terça-feira, 20 de novembro de 2012

Rio+20 e o nosso desafio

ANA PAULA ZACARIAS

Há poucos meses, terminava a Conferência sobre o Desenvolvimento Sustentável, a ''Rio+20''.

Na plenária final, a União Europeia apoiou a adoção do texto ''O futuro que queremos'' e parabenizou o Brasil por seu desempenho como anfitrião, mas mencionou também que tinha esperado obter resultados mais concretos.

As crises econômica, social e ambiental que afetam todos os países, em grau variável e de maneira diversa, falavam a favor não apenas de novos modelos de crescimento, mas também de ações urgentes, coletivas e efetivas para realizá-los.

O acordo conseguido no Rio de Janeiro nos traz, apesar de tudo, algumas conquistas que, se forem implementadas corretamente, criarão uma base para continuarmos o progresso até um futuro sustentável, junto com o setor privado e a sociedade civil. Mais do que pelo resultado da conferência, o sucesso da Rio+20 será determinado pela forma como conseguirmos implementar o consenso a que chegamos.

A economia verde é reconhecida formalmente num texto da ONU como ferramenta de fomento ao desenvolvimento sustentável. Um dos seus componentes essenciais é a mudança dos padrões de consumo e produção para mais sustentabilidade, que integra princípios fundamentais como o uso eficiente dos recursos, o desacoplamento do crescimento econômico da degradação ambiental e a luta contra o desperdício.

Reconheceu-se também que para ter objetivos ambiciosos --os futuros objetivos de desenvolvimento sustentável-- é preciso garantir meios de implementação, sobretudo em ajuda aos mais fracos.

A Rio+20 ordenou a elaboração de uma estratégia de financiamento para o desenvolvimento sustentável. Isso constitui uma oportunidade para integrar critérios de sustentabilidade nas prioridades políticas e nas alocações orçamentais nacionais de todos os países. É também a oportunidade para fazer todos os atores contribuírem, segundo seu grau de responsabilidade e suas capacidades, incluindo os operadores privados, motor principal da economia.

A Rio+20 lançou sinais fortes para estimular o trabalho em curso sobre desafios globais essenciais, tais como a segurança alimentar, a biodiversidade, a mudança climática, a gestão internacional das substâncias químicas, a proteção dos oceanos fora das jurisdições nacionais e a luta contra a degradação das terras. Sublinhou também a importância da democracia, a igualdade de gênero, a juventude, a sociedade civil e os direitos humanos para o desenvolvimento sustentável.

Incumbe agora a todos nós, Europeus, brasileiros e os outros povos do mundo, agir para a Rio+20 não ficar esquecida em alguma gaveta. Temos compromissos a seguir, seja já em Hyderabad e Doha, seja para 2015, 2020 ou 2050.

Queremos relembrar que apoiar os esforços dos países em desenvolvimento para erradicar a pobreza é o objetivo principal da política de desenvolvimento da UE. É uma das grandes prioridades da sua ação exterior, na promoção dos interesses europeus para um mundo estável, próspero e sustentável.

A recente outorga do Prêmio Nobel da Paz é com certeza um reconhecimento desse desempenho que a UE demonstra há décadas. A União Europeia e os seus Estados-membros continuarão a apostar no processo de transformação que nos levará a um mundo mais sustentável.

ANA PAULA ZACARIAS, diplomata portuguesa, é embaixadora da União Europeia no Brasil

Notícias Geografia Hoje

Japão investe em energia geotérmica

YURIKO NAGANO
DO "NEW YORK TIMES"



YUZAWA, Japão - Tarobee Ito, 69, é o guardião de um legado familiar que sobrevive há mais de 12 gerações: ele administra o Tarobee Ryokan, um tradicional "onsen ryokan" (hotel junto a fontes termais) no desfiladeiro de Oyasu.

No mesmo local, perto da cidade de Yuzawa, no norte do Japão, há cerca de uma dúzia de outros estabelecimentos do tipo.

Recentemente, o vapor branco dessas fontes também atraiu planos para a construção de uma usina geotérmica na região, considerada um monumento nacional.

O Japão busca fontes energéticas alternativas -como a geotérmica- desde março do ano passado, quando um tsunami destruiu a usina nuclear de Fukushima Daiichi.

Os 54 reatores atômicos do país foram paralisados, e só dois retomaram as operações desde então.

As usinas nucleares forneciam 30% da eletricidade japonesa. Sua interdição causou uma escassez energética nacional.

Segundo a Associação Geotérmica Internacional, o Japão tem a terceira maior reserva de energia geotérmica do mundo, atrás dos EUA e da Indonésia, mas ocupa apenas a oitava colocação em termos de produção.

O governo japonês diz que pretende triplicar o uso de energias renováveis, inclusive a geotérmica, até 2030.

Neste ano, o governo destinou 9 bilhões de ienes (US$ 115 milhões) para levantamentos geotérmicos e solicitou 7,5 bilhões de ienes para continuar o trabalho em 2013. Reservou também 6 bilhões de ienes para um programa de ajuda a desenvolvedores de energia geotérmica e está pedindo 9 bilhões adicionais para prorrogar essa iniciativa.

A primeira usina geotérmica japonesa começou a funcionar em 1966, numa região próxima a Yuzawa.

Há, atualmente, 17 usinas geotérmicas no país, mas desde 1974 a construção de novas unidades está suspensa, devido a preocupações ambientais.

As usinas geotérmicas geram 535 megawatts, ou 0,2% do total nacional. Mas seu potencial é enorme: mais de 20 gigawatts de energia geotérmica poderiam ser produzidos no Japão, segundo um relatório governamental.

"Ao contrário das energias solar ou eólica, que dependem das condições climáticas, a energia geotérmica é bastante consistente e estável em termos de produção", disse Keiichi Sakaguchi, chefe do grupo de pesquisas geotérmicas do Instituto Nacional de Ciências e Tecnologias Industriais Avançadas.

Quase 80% das reservas geotérmicas japonesas ficam em áreas tombadas como monumentos ou parques nacionais.

Em março, o governo suspendeu a proibição de novas usinas geotérmicas nesses locais, o que pode resultar em cinco projetos em monumentos e parques nacionais.

"Muitos moradores da cidade, inclusive eu, apoiam o desenvolvimento da energia geotérmica. Ela nos diferencia dos municípios vizinhos", disse Shoji Sato, 77, presidente da ONG Conselho de Facilitação do Desenvolvimento Geotérmico da Cidade de Yuzawa.

Sato admite que os operadores de pousadas em Oyasu estão "um pouco nervosos" com o risco de perderem suas águas termais.

A empresa petrolífera japonesa Idemitsu Kosan é um dos desenvolvedores desse projeto, e seus representantes já se reuniram com líderes comunitários para explicar os planos.

