domingo, 10 de março de 2013

Países emergentes quase alcançam G7 em patentes


RAFAEL GARCIA
EM WASHINGTON
 Folha de São Paulo

Os países do grupo dos Bricks, as cinco maiores economias emergentes do mundo, já têm uma produção científica na mesma escala de grandeza da dos países do G7, as sete nações desenvolvidas mais influentes.

Há 20 anos, a ciência de Brasil, Rússia, Índia, China e Coreia do Sul tinha menos de um décimo do tamanho daquela mostrada pelos países mais ricos do mundo.

Hoje, a publicação científica desses emergentes é um pouco menos da metade daquela do G7, e o número de patentes registradas já quase se iguala aos de EUA, Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Japão e Canadá.

Os dados são da divisão científica da multinacional de mídia Thomson Reuters, que produziu um relatório analisando a produção científica dos Bricks -incluindo o "K", de Coreia do Sul em inglês.

O levantamento mostra que a ciência e a inovação desses países cresce não apenas em quantidade, mas também em qualidade.
Editoria de Arte/Folhapress

PESQUISA E INOVAÇÃO Produção de ciência e patentes dos países emergentes está se igualando à das nações mais ricas


"Vemos agora uma divisão mais equitativa da participação na ciência", diz David Pendlebury, um dos autores do relatório. "Parte disso é consequência da globalização, mas é algo que também está ocorrendo na ciência de ponta. Nas próximas décadas, não nos surpreenderemos se mais prêmios Nobel forem concedidos à Asia e à América do Sul."

A participação dos Bricks na ciência de alta qualidade foi avaliada pelo número de citações de estudos científicos. "Fizemos uma busca por estudos que, para seu ano de publicação, estiveram no grupo dos 1% mais citados de suas áreas", explica Pendlebury. "Durante a última década, o numero desses estudo triplicou no Brasil."

O aumento em números absolutos (de 56 para 168, entre 2002 e 2011) ainda é pequeno comparado à participação de gigantes como EUA e Reino Unido na elite científica. Mas esses estudos cresceram proporcionalmente no Brasil, indo de 0,42% da produção nacional a 0,50% -um aumento apreciável quando se trata de um grupo tão seleto de trabalhos.

SINGULAR

O Brasil se destaca dos outros Bricks quando se analisam os campos da ciência que puxam o aumento da produtividade. "Nos 'Ricks', a física, a química, a engenharia e a ciência de materiais são as áreas líderes, mas no Brasil, que é uma 'economia de conhecimento natural', quem lidera o caminho são as ciências biológicas e ambientais", afirma o documento.

Segundo Pendlebury, isso pode se dever ao fato de o Brasil ter um programa de investimento em ciência menos aplicado a metas de produção industrial, como ocorre na Coreia do Sul e na China.

Nesses países, o esforço científico é mais concentrado em áreas determinadas pelo Estado.

Apesar de não ter um governo tão "interventor" na ciência, porém, o Brasil é um dos países onde o setor privado menos aproveita o espaço para investimento. Enquanto na China as empresas contribuem com três quartos da fatia, no Brasil o setor privado concede apenas metade.

"Os baixos gastos corporativos com pesquisa e desenvolvimento no Brasil parecem uma anomalia", diz o relatório. Segundo o documento, a causa pode ser o nível alto de investimento público, especialmente por meio do apoio pelo regime de impostos na região de São Paulo.

Essa menor participação privada tem efeito no número de patentes registradas pelo Brasil, bem menor que os de outros emergentes (em 2011, foram registradas pouco mais de 20 mil patentes no país contra 170 mil da Coreia do Sul e 400 mil da China).

Para Pendlebury, isso parece preocupante em termos do retorno financeiro do investimento em ciência. Mas a escala do problema pode não ser tão grande quanto parece. "A China e a Coreia do Sul provavelmente estão exagerando no patenteamento."

