quinta-feira, 28 de junho de 2012

Nas profundezas da Amazônia, um rio



Os estudos sobre o recém-descoberto Hamza ainda não foram finalizados, mas já se pode dizer que o rio, abaixo 4 quilômetros do Amazonas e cuja largura pode chegar a 400, é bem-vindo na manutenção do equilíbrio da biosfera. Foto: Amazonastur/ Governo do Amazonas/Ribarmar o Caboclo
Agosto de 2011, cidade do Rio de Janeiro. Aquele que era para ter sido tão somente mais um Congresso Internacional da Sociedade Brasileira de Geofísica, aliás, o 12º, transformou-se numa importante vitrine para uma equipe de pesquisadores de Geofísica do Observatório Nacional, sediado no Rio de Janeiro. No evento, a equipe anunciou uma descoberta que percorreu o mundo prontamente: um rio subterrâneo que se movimenta 4 quilômetros abaixo do Rio Amazonas. Por que tal acontecimento despertou tamanho interesse? Afinal, as águas subterrâneas são um fenômeno conhecido desde longa data. Os poços artesianos, as fontes, os aquíferos atestam. Além disso, a infiltração das águas em rochas calcárias possibilita a formação de cavernas e grutas, e nessas cavidades as águas escoam como riachos subterrâneos. A ilustração ao lado pode fornecer uma ideia da dimensão da descoberta, justificando tamanha repercussão na mídia e no meio científico.
Observe que o curso d’água em cena, batizado de Rio Hamza, em homenagem ao pesquisador de origem indiana e coordenador das pesquisas, Valiya Hamza, possui cerca de 6 mil quilômetros de extensão. Mas não somente a distância percorrida impressiona: em determinados pontos, sua largura pode chegar a 400 quilômetros e sua vazão média é de  3.090 m. Para efeitos de comparação, o Rio Amazonas apresenta até 100 quilômetros de largura no local pesquisado, e o Rio São Francisco uma vazão média de 2.700 m.


Como tudo começou

Entre os integrantes da equipe de pesquisadores da Coordenação de Geofísica do Observatório Nacional está a doutoranda Elizabeth Tavares Pimentel, da Universidade Federal do Amazonas. A descoberta faz parte de suas pesquisas envolvendo estudos sobre geotermia, ramo da Geologia que estuda a temperatura do planeta em diferentes profundidades. Para os estudos de geotermia profunda, a pesquisadora -valeu-se dos dados de temperatura de 241 poços perfurados pela Petrobras ao longo das décadas de 1970 e 1980, na Amazônia. Tais perfurações aconteceram em bacias sedimentares da região. Como se sabe, esse tipo de estrutura geológica pode estar associado à ocorrência de petróleo, razão pela qual foram realizadas as perfurações. Por outro lado, os -terrenos sedimentares apresentam porosidade e permeabilidade tal que permitem não só o escoamento e a circulação da água, como tambem o seu armazenamento. Essas características auxiliam no entendimento do fenômeno. Na altura do estado do Acre, a circulação da água é vertical até cerca de 2 quilômetros de profundidade-, onde muda de direção para, em profundidades maiores, ao redor dos 4 quilômetros, tornar-se quase horizontal. Nesse aspecto, o Rio Hamza- mais uma vez se distingue do Amazonas: enquanto neste as águas se deslocam a uma velocidade de 0,1 a 2 metros por segundo, naquele o fluxo se dá na ordem de 10 a 100 metros por ano. De fato, as rochas -sedimentares se assemelham a uma esponja, ou melhor, o atrito causado pela rocha sedimentar impede o deslocamento mais rápido das águas.