A Idemitsu quer perfurar um poço exploratório de mais de 1.500 metros para testar o volume e a temperatura das águas termais e dos reservatórios de vapor.

Outro grande projeto geotérmico está previsto para a Prefeitura (província) de Fukushima. Lá, grupos locais de "onsens" ainda estão avaliando a situação, e o levantamento técnico não foi iniciado.

Sakaguchi disse que projetos geotérmicos fora do Japão já causaram o esgotamento de duas fontes termais, mas que "a tecnologia para detectar movimentos subterrâneos e a tecnologia de simulação realmente melhoraram nas últimas duas décadas, então o risco é muito menor".

O desenvolvimento de uma usina geotérmica geralmente leva 20 anos, inclusive por causa da demora em obter a confiança e a cooperação dos locais, segundo Sakaguchi.

Ito, do Tarobee Ryokan, está preocupado. "Parece que há algum risco envolvido", disse. "Nada é um negócio fechado."

Notícias Geografia Hoje

Até dois terços das espécies marinhas podem ser desconhecidos, diz estudo

RAFAEL ANDERY

Nos últimos dez anos, mais espécies marinhas foram descobertas pela ciência do que em qualquer outra década da história. Apesar disso, cientistas estimam que até dois terços das espécies que habitam os oceanos ainda sejam completamente desconhecidas, afirma estudo recém-publicado na revista científica "Current Biology".

A publicação americana divulgou hoje em seu site o lançamento de um censo da vida marinha, criado a partir da colaboração de diversos cientistas ao redor do mundo.

O Worms (Registro Mundial de Espécies Marinhas) foi criado a partir do trabalho de 270 estudiosos de 146 instituições, provenientes de 32 países. O catálogo pode ser acessado gratuitamente através do site http://www.marinespecies.org, e é constantemente atualizado a partir da descoberta de novas espécies.
Russ Hopcroft/AP
A lesma-do-mar "Platybrachium antarcticum"


Mark Costello, pesquisador da Universidade de Auckland (Nova Zelândia) que ajudou na construção do projeto, afirmou que o trabalho de coleta de dados "não foi tão fácil quanto deveria".

"Um problema encontrado pelos pesquisadores foi a ocorrência de diferentes nomes e descrições para as mesmas espécies, os chamados sinônimos", afirmou Costello. As baleias e golfinhos, por exemplo, apresentam em média 14 diferentes nomes científicos para cada espécie, em geral dadas por pesquisadores diferentes que estão trabalhando com o mesmo bicho sem saber. Quando esse problema é percebido, fica valendo o nome que foi publicado primeiro.

A partir da exclusão dos sinônimos, cerca de 40 mil espécies foram retiradas da base de dados que forma o Worms, apesar de seus nomes científicos continuarem disponíveis para a consulta no site.

"Pela primeira vez podemos fornecer um olhar detalhado sobre a riqueza de espécies marinhas. Nunca soubemos tanto sobre a vida nos oceanos", afirmou Ward Appeltans, colaborador do projeto e membro da Comissão Intergovernamental de Oceanografia, órgão ligado à Unesco.

A partir do levantamento das quase 215 mil espécies já catalogadas pelo Worms, pesquisadores estimam que o número total de espécies que habitam os oceanos possa chegar a até 1 milhão. Até a publicação desse estudo, estimativas costumavam apontar para números muito maiores.

A pesquisa fornece um ponto de referência para esforços de conservação e estimativas de taxas de extinção, afirmam os pesquisadores. Eles esperam que a grande maioria das espécies desconhecidas -- principalmente pequenos crustáceos, moluscos, vermes e esponjas --- seja achada ainda neste século.

"Apesar de menos espécies viverem nos oceanos do que na terra, a vida marinha apresenta linhagens evolutivas muito mais antigas, fundamentais para a nossa compreensão da vida no planeta", disse Appeltans. "Em certo sentido, o Worms é só o começo."

Appeltans ainda ressaltou a importância do trabalho colaborativo dos cientistas na construção do projeto. "Esse banco de dados nos fornece um exemplo de como outros biólogos também podem colaborar para produzir um inventário coletivo de toda a vida na Terra", diz Appeltans.
Folha de S.Paulo

Notícias Geografia Hoje

Estudo faz mapa da expansão do Universo há 11 bilhões de anos

FRANCISCO FIGUEIREDO ZAIDEN

Uma equipe de 63 cientistas, de nove países, divulgou nesta semana um estudo em que foi possível mapear o momento em que o Universo começou a diminuir sua velocidade de expansão, há 11 bilhões de anos.

Nessa época remota, ocorria justamente o inverso do que se vê hoje. No ano passado, físicos americanos ganharam o Nobel por descobrirem que a atual expansão do Universo é acelerada e acontece há cerca de 5 bilhões de anos, graças à atuação de uma força misteriosa conhecida como energia escura, que se sobrepõe à gravidade e faz as galáxias se repelirem.

A nova pesquisa dos astrônomos do Sloan Digital Sky Survey (projeto de mapeamento e captação de imagens do Universo) mostrou que, diferentemente de hoje, o crescimento do Cosmos começou a desacelerar 3 bilhões de anos após o Big Bang.

O motivo seria a influência da força gravitacional no comportamento e na densidade da matéria e da radiação, mantendo-as condensadas e obrigando-as a se separar lentamente.

"Se pensarmos no Universo como uma montanha russa, hoje estaríamos descendo uma ladeira, ganhando muita velocidade", comparou Matthew Pieri, astrônomo da Universidade de Portsmouth, Reino Unido, e um dos autores do estudo, em entrevista à agência de notícias Reuters.

"Nossa nova medição nos indica o tempo em que o Universo estava subindo a ladeira", completou.

A intenção dos cientistas é recolher mais dados para explicar o que ninguém sabe ainda: as razões que levaram à desaceleração inicial da expansão cósmica e, principalmente, a sua aceleração atual, muito forte se comparada ao que ocorreu no passado.

Notícias Geografia Hoje


Mundo pode esquentar 4º C, diz relatório

FERNANDO MORAES

Se o mundo ficar de braços cruzados, um aumento de até 4º C na temperatura média do planeta pode ocorrer até o ano de 2060, afirma um novo relatório encomendado pelo Banco Mundial.

Segundo o estudo, mesmo que as reduções de gases do efeito estufa definidas nas recentes cúpulas do clima sejam implementadas, há cerca de 20% de chance de que esse aumento de temperatura ocorra até o fim do século.

O levantamento, divulgado ontem, foi coordenado por uma equipe do Instituto de Pesquisa sobre Impactos Climáticos de Potsdam (Alemanha), um dos grupos mais importantes da área no mundo.

