é de etnia russa e só aprendeu a falar ucraniano na vida adulta, porém, acabou dando as costas à UE e fechando com Moscou, que lhe prometeu um pacote de ajuda financeira incluindo um empréstimo bilionário e desconto no preço do gás natural.

O movimento se fortaleceu diante da derrota e ocupou a Prefeitura de Kiev e a Praça da Independência. O governo reagiu com violência e prisões arbitrárias, além de uma lei que proibia o uso de capacetes, a reunião de grupos de mais de cinco pessoas e a ocupação de prédios públicos.

Os manifestantes reagiram com força dobrada.
Vasily Fedosenko/Reuters
Manifestantes antigoverno incendeiam barricadas na Praça da Independência, em Kiev


TROCA

No fim de fevereiro, governo e oposição assinaram um acordo de paz que, no entanto, não durou 24 horas. Yanukovich deixou o país, e um governo interino pró-UE assumiu o poder.

O Ocidente reconheceu a troca, mas o governo russo viu nela um golpe de Estado. Com base nisso, alegou que havia ameaça aos cidadãos de etnia russa que vivem na Crimeia e foi, aos poucos, tomando o controle da área.
Maxim Shemetov/Reuters
O presidente deposto da Ucrânia Viktor Yanukovich


CRIMEIA

Das cerca de 2 milhões de pessoas que moram naquela península, mais da metade se considera de origem russa e, inclusive, fala russo no dia a dia.

Simferopol é a capital da Crimeia, onde fica o Parlamento, e Sebastopol é a sede da poderosa Frota do Mar Negro, que pertence à Rússia.

Isso não surpreende, já que a Crimeia foi transferida à Ucrânia pela União Soviética só em 1954, e a Ucrânia em si se tornou independente só em 1991.

Na verdade, a Crimeia resume uma divisão política e cultural que acontece em toda a Ucrânia. O leste do país tende a ser pró-Rússia e o oeste, pró-UE. Isso se reflete, por exemplo, nos resultados das eleições. A maioria dos votos de Yanukovich saiu do leste.

Editoria de Arte/Folhapress





Editoria de Arte/Folhapress



GÁS

Cerca de 80% das exportações russas de gás para a Europa passam pela Ucrânia, e a Europa importa da Rússia cerca de um terço do gás que consome

Os gasodutos mais importantes são aqueles que levam à Eslováquia e, depois, à Alemanha, à Áustria e à Itália, e existe a preocupação de que uma guerra atrapalhe o abastecimento.
Zurab Kurtsikidze/Efe
Soldados ucranianos observam navio de guerra russo em Sebastopol


HISTÓRIA

No século 18, a Crimeia foi absorvida pelo império russo, e a base da Frota do Mar Negro foi fundada.

Entre 1853 e 1856, mais de 500 mil pessoas morreram na Guerra da Crimeia entre a Rússia e o Império Otomano, o último apoiado pelo Reino Unido e França. O conflito resultou em uma virada no quadro diplomático da Europa, e serviu como precursor da Primeira Guerra.

Em 1921, a península, então povoada principalmente por tártaros adeptos do islamismo, se tornou parte da União Soviética. Os tártaros foram deportados em massa pelo líder soviético Joseph Stálin, no final da Segunda Guerra, por supostamente colaborarem com os nazistas.

Em 1954, a Crimeia foi transferida à Ucrânia, outra república soviética, por decisão de Nikita Khrushchev, sucessor de Stálin e ucraniano. 
 Folha de S. Paulo

Notícias Geografia Hoje

Parar com o desmatamento é bom para os negócios
Reduzir a derrubada de árvores também pode impulsionar lucros, diz CEO da Unilever

Sebastian Derungs/World Economic Forum/Wikimedia Commons
Paul Polman, CEO da Unilever, Reino Unido, fala durante a sessão “Perspectiva do Desenvolvimento Gliobal”, na Reunião Anual 2013 do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, em 24 de janeiro de 2013

  Tiffany Stecker e ClimateWire

Negócios são a solução para o progresso ambiental e não seu inimigo, declarou o presidente de uma das maiores corporações do mundo.

Na noite de 11 de fevereiro, Paul Polman, CEO da Unilever, recebeu o prêmio 2013 de “Compromisso com o Desenvolvimento ‘Ideias em Ação’” conferido pelo Centro para o Desenvolvimento Global, [uma “usina de ideias” (tink tank, em inglês) sem fins lucrativos, com sede em Washington, D.C]. Na ocasião, a Unilever foi reconhecida por seu trabalho na redução do desmatamento por meio de sua exploração sustentável de dendezeiros (ou palmeiras-de-óleo-africanas) e produtos de papel e celulose.