A essa altura, duas breves conclusões podem ser tiradas. Em primeiro lugar, que um fenômeno dessas dimensões não pode acontecer em qualquer ponto da Terra. Além das condições climáticas, próprias da região equatorial, das particularidades geológicas e geomorfológicas da Amazônia, não se pode desprezar a extensão, a superfície onde o evento está se dando. Por exemplo, na África Equatorial há uma semelhança do ponto de vista climático na chamada Bacia do Congo. Contudo, os terrenos sedimentares africanos não se encontram orientados como no caso amazônico, tampouco atingem a faixa litorânea. Observe o planisfério.
Em segundo lugar, um trabalho com o alcance do realizado pela Petrobras na Amazônia brasileira também não se verifica em território africano. Até porque, naquele continente, a região da Bacia do Congo encontra-se compartilhada por diversos países.
Feitas essas considerações, não pode ficar de fora dessa breve reflexão o entendimento que se tenha de rio. Será o Hamza-, de fato, um rio mesmo que subterrâneo? Nos debates que se seguiram à exposição da equipe do Observatório Nacional, houve quem questionasse se tal corpo d’água pode ser enquadrado enquanto um rio ou se não seria tão somente um aquífero. Entre os argumentos foi citada a velocidade do fluxo das águas subterrâneas, tida como muito inferior àquela própria de um rio. Contudo, qual velocidade deve ser tomada como referência? A isso se pode incluir outra observação, de caráter escalar: aquilo que no Sul do País pode ser tomado como um “verdadeiro” rio, na Amazônia não passaria de um igarapé. Ou seja, no atual estágio da pesquisa a respeito do Hamza parece prematura a necessidade de se levantarem critérios que possam ou não justificá-lo enquanto rio.
Por fim, e buscando apontar para a relevância do achado, o volume de água que chega ao Oceano Atlântico pode ser associado à ocorrência de verdadeiros bolsões de baixa salinidade na margem continental, isto é, nas bordas laterais do continente junto à foz do Rio Amazonas. Na medida em que o entendimento sobre o processo de formação do Rio Hamza e sua relação com o ambiente da Região Amazônica avançam, certamente algumas lacunas serão preenchidas e verdades tomadas como definitivas revistas. Importa destacar que os limites acerca da exploração dos recursos amazônicos, ou das relações sociedade–natureza, ficarão mais claros. Considerando-se as dimensões amazônicas e o alcance dos processos que se desenrolam na região, é de se esperar que os cuidados ambientais sejam redobrados. Nesse sentido, a descoberta do Rio Hamza é bem-vinda ao campo das lutas pela manutenção do equilíbrio dinâmico da biosfera.

Revista Carta Fundamental

O poder do tempo



2012 é ano bissexto. Não disseram que neste ano o mundo acabará? Superstição? Essa e outras questões fazem refletir sobre o passar dos dias e as criações humanas para marcá-lo. Foto: NASA

Por Roberto Filizola, professor do Departamento de Teoria e Prática de Ensino do Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná, autor da obra Didática da Geografia (Base Editorial, 2010)
Quantos anos você tem? Quem não saberia responder a essa pergunta? Por incrível que pareça, membros de algumas sociedades não sabem afirmar, de maneira precisa, suas idades. Ao menos uma das razões para isso está na inexistência do calendário em suas culturas. Basta olharmos à nossa volta e prontamente reconhecer não só o valor que atribuímos, como a relevância do calendário para a organização de nossas vidas. Temos, portanto, um interessante ponto de partida para pensar a origem do calendário.
Primeiramente, é interessante observar que esse termo tem origem latina, calendarium, e significava “livro de contas”. Na antiga Roma, o primeiro dia do mês era dedicado ao pagamento das contas do mês anterior, e também era denominado de calendae – calendas –, tendo dado origem à palavra calendário. Assim, se hoje a pessoa que elabora calendários se denomina calendarista, o verbo calendarizar diz respeito à organização do tempo por meio do calendário. Não dependemos de um calendário escolar para planejar e organizar nossas atividades?
Pois bem, o calendário, ou simplesmente a folhinha, tem por finalidade nos auxiliar na marcação da passagem do tempo. Daí não termos dificuldade de saber a nossa idade. O calendário possibilita organizar o tempo, ou melhor, dividi-lo em dias, semanas e meses. Temos assim que o ano pode ter um início e um fim, uma duração ou extensão e suas divisões. Decorrem disso questões curiosas: por que atribuímos ao ano a duração de 12 meses? Como se obtém a duração do mês?
Tais questionamentos só reforçam a ideia de que para “montar” um calendário necessitamos de critérios. Mais do que isso, critérios arbitrários. Não é à toa, portanto, que existem inúmeros calendários: o egípcio, o juliano, o judaico, o gregoriano, o lunar, o solar, o maia, o asteca, o romano, o muçulmano, o chinês… Sendo assim, no que e com base em que civilizações, povos e religiões organizavam seus calendários?
Natureza versus medição do tempo
No mundo natural, animais e plantas adaptam-se a inúmeras situações. A espécie humana também teve de adaptar-se ao meio para poder perpetuar-se. Por outro lado, os seres humanos aprenderam a intervir no ambiente, a alterá-lo para potencializar sua existência. Nesse processo, a observação, a tentativa de entendimento do funcionamento das partes que compõem a natureza foi de fundamental importância. Como os grupos humanos desenvolveram a agricultura? Sem dúvida, a observação de que uma planta específica se desenvolvia a partir da queda ao chão de certas sementes encontra-se por detrás da história da agricultura. E quanto ao tempo, isto é, à sua medição?