Admitindo as incertezas desse tipo de previsão, o estudo procura mostrar os possíveis efeitos de tal aumento de temperatura para o planeta e, principalmente, para os países em desenvolvimento, os mais vulneráveis às mudanças climáticas.
Editoria de Arte/Folhapress 


PROBABILIDADE

O risco dos possíveis impactos é definido como o "impacto multiplicado pela probabilidade", ou seja, um evento com pouca probabilidade pode ter alto risco se ele trouxer consequências sérias.

A concentração de dióxido de carbono, um dos principais gases do efeito estufa, vem aumentando substancialmente a acidez dos oceanos. Segundo relatório, o aumento previsto de 4º C na temperatura implicaria um aumento de 150% na acidez dos mares.

Isso poderia levar a sérios danos aos recifes de corais, muito sensíveis a mudanças do tipo, e teria fortes consequências para as várias espécies dependentes deles e para as populações que exploram o turismo nessas áreas.

A temperatura prevista em 2100 pode acarretar o aumento de até um metro no nível do oceano. Além dos riscos mais óbvios, como a inundação de áreas costeiras, isso traria mudanças nas correntes marítimas e nos padrões dos ventos, com um aumento de ciclones tropicais e outros eventos climáticos.

Haveria também uma tendência maior ao clima extremo, com mais seca no sul da Europa e em partes das Américas do Sul e do Norte, entre outras áreas, bem como grande umidade nas altas latitudes do hemisfério Norte.

Na Amazônia, um aumento de cerca de 2º C até 2050 poderia dobrar o número de incêndios na floresta. "De fato, num planeta 4º C mais quente, a mudança climática pode se tornar a força motriz das mudanças nos ecossistemas, ultrapassando a destruição de habitats como grande ameaça à biodiversidade", afirma o relatório.

"A mudança climática e o aumento da concentração de de CO2 pode levar os ecossistemas da Terra a um estado desconhecido na experiência humana", completa.

'AMEDRONTADA'

"O objetivo desse e de muitos relatórios semelhantes é manter a população amedrontada por uma ameaça irreal, manter os cientistas na sua posição de destaque na sociedade, manter os governos elaborando leis e arrecadando impostos envolvendo o clima, manter ONGs ambientalistas arrebanhando adeptos", critica Daniela Onça, da Universidade do Estado de Santa Catarina.

Daniela foi uma das signatárias de uma carta aberta à presidente Dilma negando o aquecimento global.

Ela diz que a projeção catastrofista do aumento da temperatura "não é uma previsão, é um cenário, uma possibilidade que tem tanto valor quanto qualquer outra".

"É fato que o homem afeta o clima em escala local, mas não tem a capacidade de alterar os fluxos de matéria e energia em escala planetária", completa.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Grupo encontra possível 'super-Terra' habitável

SALVADOR NOGUEIRA

Um grupo internacional de pesquisadores diz ter descoberto um possível planeta habitável fora do Sistema Solar.

Mas é melhor ir com calma: o que o novo estudo faz melhor é mostrar como é delicado o trabalho de procurar exoplanetas.

A descoberta foi feita usando dados do espectrógrafo Harps, do ESO (Observatório Europeu do Sul), o mais preciso do mundo para buscar planetas extrassolares.
Ilustração J.Pinfield/Universidade de Hertfordshire 
Concepção artística do novo candidato a planeta em órbita da estrela HD 40307, a 44 anos-luz da Terra


Contudo, o trabalho não é fruto de uma nova leva de observações, mas de dados antigos, garimpados dos arquivos da organização.

A estrela, designada HD 40307, é parecida com o Sol, mas um pouco menor e mais fria (cerca de 70% da massa solar), localizada a 44 anos-luz da Terra. (Um ano-luz equivale à distância que a luz percorre em um ano, cerca de 9,5 trilhões de quilômetros.)

Com as observações originais, pesquisadores europeus já haviam descoberto três planetas, todos muito próximos da estrela para abrigar água em estado líquido --principal qualidade para a habitabilidade.

Usando uma nova técnica de análise, a equipe liderada por Mikko Tuomi, da Universidade de Hertfordshire, no Reino Unido, e Guillem Anglada-Escudé, da Universidade de Göttingen, na Alemanha, conseguiu extrair sinais de outros três mundos orbitando HD 40307.

O mais interessante deles completa sua órbita (um ano naquele mundo) em cerca de 200 dias terrestres. Como a estrela é um pouco menos brilhante que o Sol, ele está na posição certa para abrigar água em estado líquido na superfície.

E o melhor de tudo: ele tem cerca de sete vezes a massa da Terra, o que o coloca numa categoria de planeta que possivelmente tem solo rochoso --as "super-Terras". É interessante notar que não há análogo desse tipo de mundo no Sistema Solar.
Editoria de Arte/Folhapress 


BAMBOLÊ ESTELAR

A técnica mais consolidada --e usada pelo Harps-- para detectar planetas é observar pequenas modificações na luz da estrela, causadas por seu movimento. Se o astro está se aproximando de nós, sua luz fica mais azulada. Se ele está se afastando, a luz fica mais avermelhada.

Essa variação, por sua vez, pode ser correlacionada com o efeito gravitacional que possíveis planetas --pequenos demais para serem observados diretamente-- causam na estrela, conforme giram em suas órbitas.

Só que a coisa fica mais complicada que isso. É preciso extrair outros efeitos (como variações naturais no brilho da estrela) e conseguir separar os efeitos individuais de cada planeta.

O novo software desenvolvido pelos pesquisadores é um avanço no sentido de melhorar a interpretação desses dados, aumentando a precisão das descobertas.

Só assim eles puderam encontrar o possível planeta habitável, designado HD 40307g. Mas o resultado não é incontroverso, a ponto de os próprios descobridores tratarem o objeto como "candidato", ainda carecendo de confirmação mais sólida.

Astrônomos não envolvidos com o achado se mostram céticos. "O fato de que eles colocam em dúvida no trabalho a própria natureza da descoberta já diz tudo", afirma Cassio Leandro Barbosa, astrônomo da Univap (Universidade do Vale do Paraíba), em São José dos Campos (SP). "Para mim é o desejo de encontrar um planeta rochoso na zona habitável em uma distância que alguma missão seja capaz de alcançar em escalas de tempo razoáveis em alguma época futura."

A boa notícia é que, a 44 anos-luz daqui, de fato esse possível planeta estaria ao alcance de uma futura geração de telescópios espaciais, como o Terrestrial Planet Finder, da Nasa, e o Darwin, da ESA, que buscarão detectar diretamente a luz vinda desses astros.