Editoria de Arte/Folhapress
PESQUISA E INOVAÇÃO Produção de ciência e patentes dos países emergentes está se igualando à das nações mais ricas
PESQUISA E INOVAÇÃO Produção de ciência e patentes dos países emergentes está se igualando à das nações mais ricas  

Geleiras do Ártico canadense podem estar sofrendo derretimento sem volta, diz estudo

DA REUTERS
As geleiras canadenses, terceiro maior depósito de gelo depois da Antártida e da Groenlândia, podem estar sofrendo um derretimento sem volta que deve aumentar o nível do mar, afirmaram cientistas nesta quinta (7).

Cerca de 20% das geleiras no norte do Canadá podem desaparecer até o fim do século 21, num derretimento que pode acrescentar 3,5 cm aos nível do mar.

Reuters

Geleira canadense fotografada por avião da Nasa em 2011


"Acreditamos que a perda de gelo é irreversível no futuro próximo", escrevem os pesquisadores na revista "Geophysical Research Letters"

A tendência parece irreversível, dizem os autores, liderados por Jan Lenaerts, da Universidade de Utrecht, porque o derretimento de geleiras brancas exporia a tundra escura que tende a absorver mais calor e acelerar o derretimento.

O painel do clima da ONU estima um aumento do nível do mar entre 18 cm e 59 cm neste século, ou mais se a cobertura de gelo da Antártida e da Groenlândia começarem a derreter mais rápido.

A projeção de perda de 20% do volume de gelo no Canadá se baseou em um cenário com aumento de temperatura médio de 3ºC neste século e de 8ºC no Ártico canadense, dentro das previsões da ONU. 
Folha de São Paulo

Terra se aproxima de maiores temperaturas em 11 mil anos

 
SALVADOR NOGUEIRA

Um novo estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Estadual do Oregon e da Universidade Harvard, ambas nos EUA, reconstruiu a temperatura média da Terra nos últimos 11,3 mil anos para compará-la aos níveis atuais.

A boa notícia: a Terra hoje está mais fria do que já esteve em sua época mais quente desse período. A má: se os modelos dos climatologistas estiverem certos, atingiremos um novo recorde de calor até o final do século.

O trabalho, publicado na revista "Science", reuniu dados de 73 localidades ao redor do mundo para estimar a temperatura global (e local) no período geológico conhecido como Holoceno, que começou ao final da última era do gelo, há 11 mil anos.

Depois de consolidar todas as informações, em sua maioria provenientes de amostras de fósseis em sedimentos oceânicos, num único quadro --além de usar técnicas matemáticas para preencher os "buracos" encontrados nas diversas fontes usadas para estimar a temperatura no passado--, os cientistas puderam recriar uma "pequena história da variação climática da Terra".

Diz-se pequena porque os resultados não permitem enxergar a variação ocorrida em uns poucos anos. É como se cada ponto nos dados representasse a temperatura em um período de 120 anos.

Editoria de arte/Folhapress




A HISTÓRIA


Os dados confirmam uma velha desconfiança dos cientistas: a de que a Terra passou por um período de aquecimento que começou cerca de 11 mil anos atrás. Em 1,5 mil anos, o planeta esquentou cerca de 0,6ºC e assim se estabilizou, durante cerca de 5.000 anos.

Então, 5,5 mil anos atrás, começou um novo processo de esfriamento --que terminou há 200 anos, com o que ficou conhecido como a "pequena era do gelo". O planeta ficou 0,7ºC mais frio.

Entram em cena a industrialização acelerada e o século 20. O planeta volta a se esquentar. No momento, ele ainda não bateu o recorde de temperatura visto no início do Holoceno, mas já está mais quente que em 75% dos últimos 11 mil anos.

Assim, o estudo confirma que a temperatura da Terra está subindo em tempos recentes e mostra que a subida é muito mais rápida do que se pensava.

"Essa pesquisa mostra que já experimentamos quase a mesma faixa de mudança de temperatura desde o início da Revolução Industrial que foi vista nos 11 mil anos anteriores da história da Terra --mas essa mudança aconteceu muito mais depressa", comenta Candace Major, diretor da divisão de Ciências Oceanográficas da Fundação Nacional de Ciência dos EUA, que financiou o estudo.