Curiosamente, existe uma forte relação entre a invenção da agricultura e a divisão do tempo. Isso porque, para as sociedades agrícolas, era necessário saber a época apropriada para o plantio e a colheita, assim como para comemorar suas festividades religiosas, aí incluída a festa da colheita. Isso não significa dizer que sociedades coletoras e pescadoras também não dependessem de uma base natural de divisão do tempo. Mas naquelas, esse fato era mais expressivo.
Assim, as estações do ano tinham início e fim, ou melhor, se sucediam umas às outras. Relacionando sua periodicidade ao aparecimento no céu de uma determinada estrela, e mesmo pelo número de vezes que uma fase da Lua se repetia, o tempo passou a ser contado, organizado. Em outras palavras, os grupos humanos desenvolveram uma consciência crescente a seu respeito, a ponto de criar o calendário e o relógio.
Quanto à organização do -calendário, -encontra-se associada ao movimento aparente do Sol na esfera celeste ao longo de um período, o qual se convencionou denominar ano. Assim como percebemos que, ao longo do ano, a iluminação pelo Sol de determinados cômodos de nossas casas se altera, os povos mais antigos percebiam que, a cada dia, o Astro-Rei nascia e se punha num ponto diferente no horizonte. Esse tipo de observação, ao lado do reconhecimento de que o “mapa do céu” sofria modificações ao longo do ano, revelou para esses povos que o Sol se movimentava cumprindo um ciclo como se girasse em torno de algo. A esse ciclo, portanto, correspondia o período de um ano.
Qual critério estabelecer para determinar o início desse ciclo, ou do ano? Os primeiros calendários baseados no movimento aparente do Sol assinalavam seu início quando começava a primavera no Hemisfério Norte. Por outro lado, antigos calendários também foram estabelecidos a partir da Lua, ou seja, com base em suas fases. Se o calendário solar possui 365 dias, o lunar conta com 11 dias a menos: 354.
O ano bissexto
Quando nos referimos ao movimento aparente do Sol na abóbada celeste, na realidade estamos tratando do movimento de translação da Terra. Trata-se, portanto, do movimento que nosso planeta realiza ao redor do Sol e tem a duração de 365 dias, 5 horas e 48 minutos. Essa é a referência para a construção do nosso calendário. É desse movimento, ainda, que decorrem as estações do ano. Os calendários solares, portanto, prestam-se melhor para marcar as datas das estações do ano.

É necessário salientar que o tempo que a Terra leva para completar uma volta em redor do Sol não pode ser tomado como um número exato de rotações (movimento que a Terra executa em torno de si mesma). Em outras palavras, o ano e o dia têm durações que não são múltiplos entre si. Assim sendo, em todo ano “sobram” 5 horas e 48 minutos no nosso calendário, razão pela qual a cada quatro anos se acrescenta um dia ao calendário, no mês de fevereiro. Caso contrário, o ano-novo não teria início à zero hora do dia 1º de janeiro, mas em instantes diferentes sempre que a Terra completasse uma órbita. Como os calendários são criados para durar, permitindo que determinadas datas possam ser marcadas e mantidas fixas, esse mecanismo é eficiente e evita confusões.
Revista Carta Fundamental

terça-feira, 26 de junho de 2012

Notícias Geografia Hoje


Análise - Ambição baixa de conferência reflete indefinição global
CLAUDIA ANTUNES


A Rio+20 evitou detalhar agora o conteúdo do que seria uma "economia verde inclusiva". Era irrealista esperar mais do que isso, quando há crise nos países ricos, campanha eleitoral nos EUA e transição na ordem global -os emergentes têm maior força econômica, mas bolsões de subdesenvolvimento.
Sinal do momento é que a que a delegação dos EUA, ainda a superpotência, evitou exposição pública no Rio. Nos bastidores, trabalhou para aguar o acordo.
Desenvolvimento sustentável pode ser um termo surrado, mas não é um desafio corriqueiro. Como disse o chefe do programa ambiental da ONU, Achim Steiner, ele exige dos ricos que descasem desenvolvimento e consumo e dos demais que cresçam de modo "verde".
O barulho midiático das ONGs cumpre o papel de pressionar os poderes. Mas o fato de que acreditem ter soluções não significa que podem substituir decisões de governos, em especial os eleitos democraticamente.
Se coubesse aos ambientalistas definir metas obrigatórias para o mundo, é improvável que houvesse acordo. Para citar uma divergência, só parte deles aceita mecanismos de mercado para compensar emissões de carbono.
O governo Dilma chegou à Rio+20 desgastado com ativistas, por causa do Código Florestal e de Belo Monte. Diante da cacofonia de protestos, quis reduzir os danos num ambiente muito menos controlável que o Planalto.
Enquadrou as críticas do secretário-geral da ONU e antes fez questão de um acordo antes da chegada dos chefes de Estado. Acabou dando às ONGs mais tempo para expressar descontentamento. Há quem argumente que megaconferências são ineficazes. Mas são reuniões como esta que dão legitimidade a instâncias mais restritas.
Folha de S. Paulo