"É o primeiro planeta na zona habitável no regime de massa das "super-Terras" que poderia ser alvo desses observatórios planejados", dizem Tuomi e seus colegas, no artigo aceito para publicação no periódico "Astronomy & Antrophysics".

Com a luz, seria possível identificar, por exemplo, a composição atmosférica desses mundos. Se HD 40307 tiver grandes quantidades de oxigênio em sua atmosfera, é certo que o planeta não só é habitável, como também é efetivamente habitado (pelo menos por criaturas capazes de fotossíntese, como plantas).
Folha de São Paulo

Notícias Geografia Hoje


Índia testa novos riquixás para reduzir a poluição

AMY YEE
DO "NEW YORK TIMES
"

NOVA DÉLI - Em toda a Índia, pequenos triciclos motorizados levam pessoas e produtos para cima e para baixo. São mais de dezenas de milhares só em Déli.

Em janeiro, foram apresentados no país os primeiros riquixás com motores movidos a hidrogênio. Os 15 carrinhos adaptados, que antes usavam combustível tradicional, ainda fazem o mesmo ruído estridente.

Apesar disso, há diferenças cruciais: o escapamento solta vapor de água, calor e praticamente nenhuma outra emissão.

A carroceria está adaptada para transportar o tanque de gás hidrogênio. O motor do veículo também sofreu modificações, e foi instalado um sistema eletrônico de controle, desenvolvido no Instituto Indiano de Tecnologia.

O veículo é abastecido num posto, mais ou menos como os riquixás comuns movidos a gás natural comprimido.

"Limpo", eficiente e abundante, o hidrogênio tem potencial para "facilitar a transição para um futuro energético de baixo carbono, de forma semelhante à qual o petróleo e o motor a combustão interna substituíram o carvão e o motor a vapor", segundo o Centro Internacional para as Tecnologias Energéticas a Hidrogênio, um projeto da Organização de Desenvolvimento Industrial das Nações Unidas e do governo turco.

Os riquixás movidos a hidrogênio em Déli são resultado de um projeto de três anos que envolveu vários parceiros, incluindo a agência de desenvolvimento da ONU, que financiou metade do custo, superior a US$ 1 milhão.

Até 1 milhão de veículos a hidrogênio podem estar rodando pelas ruas da Índia até 2020, segundo Bibek Bandopadhyaya, assessor do Ministério de Energias Novas e Renováveis da Índia.

A necessidade de energia "limpa" é premente. A Índia ficou na 125a colocação entre 132 países pesquisados para o Índice de Desempenho Ambiental de 2012, das Universidades Yale e Columbia (EUA), que mede a poluição atmosférica e outros indicadores. O país foi o terceiro maior emissor mundial de gases do efeito estufa no ano passado.

Entre os obstáculos para a adoção dessa nova tecnologia, estão o acesso insuficiente ao hidrogênio que esteja separado de outros elementos, a falta de uma rede de distribuição e o custo elevado em relação a outros combustíveis.

Embora o hidrogênio seja abundante na natureza, a sua separação de outros elementos é um processo caro que consome muita energia.

Para que o hidrogênio se torne viável no país, seria necessário restringir a poluição ou obrigar a conversão dos veículos, segundo Nicolas Lymberopoulos, diretor de projetos da agência da ONU e do centro tecnológico.

O hidrogênio, segundo Kandeh K. Yumkella, diretor-geral da agência da ONU, serve "não só para ônibus e veículos de alta tecnologia, mas também para aplicações práticas, como os riquixás".FOLHA DE S.PAULO

Notícias Geografia Hoje

Nuvens ajudam previsão do tempo
DAVID FERRIS
DO "NEW YORK TIMES"


Desde o início, o brasileiro Carlos F. Coimbra sabia que precisava decifrar o código das nuvens.

Professor de engenharia da Universidade da Califórnia em Merced, ele liderou uma campanha bem sucedida para que 15% da energia da escola viesse de um conjunto de painéis solares.

Em duas ocasiões, porém, as nuvens frustraram seus esforços, lançando sombras inesperadas e forçando a escola a depender da energia convencional.

Então, ele tentou um novo tipo de previsão. Ele escreveu um algoritmo de computador para projetar como as nuvens se movimentam e mudam de forma.

Hoje, seis anos mais tarde, Coimbra, 44, e seu colaborador, Jan P. Kleissl, 37, criaram um mecanismo de previsões que afirmam ser 20% a 40% mais preciso do que o modelo comumente usado.

Especialistas em meteorologia, energia e rede elétrica dizem que a inovação pode acelerar a adoção de fontes de energia renovável e possibilitar a economia de bilhões de dólares.

"Não posso dizer o que vai acontecer às 16h23 de domingo", disse Coimbra, cujas previsões se estendem por sete dias, mas com precisão decrescente. "Mas posso dizer o que vai acontecer hoje entre o meio-dia e as 18h."

O potencial de economia de custos atraiu o interesse de empresas que constroem e operam usinas de energia solar, além de empresas de eletricidade e operadores da rede elétrica.

Uma previsão certeira torna mais fácil o uso da energia esporádica do sol e do vento, levando a energia renovável a ter um grau de confiabilidade próximo ao de uma usina de combustível fóssil ou de energia nuclear.

À medida que poupa dinheiro nos mercados energéticos, a tecnologia também dinamiza o mundo das previsões meteorológicas.

As previsões ajudam os aeroportos a ter uma noção mais exata de quando tempestades vão chegar e ir embora, o que resulta em menos atrasos de voos.

Essa tecnologia também pode dizer a agricultores quando será a primeira geada do ano ou quando haverá um temporal, reduzindo a necessidade de bombear água para a irrigação.

Além disso, uma boa previsão pode guiar bombeiros que combatem incêndios florestais, projetar o percurso de um ataque de bioterrorismo ou localizar com precisão o caminho que será seguido por um tornado.

É provável que as previsões tenham sua primeira aplicação em usinas de energia solar e eólica, algumas das quais mantêm grandes e caros bancos de baterias para armazenar energia extra e liberá-la, se necessário.

Operadores da rede elétrica se acotovelam para comprar energia no mercado financeiro quando as fontes de energia relacionadas ao tempo escasseiam, pagando dez a cem vezes a mais do que pagariam se comprassem com um dia de antecedência.

Uma previsão perfeita dos ventos, se representasse 20% do fornecimento energético, pouparia entre US$ 1,6 bilhão e US$ 4,1 bilhões por ano.

O instrumento mais importante da tecnologia criada por Coimbra é uma câmera com uma lente grande-angular que faz fotos de 13 km2 do céu a cada 30 segundos.

Esse aparelho monitora a velocidade das nuvens e gera uma previsão para os próximos três a 20 minutos.