“Primeiro, e antes de tudo, sou um homem de negócios, não posso negar isso”, declarou Polman, em seu discurso de aceitação. Como a maioria dos líderes empresariais, ele se destaca em rastrear progresso e medir sucesso, ferramentas importantes tanto para construir uma empresa bem-sucedida quanto para erradicar a causa da degradação ambiental.

“Do contrário é impossível avançar as coisas e acredito que essa é uma dessas coisas nas quais empresas são boas”, acrescentou.

Proprietária de marcas como Ben & Jerry’s, Dove e maionese Hellmann’s, a Unilever extraiu com sucesso 100% do seu óleo de palma de fontes sustentáveis certificadas três anos antes do previsto, de acordo com o relatório anual 2012 da empresa. Só a Unilever compra cerca de 3% da produção global de óleo de palma. A companhia estabeleceu como meta rastrear 100% do produto até as plantações de origem até 2020.

Polman não apenas demonstrou liderança nessa questão através da Unilever, mas também por meio de seu trabalho no Fórum de Bens de Consumo e na Tropical Forest Alliance, grupos industriais cujos membros se comprometeram a explorar fontes sustentáveis de materiais.

“O capitalismo”, discursou Polman, tem sido “uma enorme força positiva nesse mundo”.

Mas o colapso financeiro de 2008 também mostrou as limitações do capitalismo para ajudar a sociedade. Dívidas imensas, agravadas pelo consumo excessivo,deixaram grande parte da população mundial marginalizada e ignoraram o “capital natural”, ou o valor dos ecossistemas.

Tirando vantagem da escala

A empresa arrecada cerca de US$ 67 bilhões em receitas anuais. É essa dimensão e escala que lhe permitiram influenciar a política do desmatamento.

“Tome a Unilever como exemplo: temos 2 bilhões de consumidores que nos usam todos os dias; estamos presentes em sete de cada 10 domicílios globalmente”, exemplificou Polman. “Se você tem essa escala e esse alcance, isso é uma imensa possibilidade de transformar os mercados”.

O óleo de palma pode ser encontrado em uma variedade de alimentos, produtos de higiene pessoal, como sabonetes, e biodiesel. Sua rápida expansão, impulsionada pela crescente demanda mundial de alimentos e combustíveis, tem sido associada a um vasto desmatamento no Sudeste Asiático, fonte de aproximadamente 85% de todo o óleo de palmas. Cerca de 10% das emissões globais de carbono estão ligadas ao desmatamento.

Nas duas últimas décadas, a área de plantações de palmas de óleo expandiu quase oito vezes só na Indonésia de acordo com um recente relatório do Serviço de Agricultura Estrangeira do Departamento de Agricultura. Os produtores têm sido acusados de desmatar florestas nativas, remover o habitat de espécies ameaçadas e violar os direitos de habitantes florestais.

A Unilever também desempenhou um papel-chave no recente acordo da comerciante gigante de óleo de palma Wilmar para adotar uma política de não-desmatamento, que proíbe seus fornecedores de estabelecer plantações em terras com grandes quantidades de carbono, como solos de turfeiras, ou em terras com um alto valor de conservação (ver ClimateWire, 8 de dezembro de 2013 [em inglês]). A Wilmar controla aproximadamente 45% do mercado de óleo de palma.

Tornando todo desmatamento “ilegal”

“O compromisso da Wilmar estabelece um novo padrão global para a indústria e cria novos círculos eleitorais no setor privado em prol de políticas melhores de uso da terra e uma aplicação de leis aprimoradas em países ricos em florestas”, opinou Frances Seymour. Ela é uma fellow sênior do Centro para o Desenvolvimento Global e especialista em política florestal. “As ações do Sr. Polman nos dão esperança de que a transformação do mercado pode ser alcançada e que podemos por fim ao desmatamento tropical”.

Polman organizou um programa de assistência com empresas que, juntas, são responsáveis por 10% do produto interno bruto global.

“Entre CEOs, Polman é visto como a pessoa certa a ser procurada para assumir a liderança da sustentabilidade”, explicou Glenn Hurowitz, um militante em prol do óleo de palma e diretor executivo do grupo de assessoria de sustentabilidade Catapult. Ele “sabe como usar o poder de compra, alavancagem e influência da Unilever para ajudar a transformar, na íntegra, as cadeias de fornecimento de algumas das matérias-primas (commodities) mais ambientalmente intensivas do mundo”.

A linguagem é fundamental para gerar uma resposta. Polman desenvolveu o hábito de usar a palavra “ilegal” na frente de desmatamento.