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Notícias Geografia Hoje

 Com mais áreas de lavoura, venda de fertilizantes dispara
'Uso de fertilizantes e agrotóxicos acompanha comportamento da agricultura', aponta IBGE
Luciana Nunes Leal e Vinícius Neder
As informações sobre agricultura divulgadas nesta segunda-feira, 18, pelo IBGE são o retrato dos dilemas do País no caminho para o desenvolvimento sustentável, que pressupõe crescimento com preservação ambiental e inclusão social.

Venda de fertilizantes passou de 69,4 quilos por hectare em 1992 para 155 quilos por hectare em 2010 - Moises Eustáquio Oliveira/AE
Moises Eustáquio Oliveira/AE
Venda de fertilizantes passou de 69,4 quilos por hectare em 1992 para 155 quilos por hectare em 2010


Embora sejam bem menores que as áreas de pastagem, as áreas de lavouras vêm crescendo no País e, com isso, aumenta também a venda de fertilizantes e agrotóxicos. A área de lavoura passou de 6% para quase 8% do território brasileiro entre 1992 e 2010. Nesse mesmo período, a comercialização de fertilizantes passou de 69,4 quilos por hectare em 1992 para 155 quilos por hectare em 2010. O consumo de agrotóxicos passou de 3,2 quilos por hectare em 2000 para 3,6 em 2009.

"Não tem solução fácil no desenvolvimento sustentável. O uso de fertilizantes e agrotóxicos acompanha o comportamento da agricultura. As áreas cultivadas aumentam, mas isso tem consequências ambientais. Melhora de um lado, mas impacta o meio ambiente de outro", diz Denise Kronemberger, da Coordenação de Recursos Naturais e Estudos Ambientais do IBGE e coordenadora técnica dos IDS 2012.

A evolução da venda de fertilizantes entre 1992 e 2010 acompanhou as oscilações da economia brasileira. Neste período, a comercialização teve queda entre 2003 e 2005, período de crise na agricultura, e em 2008 e 2009, segundo o IBGE em consequência da crise econômica internacional.

O aumento das pastagens plantadas, que crescem sobre as áreas de pastagem natural, o que indica a expansão da pecuária, também fez crescer a venda de fertilizantes e agrotóxicos, segundo o IBGE. A pesquisa divulgada hoje, no entanto, não tem dados atualizados sobre áreas de pastagens e repete as informações da última publicação de Indicadores do Desenvolvimento Sustentável. Entre 1996 e 2006, as áreas de pastagens plantadas tiveram aumento de 2,7% e as pastagens naturais caíram 26%.

Além de danos ao solo, rios e lagos, os fertilizantes e agrotóxicos aumentam a emissão de gases do efeito estufa, destaca o IBGE. "A agricultura moderna tem gerado impactos ambientais que comprometem a sustentabilidade dos ecossistemas agrícolas a médio e longo prazos, embora esteja elevando a produtividade e permitindo atingir níveis de produção que atendem às demandas do mercado", diz a pesquisa. "O aumento da produção de alimentos de maneira sustentável continua sendo o grande desafio do setor agrícola", conclui.

A presidente Dilma Rousseff tem insistido no fato de que o desenvolvimento sustentável no País é um caminho sem volta, independente das oscilações da economia, e cita a diminuição da pobreza como um dos indicadores objetivos. Entre 1995 e 2009, o PIB per capita passou de R$ 4.441 para R$ 5.390. Outro dado comemorado pelo governo tem sido a redução da desnutrição infantil, que era de 18,4% das crianças com menos de um ano de idade, em 1975, passou a 5,7%, em 1996, e chegou a 2,8% em 2009.
Jornal  O Estado de S. Paulo

Notícias Geografia Hoje

Mata Atlântica perdeu 88% da área original, diz IBGE

Bioma é o mais devastado do País; desmatamento do cerrado chega a 49,1%, apontam dados
 Luciana Nunes Leal e Vinícius Neder
A dois dias do início da cúpula da Rio+20, em que mais de cem chefes de Estado discutirão o futuro do planeta, o IBGE divulgou nesta segunda-feira, 18, a pesquisa Indicadores de Desenvolvimento Sustentável 2012. Entre outros dados, traça o retrato do desmatamento no País. Pela primeira vez o IBGE apresenta os dados de devastação de todo o território, para além da Amazônia. 