Por outro lado, a baixa resolução temporal do estudo (é impossível distinguir efeitos de poucos anos) dificulta a comparação com o atual fenômeno de aquecimento.

Para a mudança climática atual se tornar relevante na escala de tempo analisada pelo modelo de reconstrução dos últimos 11 mil anos, ela precisa continuar no próximo século. Segundo os modelos do IPCC (Painel Intergovernamental para Mudança Climática), da ONU, é isso que vai acontecer.

Contudo, ainda há incertezas sobre a magnitude do fenômeno. De toda forma, mesmo pelas estimativas mais otimistas, quando chegarmos a 2100, se nada for feito, provavelmente estaremos vivendo o período mais quente dos últimos 11 mil anos. 
Jornal Folha de S. Paulo

sábado, 9 de março de 2013

Mudanças climáticas precipitaram a Primavera Árabe

Os efeitos do clima sobre a oferta de alimentos exacerbaram tensões no Oriente Médio

Nasser Nouri/Flickr

 
 A região do Oriente Médio e do Norte da África é extremamente vulnerável a flutuações no fornecimento e preço de alimentos.

  Ines Perez e ClimateWire

Se a Primavera Árabe nos ensinou alguma coisa é que efeitos da mudança climática podem servir como estressantes, contribuindo para instabilidade e conflitos regionais, apontam especialistas.

Em um relatório publicado na semana passada, pesquisadores do Centro para o Progresso Americano, do Centro para o Clima e a Segurança, e do Centro Stimson examinaram o papel das mudanças climáticas nas revoltas do Oriente Médio em 2010 e 2011. Observando tendência de longo prazo na chuva, em plantações, preços de alimentos e migrações, eles conseguiram determinar a contribuição desses fatores para a instabilidade social na região.

De acordo com o relatório: “A Primavera Árabe provavelmente ocorreria de uma forma ou de outra, mas o contexto em que ela surgiu não é inconsequente. O aquecimento global pode não ter provocado a Primavera Árabe, mas pode tê-la feito chegar mais cedo”.

As regiões do Oriente Médio e do Norte da África são extremamente vulneráveis a flutuações no fornecimento e preços de alimentos. De acordo com o relatório, poucas terras aráveis e suprimentos hídricos escassos, fazem da região uma das principais importadoras de alimentos do mundo.

Em 2010, secas na Rússia, Ucrânia, China e Argentina, e tempestades torrenciais no Canadá, na Austrália e no Brasil – todos grandes produtores de trigo e grãos – diminuíram consideravelmente as safras globais, aumentando os preços de commodities. A região já estava lidando com tensões sociopolíticas, econômicas e climáticas. A crise global de alimentos em 2010 tornou tudo mais difícil.

Mas o problema aqui é muito maior. Devido à globalização, eventos climáticos regionais podem ter uma extensão global. Além disso, de acordo com o relatório, cenários em que eventos climáticos se desdobram em mudanças econômicas e políticas têm maior probabilidade de se repetir conforme a instabilidade climática, populações cada vez maiores e competição por recursos perturbam a estabilidade nacional.

Colapso nacional se torna ameaça à segurança

De acordo com Michael Werz, pesquisador sênior do Centro para o Progresso Americano e um dos autores do relatório, o argumento aqui é que existem vários sintomas – como escassez de alimentos, racionamento de água, fracasso de safras, migração e urbanização rápida – forçando os limites do que uma sociedade é capaz de suportar antes de explodir.

“Isso está levando muitas sociedades ao limite, especialmente as que têm um estado fraco”, declara Werz.

No lançamento do relatório sobre a Primavera Árabe e a mudança climática, Werz e outros especialistas em relações exteriores discutiram os desafios da mudança climática para a estabilidade global – particularmente em termos de segurança alimentar e hídrica, e migração – e como os Estados Unidos precisam repensar sua política externa para incorporar esses desafios sem fronteiras.