Para períodos maiores de tempo, o algoritmo de computador digere dezenas de medidas -irradiância solar, velocidade do vento, imagens de satélite, umidade do solo- e determina quais são relevantes.

Ninguém sabe como serão usadas as previsões solares quando elas forem aperfeiçoadas, mas Coimbra acha que suas viagens de motocicleta serão beneficiadas: "Vou saber o quanto posso ir antes de a chuva chegar."
Folha de S.Paulo

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Notícias Geografia Hoje


Falta de recursos afeta a forma de tomar decisões

Pesquisa propõe que qualquer um, se submetido à escassez, prioriza problemas imediatos e negligencia questões de longo prazo

MARIANA LENHARO - O Estado de S.Paulo

A escassez de recursos financeiros afeta a maneira como as pessoas pensam e tomam decisões. Segundo pesquisa publicada hoje na revista Science, essa é a explicação para o fato de pessoas em situação de pobreza tomarem atitudes que reforçam essa condição, como fazer empréstimos demais e economizar de menos.

Enquanto outras interpretações imputam esse comportamento a traços da personalidade ou a fatores sociais relacionados à pobreza, esse estudo propõe que qualquer um, quando submetido a uma situação de escassez, pode ser levado a deslocar sua atenção para problemas mais imediatos e negligenciar questões de longo prazo.

Para chegar a essa conclusão, pesquisadores das Universidades de Chicago, de Harvard e de Princeton submeteram voluntários a cinco experimentos. Eles se assemelham a jogos que simulam situações cotidianas envolvendo a administração de recursos. Em cada experimento, os participantes foram divididos aleatoriamente em dois grupos: um recebeu orçamento maior - os "ricos" - e outro, um orçamento menor - os "pobres".

O que os experimentos demonstraram foi que, na situação da escassez de recursos, as pessoas tendem a despender muito mais esforço para administrar as pequenas despesas. Para os que são mais pobres, elas parecem mais urgentes e geram uma ansiedade desproporcional.

Esse excesso de concentração no problema imediato resulta contraproducente, pois leva os indivíduos a desconsiderarem as questões menos imediatas, porém mais importantes. Uma das atividades realizadas pelos pesquisadores, por exemplo, concluiu, por meio de testes de atenção, que participantes com orçamento menor no jogo tinham um cansaço mental maior.

Os pesquisadores dão um exemplo: enquanto nos concentramos em pagar a conta da mercearia de semana em semana, corremos o risco de negligenciar o aluguel do mês seguinte.

É isso o que estimularia as pessoas mais carentes a contrair empréstimos com juros altos. "Se a escassez cria um foco nas despesas urgentes de hoje, a atenção irá para os benefícios do empréstimo, mas não para os seus custos", diz o artigo.

De acordo com a psicóloga Nereida Silveira, professora da área de gestão humana e social da Universidade Mackenzie, câmpus Campinas, existe uma espécie de embotamento que impede que as pessoas com menos recursos tenham uma visão de longo prazo. Essa situação, segundo ela, vem de um desconforto interno provocado pelo conflito de querer consumir certos bens e não ter dinheiro para tal.

"A sensação é de que a pessoa tenta voltar a um estado de equilíbrio, mas não consegue, porque tem de resolver problemas imediatos. É a questão daquelas pessoas que estouram o cartão de crédito, entram em cheque especial e não conseguem perceber que se pararem, fizerem cortes e negociarem as contas, podem voltar ao equilíbrio", diz.

Nereida conclui que a compreensão de como opera o comportamento econômico das pessoas em dificuldades financeiras "é de suma importância para o desenho de políticas públicas, bem como para empresas orientadas para as classes mais vulneráveis".

Para a psicóloga Elaine Lombardi, consultora em desenvolvimento humano da consultoria MSDH, a falta de dinheiro provoca sentimentos como a frustração de não ter a situação sob controle, insegurança com relação ao futuro e, finalmente, desespero. "É justamente isso que vai levar a pessoa a tomar uma decisão sem ter dados objetivos suficientes que a ajudem a decidir." Sair dessa situação em que a pobreza reforça a pobreza requer força de vontade, segundo a consultora. "Pensando em termos de atitude, é preciso assumir um comportamento de protagonista e tomar as rédeas da vida", afirma Elaine.

Tempo. A mesma lógica, segundo os pesquisadores, pode ser aplicada para outros recursos em escassez, como o tempo, por exemplo. As pessoas muito ocupadas, às quais falta tempo, também tomam "empréstimos" quando pedem prorrogações de prazo. "Como os pobres, os ocupados pedem prorrogações com frequência porque focam nas tarefas urgentes, mas negligenciam tarefas importantes que parecem menos prementes", indica a pesquisa.

Jornal O Estadão

Notícias Geografia Hoje



Astronomos acham 'superterra' em área habitável do espaço
Planeta que orbita estrela semelhante ao Sol tem sete vezes a massa da Terra'
Uma equipe de astrônomos de vários países encontrou uma "superterra", um planeta que pode ter um clima parecido com o da Terra e com potencial para ser habitado, a apenas 42 anos-luz de distância.


O planeta orbita em volta da estrela HD 40307. Anteriormente, sabia-se que três planetas orbitavam em volta desta estrela, todos eles próximos demais para permitir a existência de água.

Mas, outros três planetas foram encontrados em volta da HD 40307, entre eles a "superterra", que tem sete vezes a massa da Terra e está localizada na área habitável do sistema, onde a água líquida pode existir.

O planeta, batizado de HD 40307g, tem a órbita mais externa entre os seis em volta da estrela e percorre esta órbita em um tempo equivalente a 200 dias terrestres.

E, o mais importante, os cientistas acreditam que o planeta gira em torno de seu próprio eixo, o que gera o efeito de dia e noite. Com isso, aumentam as chances de ele ter um ambiente mais parecido com o da Terra.

"A órbita mais longa do novo planeta significa que seu clima e atmosfera podem ser os certos para abrigar a vida", disse Hugh Jones, da Universidade de Hertfordshire, que participou da pesquisa.

A estrela HD 40307 é uma versão menor e mais fria do Sol, que emite luz laranja.

Foram as variações sutis nesta luz que permitiram que os cientistas, trabalhando com a rede Rocky Planets Around Cool Stars (Ropacs), descobrissem os outros três planetas.



A última descoberta se junta aos mais de 800 exoplanetas (planetas de fora do Sistema Solar) já conhecidos pelos cientistas e parece ser apenas uma questão de tempo para os astrônomos finalmente encontrarem a chamada "Terra 2.0", um planeta rochoso com atmosfera e orbitando uma estrela parecida com o Sol, localizado em uma zona habitável.

A pesquisa deve ser publicada na revista especializada Astronomy and Astrophysics.