De 1,8 milhão de km² de Mata Atlântica, sobraram 149,7 mil km² - Paulo Liebert/AE
Paulo Liebert/AE
De 1,8 milhão de km² de Mata Atlântica, sobraram 149,7 mil km²

Os indicadores revelam que estão preservados apenas 12% da área original da Mata Atlântica, o bioma mais devastado do País. De 1,8 milhão km², sobraram 149,7 mil km². A área desmatada chega a 1,13 milhão km² (88% do original) _ quase o Estado do Pará e mais que toda a região Sudeste. Os dados se referem ao ano de 2010. Depois da Mata Atlântica, o Pampa gaúcho é o mais desmatado: perdeu 54% de sua área original, de 177,7 mil km² até 2009.

A devastação do Cerrado, segundo maior bioma do País, chegou a 49,1% em 2010. Na edição anterior dos IDS, divulgada há dois anos, o IBGE havia apontado devastação de 48,37% do Cerrado. Em dois anos, foram desmatados 52,3 mil km² _ quase o Estado do Rio Grande do Norte.

A caatinga perdeu 45,6% de seus 826,4 mil km² originais. O Pantanal é o menor e mais preservado bioma: perdeu 15% da área total de 150,4 mil km². As informações referem-se a 2009.

O IBGE apresentou os índices de desmatamento de todos os biomas extra-amazônicos, já que a Amazônia tem um monitoramento específico, mais antigo e mais detalhado.

Biomas são territórios com ecossistemas homogêneos em relação à vegetação, ao solo, ao clima, à fauna e à flora. O Brasil é dividido em seis biomas. A pesquisa do IBGE chama atenção para o fato de que o desmatamento, além dos danos ao solo, aos recursos hídricos e às espécies de fauna e flora, aumenta as emissões de gás carbônico na atmosfera.

"O monitoramento dos biomas brasileiros torna-se indispensável não só para sua preservação como para qualquer tipo de intervenção ou lei que pretenda regular o uso dos recursos naturais no Brasil. A partir dos levantamentos de desmatamentos e áreas remanescentes, o Brasil saberá onde estão as áreas que precisam ser recuperadas e as que poderão servir às atividades econômicas, sem abertura de novas áreas", diz o estudo.

Por ser o bioma mais devastado, a Mata Atlântica também tem o maior número de espécies da fauna extintas ou ameaçadas de extinção: cerca de 260. No total, o IBGE apontou nove espécies extintas, 122 espécies criticamente em perigo, 166 em perigo e 330 vulneráveis.
Jornal O Estado de S. Paulo

Notícias Geografia Hoje

Saturno, a lua Tétis e as mudanças
Mesmo em uma cena calma como a acima, em que Saturno e sua lua Tétis parecem congelados no tempo, a sonda espacial Cassini indica pistas de como o  planeta está sempre mudando.

No hemisfério norte de Saturno é possível ver as cicatrizes deixadas pela grande tempestade que se alastrou pela sua superfície em 2011. Além disso, dia após dia, as sombras projetadas pelos anéis no hemisfério sul crescem em direção ao verão que agora se encontra no norte, afirma a Nasa.

A lua Tétis aparece bem acima dos anéis, pequenina, mais à esquerda do centro desta imagem, que, aliás, foi produzida a uma distância de aproximadamente 12,3 milhões de quilômetros.
Jornal O Estado de S. Paulo

Notícias Geografia Hoje

Pesquisadores fizeram mapa com detalhes do relevo - Nasa/Divulgação
Nasa/Divulgação

 Cratera no polo sul da Lua poderia conter depósitos de gelo

Pesquisadores analisam brilho encontrado em cratera, mas ainda não confirmaram teoria


Pesquisadores fizeram mapa com detalhes do relevo

 A cratera Shackleton, próxima ao polo sul da lua, poderia conter gelo, segundo uma equipe de pesquisadores americanos que ainda não conseguiu comprovar tal informação, informou a revista "Nature".