“A razão pela qual (o desmatamento) é ilegal é porque tudo o que fazemos agora não pode ser revertido, e ao denominá-lo ilegal convenço muito mais pessoas a concordar comigo”, admitiu.

“Ainda há algo em nossa humanidade, em nossos valores, que é não gostarmos de fazer coisas ilegalmente. Deveríamos ter chamado tudo isso ‘mudança climática ilegal’ e teríamos resolvido o problema”.

Polman está ansioso para que outros grandes comerciantes de óleo de palma assumam compromissos semelhantes aos da Wilmar.

“Se conseguirmos fazer com que a Sime Darby, a Sinar Mas ou a Cargill, ou uma ou duas outras se unam a nós, teremos 70% e isso é um ponto de virada”, ponderou, citando alguns dos maiores comerciantes depois da Wilmar. “Reitero, mais uma vez, que se não fizermos isso, nosso negócio estará em jogo”.

Reproduzido do site ClimateWire com permissão da Environment & Energy Publishing, LLC. www.eenews.net, 202-628-6500
Scientific American Brasil

Notícias Geografia Hoje

França tenta proibir milho geneticamente modificado
O governo francês tenta instituir proibição após tribunal derrubar medidas semelhantes duas vezes

Tim UR/shutterstock


PARIS (Reuters) – Na segunda-feira, a França publicou um decreto para evitar a plantação de milho geneticamente modificado como medida provisória, enquanto o governo trabalha em mudanças na lei nacional e europeia para garantir uma proibição de longo prazo.

O governo francês, que sustenta que plantações geneticamente modificadas apresentam riscos ambientais, está tentando instituir uma nova proibição sobre o milho geneticamente modificado após um tribunal superior derrubar medidas semelhantes duas vezes.

Mas em uma ação surpreendente, o Senado francês rejeitou a proposta de uma lei de proibição nacional para plantações de milho geneticamente modificado, com a maioria dos senadores adotando uma posição de inadmissibilidade, alegando que a tentativa é inconstitucional.

O decreto de segunda-feira foi planejado para entrar em vigor a tempo de evitar a plantação de mais milho geneticamente modificado por parte dos agricultores, antes da criação de uma lei que proíbe a plantação de organismos geneticamente modificados (OGMs).

Após a rejeição no Senado, uma nova tentativa de passar uma lei nacional proibindo a plantação de OGMs precisaria ser enviada para a outra Casa, onde o partido governante tem uma maioria evidente.

De acordo com o governo, esse decreto entraria em vigor após um período de consultas de três semanas, que vai até 9 de março. A plantação anual de milho na França começa na segunda metade daquele mês.

“Isso evitará o período de plantação do milho modificado”, declarou um porta-voz do ministério da agricultura.

O atual governo socialista, assim como o governo conservador anterior, se opõe à plantação de safras geneticamente modificadas devido à desconfiança do público e a vários protestos de ambientalistas.

Atualmente, apenas uma variedade de OGMs tem autorização para cultivo na União Europeia – o milho resistente a insetos MON810, da Monsanto. Uma espécie de batata geneticamente modificada foi liberada pela Comissão Europeia, mas logo foi proibida por um tribunal.

Diferenças que existem há muito tempo entre países da União Europeia ressurgiram na semana passada quando essas nações não concordaram em aprovar outra variedade de milho geneticamente modificado, o Pioneer 1507, desenvolvido pela DuPont e pela Dow Chemical, deixando o caminho aberto para que a Comissão da União Europeia permita seu cultivo.

Agora a França está tentando conseguir apoio para mudar as regras da União Europeia.

A França foi um dos 12 países que assinaram uma carta na semana passada alertando a Comissão contra a aprovação do Pioneer 1507. O país também tentará chegar a um acordo comum com a Alemanha durante uma reunião conjunta de gabinetes em Paris, na quarta-feira.

“Nós precisamos fornecer uma estrutura jurídica para os países que não querem a plantação de milho geneticamente modificado”, declarou Stephane Le Foll, Ministro da Agricultura da França durante uma entrevista à rádio France Inter, no domingo.

(Reportagem por Gus Trompiz, Sybille de La Hamaide, Valerie Parent e Emile Picy; editado por Jane Baird e G Crosse)
Scientific American Brasil

sábado, 8 de março de 2014

Notícias Geografia Hoje

Cientistas da Ucrânia pedem união acadêmica em prol da paz
Pedem ainda que a comunidade acadêmica mundial ajude a preservar a paz e a integridade do país

Wikimedia Commons,

Dina Fine Maron

A agitação política que vem reverberando por toda a Ucrânia levou seus principais cientistas a emitir um apelo de paz.