“Nós fomos de um mundo conectado para um mundo interconectado, e de um mundo interconectado para um mundo interdependente”, observou Tom Friedman, colunista de relações internacionais do New York Times. “Quando o mundo é tão interdependente, o fracasso de seus rivais é muito mais perigoso que o sucesso de seus rivais”, lembrou ele.

De acordo com Friedman, a política externa dos Estados Unidos está tão presa ao modelo da Guerra Fria – competição estratégia entre superpotências – que está se esquecendo do verdadeiro problema de segurança do mundo atual.

“Não estamos preocupados com o Egito se tornar um aliado da União Soviética; estamos preocupados com um colapso egípcio que, em um mundo interdependente, é uma ameaça”, apontou Friedman.

Em um artigo de 2011 para o The Atlantic, a ex-diretora de Planejamento Político do Departamento de Estado, Anne-Mari Slaughter, explicou como o ambiente internacional mudou no último século.

“A Guerra Fria era como o xadrez. O mundo do século 21 é mais como o tênis, em que o vento, o calor, um possível atraso devido à chuva, e a saúde e forma física relativas de seu oponente em qualquer dia afetam a velocidade, a trajetória e a rotação da bola que você recebe”, escreveu ela.

Escassez de alimentos, seca, migração e segurança humana são problemas em uma sociedade que pode se desdobrar em grandes problemas entre estados, observou Slaughter durante o evento. Mas ao contrário de tópicos populares como o Irã ou o Afeganistão, faltam duas importantes qualidades à segurança alimentar que devem ser levadas a sério em Washington: “Ela não é imediata, e não é sexy”.

Ligações de segurança são frequentemente negligenciadas

De acordo com Werz, construir países estáveis, sustentáveis, e de longo prazo no mundo é muito mais benéfico para os Estados Unidos e para a segurança global do que qualquer outra coisa.

Um novo estudo do think-tank britânico E3G alerta que a disseminação da democracia que se seguiu à Primavera Árabe poderia ser revertida devido ao fracasso em abordar a ameaça de choques nos preços de alimentos e energia. De acordo com o relatório, modelos climáticos consistentemente estimam que o aquecimento ocorrerá mais rapidamente na região do Oriente Médio e do Norte da África, acentuando a crescente escassez de água. Mas investimentos governamentais existentes estão mais concentrados em fornecer incentivos para reformas democráticas continuadas do que em abordar outras áreas vitais para a estabilidade.

“Definitivamente houve uma mudança”, declarou Taylor Dimsdale, associado de pesquisa sênior da E3G, sobre a compreensão de ligações entre lutas sociais, preços de alimentos e mudança climática. “Estamos começando a reconhecer que existe uma falta de apreciação e reconhecimento completos para essa mudança”.

Além disso, conforme a mudança climática provoca eventos climáticos em países produtores, aumentos no preço dos alimentos poderiam se tornar outra bomba relógio na região. “Vemos isso como um risco contínuo”, explicou Dimsdale.

Devido à globalização e à interdependência, a relação entre mudança climática, migração e segurança deve se tornar o “novo padrão” em reuniões de política internacional, de acordo com o grupo. “Nas ciências climáticas, eu vivo pelo axioma ‘Temos que controlar o inevitável e evitar o incontrolável’”, apontou Friedman.

Nesse sentido, afirma que tudo se resume a aumentar a resiliência e propõe estimular soluções baseadas no mercado através de regulamentos e preços para incentivar a energia e a água limpas na América, ou em qualquer parte do mundo.

“Precisamos encontrar soluções sustentáveis de longo prazo que a política externa atual sequer nos permite imaginar”, declarou Slaughter.

Mas primeiro, de acordo com ela, os Estados Unidos precisam repensar a maneira como se engajam com o mundo. “Normalmente o Departamento de Estado é organizado por região, e depois por área de problema”, explicou Slaughter. Esse formato dificulta a compreensão dos temas interconectados e torna ainda mais difícil a abordagem ‘de baixo para cima’, adicionou ela.