Cientistas do Massachusetts Institute of Technology (MIT), liderados pela geofísica Maria Zuber observaram as diferentes partes da cratera e elaboraram duas teorias que poderiam explicar o grande brilho que emitem, maior nas paredes do que no solo.

"Descobrimos que o interior da cratera é mais brilhante do que em qualquer outro ponto do polo sul da lua, e que suas paredes brilham mais ainda do que o solo", declarou à Agência Efe María, autora do artigo.

Duas teorias explicariam este brilho: o deslizamento de escombros lunares pelas paredes da cratera, que deixariam descoberto o novo material mais brilhante, e a presença de gelo no solo de Shackleton.

Segundo María, o gelo poderia cobrir uma parte do solo do interior da cratera.

"A análise das ladeiras e da rugosidade da cratera indica que provavelmente as paredes são brilhantes pelo material que desliza por elas. O solo, por sua vez, possivelmente pode conter até 20% de água", estimou a pesquisadora, que ressaltou que seu estudo não comprova esta teoria.

O interior da cratera Shackleton quase não recebe raios solares e sua temperatura é muito baixa, características que chamaram a atenção dos pesquisadores diante da possibilidade de encontrar água congelada em sua parte mais profunda.

A equipe de Maria Zuber elaborou um conjunto de mapas que reconstroem com grande detalhe o relevo, as ladeiras, a rugosidade e o brilho das diversas partes da cratera.

O estudo revelou também que a Shackleton, de 21 quilômetros de diâmetro, está em estado "excepcionalmente bom", apesar de seus mais de 3 bilhões de anos.

O solo de seu interior, situado a quatro quilômetros de profundidade, "é muito irregular, com montes de até 200 metros" formados por um material que provavelmente foi levado até a lua pelo meteorito que formou a cratera.

"Às vezes pensamos na lua como um planeta morto, sem atividade geológica, mas nossas descobertas mostram que no polo sul aconteceu um transporte de massa causado pelo impacto de meteoritos próximos", acrescentou María.
Jornal O Estado de S. Paulo

terça-feira, 19 de junho de 2012

Poluição da Águas em Charges





Primavera Árabe em Charges









Notícias Geografia Hoje


Nasa/Divulgação

Telescópio 'caçador' de buracos negros é colocado em órbita
Equipamento ajudará cientistas a estudar expansão do universo e formação de galáxias

Reuters
O NuStar, telescópio com tecnoloia de raio X que vai dar mais informações sobre a formação das galáxias, foi colocado em órbita nesta quarta-feira, 13, para iniciar uma missão de dois anos no espaço, informaram funcionários da Nasa. O equipamento também vai ser usado para que astrônomos estudem buracos negros e outros fenômenos espaciais.

O telescópio vai circular na órbia da Terra durante seus dois anos de missão. O dispositivo é capaz de examinar grupos de galáxias, supernovas e regiões do espaço onde partículas são aceleradas a uma velocidade próxima à da luz, como perto de buracos negros.
Quanto às supernovas, os restos da explosão de uma estrela gigante, os cientistas pretendem obter mais informações sobre traços de titânio radioativo. "Há uma grande varidade de fenômenos, das estrelas de neutrons até resquícios de explosões estelares que ainda não identificamos", disse Fiona Harrison, uma das pesquisadoras do Instituto de Tecnologia da Califórnia.
As supernovas servem como padrão de medida para determinar a taxa de expansão do universo. Os astrônomos acreditam que a luz emitida pelas explosões é um indicador do quão longe a estrela morta está da terra. "Com essas observações, teremos uma ideia melhor da física de uma supernova", disse Daniel Stern, cientista do projeto do NuStar.
Os cientistas ainda disseram que a tecnologia de identificação de raios X do NuStar pode revelar a localização de buracos negros. "Estamos certos de que toda grande galáxia tem um buraco negro gigantesco em seus centros e acreditamos que a maioria dos que estão ativos, atream matéria e emitem muita luz estão escondidos sob nuvens de gás e poeira", disse Stern. O NuStar é capaz de analisar o espaço por trás dessas nuvens.
O telescópio tem duas conchas formadas por 133 espelhos feitos de vidros flexíveis, como os que são usados nas telas de laptops. Como os raio x precisa de uma grande área para adaptar seu foco, o equipamento tem também um mastro de quase 11 metros. O custo total foi de US$ 180 milhões.
Jornal O Estado de S. Paulo

sábado, 9 de junho de 2012

20 anos depois da Eco-92

Foto: AFP PHOTO OLIVIER MORIN

Agravamento global

Vinícius Carvalho - redacao@revistaecologico.com.br


Passados 20 anos da Eco-92, foram realizadas 17 Conferências das Partes (COP) sobre mudanças climáticas, nove COPs sobre desertificação e  outras dez sobre biodiversidade. Muitas promessas e medidas foram tomadas, mas os desequilíbrios climáticos se aceleraram, a biodiversidade regrediu e a desigualdade social no mundo escalou. Confira parte do que mudou nesses 20 anos, segundo informações dos documentos de referência destacados pela ONU para a Rio+20.