Desde a escalada da crise, no início de março, depois que a Rússia se mobilizou para estabelecer controle sobre a península da Crimeia, no sul da Ucrânia onde predomina largamente o idioma russo, o conflito vem alimentando temores de se transformar em uma ação militar entre a Federação Russa e o Ocidente.

Enquanto os Estados Unidos e muitos países europeus pressionam Moscou a reduzir suas tropas na Crimeia, a Academia Nacional de Ciências da Ucrânia (ANCU) publicou uma carta pedindo paz e contenção russa, e apoio da comunidade acadêmica internacional.

A ANCU tem 95 anos e está em importantes centros científicos espalhados pelo país, inclusive na Crimeia. Ao longo de toda a sua história “acadêmicos de suas instituições nunca se dividiram de acordo com o princípio territorial, nem admitiram qualquer discriminação com base em motivos étnicos, linguísticos ou religiosos”, a organização salientou em seu apelo datado de 3 de março.

“Agora todos nós temos que nos unir e, ao unificarmos nossos esforços, impedir o contínuo agravamento da situação social e política, o derramamento de sangue e uma divisão do país. Todos os cientistas ucranianos, todos os nossos compatriotas, tanto faz se eles vivem no Norte, no Sul, no Leste ou no Oeste, devem permanecer unidos para alcançar o objetivo de toda a nação ucraniana — viver no país onde a paz domina, onde os direitos e as liberdades de cada pessoa são respeitados”, declarou a carta, pedindo ao povo russo que não permita o uso de armas.

“Nesse momento crucial da história do nosso país apelamos à comunidade acadêmica mundial para que faça todos os esforços necessários para preservar a paz e a integridade territorial da Ucrânia”, acrescentou o texto da carta.

O documento foi assinado por seis graduados membros da instituição, inclusive seu presidente de longa data, o cientista metalúrgico e de materiais Borys Paton, e um de seus vice-presidentes, o físico Anton Naumovets.

Leia o texto original da carta abaixo:

Apelo da Academia Nacional de Cientistas da Ucrânia a todos os cidadãos da Ucrânia e da Federação Russa

Neste momento difícil e crucial na vida de nossa Pátria Mãe, causado tanto por uma crise política interna, como por uma ameaça estrangeira à sua segurança e integridade territorial, a Academia Nacional de Ciências da Ucrânia apela a seus acadêmicos e a todos os cidadãos da Ucrânia e da Rússia para que preservem a paz e a tranquilidade, para evitar conflitos e a agravação dos confrontos.

Cientistas da ANC [Academia Nacional de Ciências da Ucrânia] trabalham com dedicação em todas as regiões da Ucrânia, fazendo sua contribuição para o estabelecimento e o progresso do Estado ucraniano. Além de Kiev, nossa Academia tem importantes centros científicos em Dnipropetrovsk, Donetsk, Crimeia, Lviv, Odessa e Kharkiv, que integram a pesquisa e o potencial educacional de todo o país. Durante todos os 95 anos de história da Academia, acadêmicos de suas instituições nunca se dividiram de acordo com o princípio territorial, nem permitiram qualquer discriminação por motivos étnicos, linguísticos ou religiosos.

E agora todos nós temos que nos unir e, ao unirmos esforços, evitar o contínuo agravamento da situação social e política, do derramamento de sangue e de uma divisão do país. Todos os cientistas ucranianos, todos os nossos compatriotas — independente de viverem no Norte, no Sul, no Leste ou no Oeste — devem permanecer unidos para realizar o objetivo de toda a nação ucraniana que é viver em um país onde domina a paz e onde os direitos e as liberdades de cada pessoa são respeitados.

A Academia Nacional de Ciências da Ucrânia tem relações frutíferas e de longa duração com acadêmicos da Academia de Ciências Russa e de outras instituições científicas da Rússia. Há mais de 20 anos nossas academias iniciaram, juntas, o estabelecimento da Associação Internacional de Academias de Ciências — a organização que combinou os esforços de cientistas de todos os países da Comunidade de Estados Independentes (CEI) da Federação Russa para manter e promover laços acadêmicos tradicionais para a benefício de nossas nações.

Apelamos aos nossos colegas e amigos na Academia de Ciências Russa, a todos os acadêmicos da Federação Russa para que façam todo o possível para uma resolução pacífica da situação. Apelamos ao povo russo, que sempre consideramos fraternal, que não permita o uso de armas. Raízes comuns, uma em história comum e o desejo comum de viver como bons vizinhos são nossa meta suprema. Valores que precisamos proteger.