Descoberta pela luz

A equipe internacional de cientistas usou um instrumento chamado Harps, localizado no Observatório Europeu do Sul, em La Silla, Chile.

O Harps não vê os planetas diretamente mas detecta pequenas mudanças na cor da luz de uma estrela causada pelas pequenas alterações gravitacionais causadas pelos planetas, uma medição e alta precisão.

"Nós fomos os pioneiros em novas técnicas de análise de dados incluindo o uso de comprimento de onda para reduzir a influência de atividades no sinal desta estrela", afirmou Mikko Tuomi, pesquisador da Universidade de Hertfordshire e que liderou a pesquisa.

"Isto aumentou significativamente nossa sensibilidade e permitiu que revelássemos três novas superterras em volta da estrela conhecida como HD 40307, transformando-a em um sistema de seis planetas."

O próximo passo da equipe de cientistas é usar telescópios baseados no espaço observar diretamente o planeta HD 40307g e descobrir qual é sua composição.

Recentemente, o Harps foi usado para localizar outro exoplaneta, desta vez orbitando uma estrela do sistema Alpha Centauri, o mais próximo ao Sistema Solar, a apenas quatro anos-luz de distância. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
Jornal O Estadão

Notícias Geografia Hoje


Nações fracassam em acordo para proteger mares ao redor da Antártida
Comissão vai realizar sessão especial em julho de 2013 para tentar acabar com o impasse
Alister Doyle - Reuters

SYDNEY - Importantes nações não conseguiram chegar a um acordo nesta quinta-feira, 1, para a criação de grandes áreas marinhas protegidas na Antártida, dentro de um plano para intensificar a conservação de espécies como baleias e pinguins em torno do continente gelado.

rticos (CCAMLR, na sigla em inglês) concordou, no entanto, com a realização de uma sessão especial na Alemanha em julho de 2013 para tentar romper o impasse depois do encontro de 8 de outubro a 1º de novembro em Hobart, na Austrália.

Ambientalistas criticaram a falta de acordo sobre novas áreas marinhas protegidas no Mar de Ross e no Leste da Antártida, que abriga pinguins, focas, baleias e aves marinhas, bem como estoques valiosos de krill.

"Estamos profundamente desapontados", disse à Reuters Steve Campbell, da Aliança Oceano Antártico, que agrupa organizações de conservação, no final da reunião anual da CCAMLR. Ele contou que a maior resistência veio da Ucrânia, Rússia e China.

Ambientalistas disseram que os Estados Unidos, União Europeia, Austrália e Nova Zelândia estão entre os países que pressionam por um acordo sobre novas zonas protegidas.

Algumas frotas de pesca estão rumando para o sul porque os estoques estão esgotados mais perto de casa e algumas nações se preocupam com o fechamento de grandes áreas dos oceanos. A CCMALR é composta por 24 Estados-Membros e a União Europeia.

"Este ano, a CCAMLR se comportou como uma organização de pesca em vez de uma organização dedicada à conservação das águas da Antártida", disse Farah Obaidullah, do Greenpeace.

Entre as propostas, um plano EUA-Nova Zelândia teria criado uma área protegida de 1,6 milhão de km² no Mar de Ross - aproximadamente do tamanho do Irã.

E a UE, Austrália e França propuseram uma série de reservas de 1,9 milhão de km² no Leste da Antártida - maior do que o Alasca.

Na semana passada, o ator Leonardo di Caprio lançou uma petição para proteger os mares em torno da Antártida com o grupo de campanha Avaaz, dizendo que "as baleias e pinguins não podem falar por si, por isso cabe a nós defendê-los".

Em 2010, os governos estabeleceram a meta de ampliar as áreas protegidas para 10% dos oceanos do mundo para salvaguardar a vida marinha do excesso de pesca e outras ameaças, como a poluição e alterações climáticas. Em 2010, o total era de 4%.

A CCAMLR disse em um comunicado que os membros haviam identificado várias regiões do Oceano Antártico que merecem elevados níveis de proteção. "Essas áreas importantes podem fornecer uma referência para pesquisa científica sobre os impactos das atividades, como a pesca, bem como oportunidades significativas para monitorar os impactos das mudanças climáticas no Oceano Antártico". 

Jornal O Estadão

Notícias Geografia Hoje




Nações fracassam em acordo para proteger mares ao redor da Antártida
Comissão vai realizar sessão especial em julho de 2013 para tentar acabar com o impasse
r Doyle - Reuters


SYDNEY - Importantes nações não conseguiram chegar a um acordo nesta quinta-feira, 1, para a criação de grandes áreas marinhas protegidas na Antártida, dentro de um plano para intensificar a conservação de espécies como baleias e pinguins em torno do continente gelado.



A Comissão para a Conservação dos Recursos Vivos Marinhos Antárticos (CCAMLR, na sigla em inglês) concordou, no entanto, com a realização de uma sessão especial na Alemanha em julho de 2013 para tentar romper o impasse depois do encontro de 8 de outubro a 1º de novembro em Hobart, na Austrália.

Ambientalistas criticaram a falta de acordo sobre novas áreas marinhas protegidas no Mar de Ross e no Leste da Antártida, que abriga pinguins, focas, baleias e aves marinhas, bem como estoques valiosos de krill.

"Estamos profundamente desapontados", disse à Reuters Steve Campbell, da Aliança Oceano Antártico, que agrupa organizações de conservação, no final da reunião anual da CCAMLR. Ele contou que a maior resistência veio da Ucrânia, Rússia e China.

Ambientalistas disseram que os Estados Unidos, União Europeia, Austrália e Nova Zelândia estão entre os países que pressionam por um acordo sobre novas zonas protegidas.

Algumas frotas de pesca estão rumando para o sul porque os estoques estão esgotados mais perto de casa e algumas nações se preocupam com o fechamento de grandes áreas dos oceanos. A CCMALR é composta por 24 Estados-Membros e a União Europeia.

"Este ano, a CCAMLR se comportou como uma organização de pesca em vez de uma organização dedicada à conservação das águas da Antártida", disse Farah Obaidullah, do Greenpeace.

Entre as propostas, um plano EUA-Nova Zelândia teria criado uma área protegida de 1,6 milhão de km² no Mar de Ross - aproximadamente do tamanho do Irã.

E a UE, Austrália e França propuseram uma série de reservas de 1,9 milhão de km² no Leste da Antártida - maior do que o Alasca.

Na semana passada, o ator Leonardo di Caprio lançou uma petição para proteger os mares em torno da Antártida com o grupo de campanha Avaaz, dizendo que "as baleias e pinguins não podem falar por si, por isso cabe a nós defendê-los".

Em 2010, os governos estabeleceram a meta de ampliar as áreas protegidas para 10% dos oceanos do mundo para salvaguardar a vida marinha do excesso de pesca e outras ameaças, como a poluição e alterações climáticas. Em 2010, o total era de 4%.