Emis­sões
As emis­sões glo­bais de CO2 cres­ce­ram 36% de 1992 até ho­je, pas­san­do de 22 bi pa­ra 30 bi­lhões de to­ne­la­das. O au­men­to foi mais in­ten­so nos paí­ses em de­sen­vol­vi­men­to, on­de as emis­sões cres­ce­ram em mé­dia 64%. Ape­sar des­te cres­ci­men­to ter si­do me­nor nos paí­ses ri­cos (8%), eles con­ti­nuam res­pon­den­do pe­la maior par­te das emis­sões: cer­ca de 10 ve­zes mais, em mé­dia, do que os paí­ses em de­sen­vol­vi­men­to.

Po­pu­la­ção
Des­de 1992, a po­pu­la­ção mun­dial pas­sou de 5,5 pa­ra 7 bi­lhões de ha­bi­tan­tes. A maio­ria nas­ceu em paí­ses po­bres e em de­sen­vol­vi­men­to. En­quan­to o cres­ci­men­to po­pu­la­cio­nal es­ca­lou 67% na Ásia Orien­tal e 53% na Áfri­ca nes­te pe­río­do, na Eu­ro­pa a ex­pan­são foi de ape­nas 4%. De olho no cres­ci­men­to da de­man­da, a ONU es­ti­ma que se­rão ne­ces­sá­rios 50% mais co­mi­da, 45% mais ener­gia e 30% mais água pa­ra abas­te­cer a cres­cen­te po­pu­la­ção mun­dial até 2030.

Re­cur­sos na­tu­rais
O uso glo­bal de re­cur­sos na­tu­rais cres­ceu cer­ca de 40% de 1992 até ho­je, atin­gin­do 60 bi­lhões de to­ne­la­das. En­tre os prin­ci­pais gru­pos de ma­te­riais ex­plo­ra­dos no pe­río­do, des­ta­que pa­ra o au­men­to no uso de mi­ne­rais pa­ra uso in­dus­trial (80%) e na cons­tru­ção ci­vil (60%). Nes­te úl­ti­mo ca­so, a de­man­da por ci­men­to cres­ceu de 1,1 bi­lhão pa­ra 3 bi­lhões de to­ne­la­das, en­quan­to o con­su­mo de aço sal­tou de  720 mi­lhões pa­ra 1,4 bi­lhão de to­ne­la­das des­de 1992.

Aque­ci­men­to
Se­gun­do rankin­gs ela­bo­ra­dos pe­los prin­ci­pais cen­tros de pes­qui­sa cli­má­ti­ca do mun­do, o pla­ne­ta fi­cou mais quen­te. Na­da me­nos que 18 dos úl­ti­mos 21 anos fi­gu­ra­ram na lis­ta dos 20 mais quen­tes des­de que a tem­pe­ra­tu­ra mé­dia do pla­ne­ta co­me­çou a ser me­di­da, em 1880.

Ele­va­ção dos ma­res
En­tre 1992 e 2011, o ní­vel do mar su­biu cer­ca de 2,5 mi­lí­me­tros por ano. As prin­ci­pais cau­sas di­zem res­pei­to não ape­nas ao der­re­ti­men­to das ca­lo­tas po­la­res no Ár­ti­co, na An­tár­ti­ca e na Groe­lân­dia. O au­men­to da tem­pe­ra­tu­ra mé­dia dos ocea­nos tam­bém re­sul­tou em ex­pan­são do vo­lu­me da água dos ma­res.

Flo­res­tas
Cer­ca de 13 mi­lhões de hec­ta­res de flo­res­ta fo­ram con­ver­ti­dos anual­men­te pa­ra ou­tros usos en­tre 2001 e 2010, con­tra uma mé­dia de 16 mi­lhões de hec­ta­res anuais en­tre 1992 e 2000. Ape­sar das ta­xas de des­ma­ta­men­to te­rem di­mi­nuí­do, a es­ca­la da de­vas­ta­ção ain­da é bru­tal: al­go co­mo 300 mi­lhões de cam­pos de fu­te­bol em área equi­va­len­te de flo­res­ta de­sa­pa­re­ce­ram des­de 1992.