Neste momento crucial da história de nosso país apelamos a toda a comunidade mundial de acadêmicos para que ela faça todos os esforços necessários para preservar a paz e a integridade territorial da Ucrânia.

Presidente
Academia Nacional de Ciência da Ucrânia
Acadêmico da ANC da Ucrânia e da RAS (Academia de Ciências Russa) B. Paton

Vice-Presidente
Academia Nacional de Ciência da Ucrânia
Acadêmico da ANC da Ucrânia A. Naumovets

Vice-Presidente
Academia Nacional de Ciência da Ucrânia
Membro Estrangeiro da RAS V. Pokhodenko

Vice-Presidente
Academia Nacional de Ciência da Ucrânia
Acadêmico da ANC da Ucrânia e da RAS,
Membro estrangeiro da RAS V. Heyets

Vice-Presidente
Academia Nacional de Ciência da Ucrânia
Acadêmico da ANC da Ucrânia,
Membro Estrangeiro da RAS A. Zagorodny

Secretário Científico Chefe
Academia Nacional de Ciência da Ucrânia
Acadêmico da ANC da Ucrânia V. Machulin

Sobre a autora: Dina Fine Maron é editora associada para saúde e medicina da Scientific American. Siga-a no Twitter em @Dina_Maron.
 Scientific American.Brasil

Notícias Geografia Hoje


Projeto de energia nuclear da Georgia recebe ajuda federal
Garantias de empréstimos encaram esperanças cada vez menores de um renascimento da indústria

NRC/Wikimedia Commons
LEGENDA: Duas novas usinas nucleares estão sendo construídas no projeto Vogtle, na Georgia.
Créditos: Georgia Power Company

Lauren Morello e revista Nature

Em 19 de fevereiro, o Departamento de Energia dos Estados Unidos declarou ter aprovado US$6,5 bilhões em garantias de empréstimos para o projeto nuclear Vogtle, de US$14 bilhões, nas proximidades de Waynesboro, Georgia. Os dois reatores receberam aprovação regulamentar em 2012 – os primeiros novos reatores dos Estados Unidos em aproximadamente 30 anos.

O anúncio veio enquanto o secretário de energia, Ernest Moniz, reiterava o apoio da administração Obama à energia nuclear como parte de sua estratégia energética de usar todas as opções possíveis para reduzir a dependência do petróleo estrangeiro, e como forma de ajudar a reduzir as emissões de gases estufa dos Estados Unidos. “O presidente quer deixar claro que ele vê a energia nuclear como parte de seu portifólio livre de carbono”, declarou Moniz.

Esses são tempos difíceis para a indústria nuclear dos Estados Unidos, que enfrenta forte competição por parte do gás natural e da energia renovável em algumas regiões. Pressões de mercado levaram ao fechamento de usinas nucleares em Vermont e Wisconsin no ano passado, e preocupações com segurança e confiabilidade fizeram com que usinas na Califórnia e na Flórida fossem desativadas. Além dos dois reatores em construção no local do Vogtle, apenas outros dois foram aprovados no país, na Carolina do Sul. Projeções da Administração de Informações Energéticas dos Estados Unidos publicadas em dezembro sugerem que a geração de energia nuclear para eletricidade crescerá 5% de 2012 a 2040, mesmo que sua fatia do mercado elétrico deva cair de 19% para 16%.

“Empresas de utilidade pública estão se comportando de maneira muito conservadora no momento”, observa Doug Vine, membro sênior do Centro de Soluções Climáticas e Energéticas em Arlington, na Virginia. Mas ele também aponta que esse comportamento não é tão pronunciado em estados com mercados energéticos regulados, como a Georgia e a Carolina do Sul, onde é possível estabelecer taxas que permitem a operadoras energéticas recuperar os altos custos de capital de usinas nucleares direto dos consumidores.

Em outras partes do país, o trabalho do Departamento de Energia para acelerar um renascimento nuclear parece ter fracassado. Apenas alguns projetos nucleares se inscreveram no programa de garantias de empréstimos do Departamento de Energia, que começou em 2005, quando apoiadores anteciparam uma explosão na demanda por energia nuclear. O programa permite até US$17,5 bilhões em garantias em que o governo assume a dívida se o devedor não pagar. “Isso provavelmente encerrará a história que começou em 2005”, prevê Edwin Lyman, cientista sênior da Union of Concerned Scientists (União de Cientistas Preocupados), em Washington capital. “Isso é mais ou menos o fim, não o início”.

Este artigo foi reproduzido com permissão da revista Nature.

O artigo foi publicado pela primeira vez em 20 de fevereiro de 2014.
Scientific American Brasil

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