Contribuiu a jornalista Tiffany Stecker. Republicado de Climatewire com permissão de Environment & Energy Publishing, LLC. www.eenews.net, 202-628-6500
Scientífic American Brasil

Notícias Geografia Hoje

 Cometa pode se chocar com Marte em 2014

O Cometa recém-descoberto tem diâmetro entre 8 e 50 km

NASA/JPL-Caltech/UCLA



  Joe Rao e Space.com

Um cometa recém-descoberto paarece estar a caminho de passar muito perto do planeta Marte em outubro de 2014, e existe uma chance – ainda que pequena – de colidir com o planeta.

O novo cometa C/2013 A1 (Siding Spring) foi descoberto em 3 de janeiro de 2013 pelo astrônomo escocês-australiano Robert H. McNaught, um prolífico observador de cometas e asteroides que tem 74 descobertas de cometas no currículo.

McNaught é um dos participantes do Siding Spring Survey, um programa que caça asteroides que podem se aproximar muito da Terra. Descobriu o novo cometa usando o Telescópio Uppsala Schmidt, de50 metros, no Observatório Siding Spring,em New South Wales, na Austrália.

Imagens anteriores à descoberta do cometa, feitas em 8 de dezembro de 2012 pelo Catalina Sky Survey, no Arizona, foram encontradas rapidamente. Como o cometa foi descoberto como parte de sua busca por asteroides, ele tem o nome do observatório, Siding Spring. Oficialmente ele está catalogado como C/2013 A1.

Quando foi descoberto, o Cometa Siding Spring estava a 1,07 bilhão de quilômetros do sol. Com base na excentricidade de sua órbita, ele parece ser um cometa novo, ou “virgem”, viajando em uma órbita parabólica e fazendo sua primeira visita à vizinhança do sol. Espera-se que seu periélio (o ponto em que ele passa mais perto do Sol) seja em 25 de outubro de 2014, auma distância de 209 milhões de quilômetros.

Menos de uma semana antes disso, porém, em 19 de outubro de 2014, o cometa – com um núcleo estimado entre 8 e 50 km de diâmetro – deve cruzar a órbita de Marte e passar muito perto do planeta. Cálculos preliminares sugerem que nominalmente, em sua maior aproximação, o Cometa Siding Spring chegará a 101 mil km de Marte.

No entanto, como o cometa está a uma distância muito grande e está sendo estudado há menos de três meses, as circunstâncias de sua órbita provavelmente precisarão ser refinadas nas semanas e meses futuros. Dessa forma, a aproximação marciana do cometa pode acabar sendo maior ou menor do que sugerem nossas previsões atuais. De fato, na quarta-feira passada (27 de fevereiro), observações feitas por Leonid Elenin, um respeitável astrônomo russo que trabalha no Instituto de Matemática Aplicada Keldysh, sugeriu que o cometa poderia passar ainda mais perto – a apenas41.300 kmdo centro de Marte.



De acordo com Elenin: “Em 19 de outubro de 2014, o cometa pode atingir uma magnitude aparente de -8 ou -8,5 se visto de Marte!” (Isso deixaria o cometa de15 a25 vezes mais brilhante que Vênus. “Talvez seja possível conseguir imagens de alta resolução da sonda Mars Reconnaissance Orbiter (MRO)”, adicionou ele.

E também existe a pequena possibilidade de o cometa colidir com Marte.

Movendo-se a 56 km por segundo, uma colisão dessas criaria uma cratera de impacto em Marte com até 10 vezes o diâmetro do núcleo do cometa, e até 2 km de profundidade, com uma energia equivalente a 2x1010 megatons!

A maioria dos leitores se lembrará do mergulho do Cometa Shoemaker-Levy em Júpiter, em 1994, que deixou escuras cicatrizes na cobertura de nuvens do planeta durante muitos meses após a colisão.