Bio­di­ver­si­da­de
Em mé­dia, na­da me­nos que 52 es­pé­cies de ver­te­bra­dos en­tra­ram, por ano, na lis­ta de ani­mais amea­ça­dos de ex­tin­ção des­de 1992. O im­pac­to so­bre a bio­di­ver­si­da­de foi es­pe­cial­men­te maior nos tró­pi­cos, on­de de­cli­nou em 30%. Atual­men­te, um quin­to das es­pé­cies de ver­te­bra­dos, 13% dos pás­sa­ros e 41% dos an­fí­bios são con­si­de­ra­dos “amea­ça­dos”. Um quar­to das es­pé­cies de plan­tas se en­qua­dra no mes­mo ris­co.

Plás­ti­cos
A quan­ti­da­de de plás­ti­cos pro­du­zi­da glo­bal­men­te sal­tou de 116 mi­lhões de to­ne­la­das, em 1992, pa­ra 265 mi­lhões de to­ne­la­das no ano pas­sa­do. Tra­ta-se de um cres­ci­men­to de 130%.  O uso per ca­pi­ta de plás­ti­co nas re­giões mais de­sen­vol­vi­dos che­gou a 100 qui­los por pes­soa, con­tra 20 qui­los nos paí­ses em de­sen­vol­vi­men­to.

Uni­da­des de con­ser­va­ção
O nú­me­ro de uni­da­des de con­ser­va­ção au­men­tou 42% no mun­do des­de 1992. Con­tu­do, sua dis­tri­bui­ção ain­da é de­si­gual e seu rit­mo de ex­pan­são tem caí­do nos úl­ti­mos anos, se­gun­do a ONU. Atual­men­te, 13% da su­per­fí­cie ter­res­tre são con­si­de­ra­dos pro­te­gi­dos. Es­te nú­me­ro cai pa­ra 7% se con­si­de­ra­das as re­giões cos­tei­ras e pa­ra ape­nas 1,4% quan­do se tra­ta dos ocea­nos.

Po­bre­za e de­si­gual­da­de
Em 1992, 46% por cen­to da po­pu­la­cão mun­dial vi­viam em “ab­so­lu­ta po­bre­za”. Es­se nú­me­ro caiu pa­ra 27% em 2005, com ten­dên­cia de no­va re­du­ção pa­ra 15% em 2015. Con­tu­do, o avan­ço se deu pe­la ex­plo­ra­ção pre­da­tó­ria dos re­cur­sos na­tu­rais e com au­men­to sig­ni­fi­ca­ti­vo da de­si­gual­da­de, se­gun­do a ONU. A di­fe­ren­ça en­tre a ren­da bá­si­ca mé­dia nos paí­ses ri­cos e po­bres, por exem­plo, au­men­tou em 20% des­de 1992.

De­sas­tres na­tu­rais
Ape­sar de ale­gar não ha­ver com­pro­va­ção cien­tí­fi­ca de que os re­cen­tes de­sas­tres na­tu­rais se ex­pan­di­ram nas úl­ti­mas duas dé­ca­das, a ONU re­co­nhe­ce que do­bra­ram as no­ti­fi­ca­ções a es­se res­pei­to. O nú­me­ro de de­sas­tres na­tu­rais re­por­ta­dos sal­tou de 200 pa­ra 400 por ano des­de 1992. Em 2011, 90% de­les fo­ram atri­buí­dos a even­tos cli­má­ti­cos crí­ti­cos.

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Rio Negro de lixo
O nível recorde do rio chegou a 29,79 metros acima do mar e afetou 75 mil famílias
redacao@revistaecologico.com.br


Foto: Stringer-Reuters
Não é somente o mar que devolve nas praias a poluição que jogamos nele. Os rios também mandam de volta o que não é da sua natureza. Exemplo maior dessa rejeição planetária aconteceu no Rio Negro que, com outro afluente, o Solimões, forma a partir de Manaus, o maior rio do mundo. Pois até a semana passada, quando ocorreu a maior cheia da sua história, fruto de desmatamentos e erosões pelo caminho, ele devolveu às populações ribeirinhas da capital do Amazonas o que com mais elas também o agridem: lixo, muito lixo. A ponto de esconder, totalmente, as suas águas. Sinal dos tempos e de uma Amazônia mais suja, às vésperas da Rio + 20.
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