A CCAMLR disse em um comunicado que os membros haviam identificado várias regiões do Oceano Antártico que merecem elevados níveis de proteção. "Essas áreas importantes podem fornecer uma referência para pesquisa científica sobre os impactos das atividades, como a pesca, bem como oportunidades significativas para monitorar os impactos das mudanças climáticas no Oceano Antártico". 

Jornal O Estadão

Notícias Geografia Hoje


Estudo registra mil espécies de peixes na bacia do Rio Madeira

Pesquisa de 3 anos na região da Hidrelétrica de Santo Antônio, a maior já feita na Amazônia, credencia o rio como o de maior biodiversidade do mundo
Bruno Deiro - O Estado de S.Paulo

A maior pesquisa já feita na Amazônia de ictiofuna - nome que se dá ao conjunto das espécies de peixes que existem numa determinada região - completa três anos com a perspectiva de atingir a identificação de mil espécies na bacia do Rio Madeira.


Divulgação
Modelo diferente de arraia descoberta no Madeira

O estudo liderado pela Universidade de Rondônia (Unir), que descobriu cerca de 40 novas variedades de peixes, credencia o rio como o de maior biodiversidade do mundo.

Parte do programa de conservação da ictiofauna para a construção da Hidrelétrica de Santo Antônio, o levantamento avaliou uma área de 1,7 mil quilômetros, quase metade do tamanho total do rio - o 17.º maior do mundo em extensão. Foram encontrados desde novembro de 2008 um total de 957 espécies. No Rio Congo (7.º do mundo), um estudo baseado em estimativas apontou pouco mais de 700.

Segundo os pesquisadores, o alto número encontrado no Rio Madeira está ligado à abrangência da pesquisa. "Graças a um grande aporte financeiro da concessionária responsável pelas obras, pudemos ter uma área de amostra bastante ampla", afirma Carolina Dória, coordenadora do Laboratório de Ictiofauna e Pesca da Unir.

Entre os principais achados estão um gênero novo de arraia, pouco comum nos rio amazônicos. "Encontramos um indivíduo cartilaginoso, com formato achatado e ferrão de cerca de 50 centímetros de diâmetro", diz João Alves de Lima Filho, coordenador do inventário de ictiofauna da Unir.

Outros destaques do inventário são um exemplar raro de linguado e uma espécie de peixe brilhante, chamada Phreatobius, que vive em ambiente sem luz, nos lençóis freáticos.

As novas espécies transformaram o acervo do laboratório na terceira maior coleção de peixes amazônicos do País, com um total de 250 mil exemplares. "Não existem catálogos deste porte no País. Nossa coleção é a única no mundo que mantém uma quantidade tão grande de espécies de apenas um rio", diz Carolina. "Nenhum outro local foi tão bem amostrado como o Rio Madeira, quando se trata de inventário sobre a ictiofauna."

Até o início do trabalho, que é uma das contrapartidas para a construção da hidrelétrica, o acervo da Unir era de pouco mais de 10 mil exemplares. "Além da contribuição para de fato conhecer o local, o projeto tem propiciado a formação de diversos alunos", afirma Dória. "É sabido que as universidades federais estão passando por dificuldades, então parcerias como esta são muito importantes."

Segundo ela, com a colaboração de 70 participantes internos e externos, a produção científica da Unir tem se multiplicado a partir dos quatro projetos do programa de conservação. A instituição, que em média costumava enviar no máximo 7 trabalhos para congressos da área, enviou neste ano um total de 41.
JORNAL O ESTADÃO

Antártida: Quebrando o gelo


Arqueólogos pesquisam o passado da Antártida

Débora Pivotto

Tudo indica que a Antártida nunca foi colonizada por humanos antes do fim do século 18. Não é para menos. Praticamente inabitável, o continente é o mais gelado e seco do planeta. Mesmo assim, a cada ano a região atrai centenas de arqueólogos, que buscam informações sobre a curta história do povoamento da região.

As viagens de exploração começaram há cerca de 200 anos. Pouco depois dos primeiros descobridores, foi a vez dos caçadores de focas e baleias. Os cientistas só apareceram na década de 50 do século passado. Entre eles, vieram arqueólogos, interessados em descobrir em que condições aconteceram as primeiras viagens para lá. Mas essa primeira geração de Indiana Jones do gelo danificou parte do material que tentava pesquisar.

A partir da década de 70, começaram a ser feitos estudos mais cuidadosos, que restauram abrigos usados pelos heróis do descobrimento do continente e estudam o cotidiano dos caçadores de foca. O argentino Andrés Zarankin, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), conta que o gelo ajuda a conservar os objetos. “Achamos um sapato de 200 anos em perfeito estado. Isso seria impossível em outro lugar”, ele afirma.

Os trabalhos de campo acontecem entre dezembro e março, quando a temperatura vai de zero a 15 graus negativos. Os pesquisadores dormem em barracas e lutam para não perder a noção de tempo, já que, nessa época do ano, não anoitece. São condições de vida semelhantes às dos homens que os arqueólogos estudam. “A diferença é que nossas roupas são melhores, não comemos focas e temos aparelhos de rádio e GPS”, diz Zarankin.

Telhado de pele
A vida dos colonizadores

Pedra e madeira

Os caçadores dormiam em cabanas de pedra. Já a tripulação das missões de descobrimento se abrigava em casas de madeira pré-fabricadas.

Foca e baleia

Quem vivia da caça aproveitava bem os recursos locais. Pele de foca era usada para proteger o telhado da umidade e a mobília era construída com ossos de baleia.

Leão-marinhoA alimentação incluía leões-marinhos locais e carne de porco dos navios.
Revista Aventuras na História

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Folclore: o saber por trás das brincadeiras



A sociologia a partir do jeito de falar infantil

Flávia Roberta Costa
Com seis anos, Florestan Fernandes começou a trabalhar como engraxate para ajudar a família. Depois, como auxiliar de barbeiro, alfaiate e cozinheiro. Impedido de seguir seus estudos formais, o filho de lavadeira analfabeta de origem portuguesa que vivia no bairro paulistano do Brás construiu seu saber por meio da experiência, com a convivência humana e a sociedade. Dessa forma, edificou o saber dos outros, revolucionou as ciências sociais no Brasil e ainda estabeleceu um novo estilo de pensamento no país.

É a origem do político, professor universitário e intelectual que apreciamos com a leitura de Folclore e Mudança Social na Cidade de São Paulo (Martins Fontes), compilação de suas primeiras investigações como estudante da USP, realizadas a partir de 1941. Nelas, Florestan estudou a influência do sistema sociocultural urbano sobre o folclore em seu próprio ninho: os bairros populares e de imigração da cidade de São Paulo, como Brás, Belém ou Lapa, num momento em que a cidade buscava um estilo de vida característico da modernidade.

