domingo, 8 de julho de 2012

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Filamentos de matéria escura, como o que liga os aglomerados galácticos Abell 222 e Abell 223, talvez tenham mais da metade da matéria do Universo. 
Matéria Escura Revelada
Medida direta confirma existência em superaglomerado galáctico
por Zeeya Merali

Uma pequena parte da matéria escura do Universo, que dita onde as galáxias se formam, foi observada pela primeira vez: pesquisadores detectaram diretamente uma fina ponte de matéria escura unindo dois aglomerados galácticos. Para isso, usaram uma técnica que poderia ajudar astrofísicos a compreender a estrutura do Universo e identificar a constituição da misteriosa substância invisível. 

De acordo com o modelo padrão da cosmologia, estrelas e galáxias visíveis traçam um padrão no céu conhecido como teia cósmica, originalmente produzida pela matéria escura – a substância que se acredita ser responsável por quase 80% da matéria do Universo. Logo após o Big Bang, regiões levemente mais densas que outras atraíram matéria escura, que acabou se aglomerando e colapsando em “panquecas” planas. “Onde existe uma interseção dessas “panquecas” vemos grandes faixas de matéria escura, ou filamentos”, explica Jörg Dietrich, cosmólogo do University Observatory Munich, na Alemanha. Aglomerados de galáxias se formaram nos nós da teia cósmica, onde esses filamentos se cruzavam. 

A presença de matéria escura geralmente é inferida pela maneira com que sua forte gravidade curva a luz proveniente de galáxias distantes, distorcendo seus formatos aparentes como visto pelos telescópios da Terra. Mas é difícil observar essas ‘lentes gravitacionais’ de matéria escura em filamentos porque eles têm relativamente pouca massa. 

Dietrich e seus colegas contornaram esse problema estudando um filamento especialmente massivo, de 18 megaparsecs, que conecta os aglomerados galácticos Abell 222 e Abell 223. Por sorte, essa ponte sombria é orientada de modo que a maior parte de sua massa esteja localizada ao longo da linha de visão da Terra, o que aumenta o efeito de lente, como explica Dietrich. A equipe examinou a distorção de mais de 40 mil galáxias de fundo e calculou que a massa do filamento é de 6,5 × 1013 a 9,8 × 1013 vezes a massa do Sol. Seus resultados foram publicados essa semana na Nature

Equação da massa

Examinando os raios-X provenientes do plasma do filamento, observados pelo satélite XMM-Newton, a equipe calculou que não mais de 9% da massa do filamento poderia ser composta de gás quente. As simulações por computador da equipe sugerem que aproximadamente mais 10% da massa do filamento poderia se dever a estrelas e galáxias visíveis. Dietrich aponta que a maior parte, portanto, deve ser matéria escura. 

Mark Bautz, astrofísico do Massachusetts Institute of Technology, em Cambridge, ressalta que astrofísicos não sabem exatamente como a matéria visível segue os caminhos produzidos pela matéria escura. “A parte empolgante é que nesse sistema incomum nós podemos mapear tanto a matéria escura quanto a matéria visível juntas, e tentar entender como elas se conectam e evoluem ao longo do filamento”, declara ele. O telescópio espacial de raios-X do Japão, Astro-H, com lançamento previsto para 2014, conseguirá determinar o estado de ionização e a temperatura do plasma no filamento, o que ajudará a discriminar entre os diferentes modelos para a formação da estrutura.

O refinamento da técnica também poderia ajudar a determinar a identidade da matéria escura – se é composta de partículas frias (lentas) ou quentes (rápidas), como um neutrino – já que partículas distintas se acumulam de maneiras diferentes ao longo do filamento. A missão espacial Euclid, com lançamento previsto para 2019, fornecerá mais dados sobre as lentes. “Isso complementará as buscas diretas por matéria escura no Grande Colisor de Hádrons, por exemplo”, reforça Alexandre Refregier, cosmólogo do ETH Zurich, o Instituto Federal de Tecnologia de Zurique. 

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