Colidindo ou não, o Cometa Siding Spring definitivamente chegará extremamente perto de Marte em menos de 20 meses. Incrivelmente, essa será a segunda passagem de um cometa perto de Marte em pouco mais de um ano.

Em 1º de outubro desse ano, o muito aguardado Cometa ISON deve passar a 10,5 milhões de quilômetros de Marte até passar raspando o Sol em novembro. Esse encontro é próximo o suficiente para ser categorizado como excepcional e, mesmo assim, o Siding Spring passará 100 vezes mais perto.
Revista Scientific American Brasil

Notícias Geografia Hoje


Descoberto mais um cinturão de radiação da Terra
Fenômeno observado durante semanas impõe revisão da teoria atual


NASA/Goddard Space Flight Center

Sondas de Van Allen em órbita

Ron Cowen e Revista Nature
Quando cientistas das Nasa lançaram sondas gêmeas para analisar os cinturões de radiação de Van Allen no verão boreal passado, eles estavam esperando estudar dois anéis de partículas de altas energias circundando a Terra. Mas encontraram três, derrubando um modelo de 50 anos de idade para a estrutura dos anéis.

Descobertos pela primeira vez em 1958, acreditava-se que os cinturões de Van Allen compreendiam dois reservatórios de partículas eletricamente carregadas, de alta velocidade, confinadas pelo campo magnético da Terra em anéis separados com forma de rosquinha.

A órbita do anel externo fica a uma distância de 10 a 60 mil quilômetros acima da Terra, e circunda uma banda interna de partículas ainda mais energética, de 100 a 10 mil quilômetros acima da superfície do planeta.

Essa era a configuração dos anéis quando James Van Allen os descreveu pela primeira vez, usando dados de satélite há meio século, e essa também é a estrutura que as sondas gêmeas Van Allen registraram quando entraram em operação, em 1º de setembro de 2012.

Mas apenas dois dias depois, telescópios nas sondas revelaram o surgimento de um estreito cinturão adicional, de partículas carregadas entre o anel interno e o agora altamente erodido anel externo. “Isso foi tão inesperado que achamos que havia alguma coisa errada com o instrumento”, conta Daniel Baker, físico espacial da University of Colorado, em Boulder.

Mas o novo anel persistiu, e Baker e sua equipe agora atribuem sua criação a uma onda de choque interplanetária – uma explosão de partículas viajantes de vento solar – que foi detectada por outra sonda. A onda de choque destruiu grande parte do anel exterior, e em seguida dividiu seus restos em duas seções distintas, sugere ele.

Durante quase todo o mês de setembro, o anel do meio se manteve firme enquanto o anel exterior oscilava. Em 1º de outubro, porém, outra onda de choque interplanetária, mais energética que a anterior, destruiu os anéis exterior e médio, deixando intacto apenas o cinturão interior de Van Allen. De acordo com Baker, sete ou oito dias depois, uma terceira onda de choque de alguma forma restaurou a estrutura original dos dois cinturões que são mostradas em livros.

Baker ainda declara que os dados coletados pelas sondas em 9 de outubro revelaram que “repentinamente, o cinturão externo estava reconstituído, mas o anel mediano tinha desaparecido”.

As descobertas, que são relatadas na Science de 1 de março de 2013, demonstram que explosões solares são de fato fortes indutores da estrutura dos cinturões e que atividades semelhantes podem ser comuns, especialmente agora, perto do pico do ciclo solar de 11 anos, observa Baker. Apesar disso, adiciona, detalhes sobre a colossal remodelagem do cinturão exterior e a existência duradoura do anel mediano não podem ser explicados pela teoria atual.

A compreensão da estrutura tríplice “será o assunto de pesquisas futuras de teóricos e modeladores numéricos do mundo todo”, acredita Yuri Shprits, geofísico da University of Califórniaem Los Angeles, não envolvido no estudo.

Este artigo foi reproduzido com permissão da revista Nature. O artigo foi publicado pela primeira vez em 28 de fevereiro de 2013.
Revista Scientific American Brasil

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