Dito assim, parece meio difícil. Mas não é nada disso: o olhar de Florestan está mais interessado em registrar os diferentes falares das crianças dos bairros paulistanos. Por exemplo: como decidir quem será o pegador em um jogo de esconde-esconde. Na Lapa, alguém cantava: “Lá em cima do piano tem um copo de veneno, quem bebeu morreu”. A cada sílaba da sentença, a criança que fazia o sorteio (que no meu bairro, aliás, se chamava “xiniqueiro”) apontava para outra, uma de cada vez. E ai do infeliz em que “caísse” a última sílaba.

Se você tem mais de 30 anos, certamente vai se lembrar de coisas assim. As brincadeiras, jogos, ditados e até palavrões e xingamentos que marcaram nossa infância registram também a transformação de uma São Paulo e de um Brasil rural num lugar predominantemente urbano.
Revista Aventuras na História

Eucalipto: Os 100 anos da árvore no Brasil


Camila Carvas


Há um século, o engenheiro agrônomo Edmundo Navarro de Andrade voltava da Austrália com um pequeno tesouro em suas malas. Não, não eram milhares de dólares: eram sementes de eucalipto. Sua missão ao cruzar os oceanos Atlântico e Índico era descobrir uma árvore que fornecesse carvão para as locomotivas e madeira para os dormentes das ferrovias. Contratado pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro, ele acabou trazendo ao Brasil uma espécie que hoje é o pilar de sustentação da indústria de papel e celulose, da qual o País ocupa a 8ª posição no ranking mundial.

Além de servir para a ampliação das estradas férreas – que cresciam conforme a lavoura cafeeira de São Paulo progredia –, o eucalipto foi utilizado a partir de 1905 também para reflorestar a mata nativa, desmatada por culturas de cana-de-açúcar desde o século 16.

Hoje, o reflorestamento com eucalipto é uma das atividades econômicas mais importantes a longo prazo. Enquanto ele leva sete anos para sofrer o primeiro corte, o pinheiro, por exemplo, demora 25. Segundo Boris Tabacof, presidente do Comitê de Papel e Produtos de Madeira da Organização das Nações Unidas, o Brasil tem 4,5 milhões de hectares plantados – um terço destinado à indústria de papel e celulose. Com a crise de madeira e de energia, a árvore também tornou-se alternativa para combustível e matéria-prima para a construção civil. E, ufa!, é usada ainda na produção de tecidos, perfumes e remédios.

Revista Aventuras na História

Desastres: Natureza irada


Os desastres que abalaram a humanidade

José Sérgio Osse 

Terremoto em São Paulo e em mais 4 estados, ciclone no Rio Grande do Sul e tornado em Santa Catarina. Parece que, de repente, o Brasil entrou na lista de países que sofrem com desastres naturais. Na verdade, já fomos vítimas de grandes castástrofes. Uma das maiores ocorreu perto do epicentro do terremoto que aconteceu em abril deste ano. Em 1532, um maremoto em São Vicente, no litoral paulista, aterrou a entrada do porto da região e forçou sua mudança para um novo local, em Santos. Mesmo assim, continuamos sendo peixe pequeno em matéria de devastação. “O Brasil não tem falhas geológicas importantes, não tem vulcões e está longe das zonas de atrito das placas tectônicas”, afirma o americano David Crossley, professor de Geologia da Universidade de Saint Louis. O mesmo não vale para várias outras regiões que, de tempos em tempos, sofrem com catástrofes grandiosas, que já deixaram um longo rastro de mortes e de prejuízos e se mostraram capazes de mudar os rumos da História. Conheça as maiores delas.

Ataques mortais
O pior deles matou 4 milhões de pessoas

79 d.C. - Chuva de cinza e rochas

Em 19 horas, o Vesúvio matou 16 mil pessoas. Uma chuva de cinza e rochas soterrou o balneário romano de Pompéia. Por outro lado, a erupção garantiu que a vila fosse mantida intacta para a posteridade.

1556 - O terremoto mais mortal

Embora não tenha sido o mais intenso da História, o tremor que atingiu a província de Shaanxi, na China, em 23 de janeiro de 1556, é o mais mortal de que se tem registro. Ele matou 830 mil pessoas.

1755 - Lisboa destruída

A capital portuguesa e várias cidades litorâneas do país foram devastadas por um terremoto, seguido de um tsunami com ondas de mais de 6 metros. O tremor, de 8,7 pontos na escala Ritcher, deu ao marquês de Pombal a chance de reconstruir Lisboa.

1780 - “Grande Furacão”

Também conhecido como Furacão de São Calixto, deixou 27 mil mortos em várias ilhas do Caribe. Ocorrido durante a guerra de independência dos Estados Unidos, afundou dezenas de navios ingleses e franceses posicionados na região.

1883 - O Krakatoa ruge

Depois de uma semana de erupções, o monte Krakatoa, na Indonésia, atingiu o auge da ira no dia 27 de agosto. Foi quando aconteceram quatro explosões, sendo que a última pôde ser ouvida a mais de 4 800 quilômetros. As detonações arremessaram rochas a mais de 80 quilômetros de altura.

1900 - Índia sem água

As secas na Índia são relativamente comuns desde o século 18. A maior dessas tragédias aconteceu no ano 1900, no norte do país. Estima-se que tenham morrido até 3,25 milhões de cidadãos indianos.

1931 - China com água demais

A inundação do rio Amarelo, na China, é considerada o desastre natural mais mortal da História. Deixou cerca de 4 milhões de mortos, seja durante a cheia, seja por causa das doenças provocadas pelo desastre.

1970 - Ventos de 222 km/h

Nunca houve ciclone tropical tão devastador. O Bhola surgiu na baía de Bengala e deixou de 300 mil a 500 mil mortos em Bangladesh e na Índia. Com ventos de 222 km/h, causou prejuízos de 500 milhões de dólares.

2002 - Morrendo no frio

Na república russa da Ossétia do Norte, uma placa de gelo de 150 metros de espessura percorreu 32 quilômetros de distância a uma velocidade de 100 km/h. Saldo da pior avalanche conhecida: 125 soterrados.

2004 - Ondas a 800 km/hO maior desastre natural do século 21 até agora foi causado por um terremoto de 9 pontos na escala Richter, na Indonésia. Mais de 225 mil pessoas foram mortas pelo tsunami, cujas ondas alcançaram 800 km/h.
REVISTA AVENTURAS NA HISTÓRIA

Geografia e a Arte

Geografia e a Arte
Currais Novos