terça-feira, 1 de novembro de 2011

O que ensinar em Geografia

O ensino de Geografia do 1º ao 5º ano deve se apoiar em saídas de campo, leitura de textos de todos os gêneros e na produção e interpretação de mapas

Anderson Moço
CARTOGRAFIA Conhecer territórios e suas representações é um dos objetivos da análise de mapas


O homem do século 21 revê o seu relacionamento com o meio ambiente e estuda as consequências de sua interação desmedida com a natureza. As fronteiras políticas se alteram por acordos ou guerras. A globalização aproxima, ao mesmo tempo que coloca em conflito diferentes povos. Com tudo isso, a maneira de ensinar a ciência que estuda a Terra e suas transformações também se modifica. A Geografia tem passado por amplas tentativas de renovação para conseguir formar estudantes capazes de compreender as relações entre a sociedade e a natureza. Nessas idas e vindas, foram criados caminhos e, às vezes, também equívocos. Hoje existem três perspectivas de ensino que, segundo os especialistas, devem ser trabalhadas de forma complementar para que o espaço - principal objeto de estudo da disciplina - seja bem compreendido: a perspectiva tradicional, a crítica e a cultural.

Quando o foco da Geografia estava nas descrições físicas dos lugares, os estudos se concentravam em identificar os componentes da paisagem (tipos de vegetação, relevo e clima), o número de habitantes e o nome de cidades e rios importantes que banham a região. Essa abordagem, chamada de tradicional, era "a ciência dos lugares e não dos homens", na definição do francês Vidal de La Blache (1845-1918). "Acreditava-se que, se os alunos conhecessem as características físicas do território, desenvolveriam uma consciência de nação", conta Francisco Capoano Scarlato, do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo.

Na década de 1960, alguns geógrafos, em especial os franceses, passaram a defender que o estudo deveria se posicionar criticamente frente à realidade e à ordem constituída - e o geógrafo ser um agente de transformação social. Assim, a disciplina se aproximou das ciências políticas. "Era a corrente crítica se opondo à tradicional. As principais características dessa concepção eram estudar o homem interagindo sobre o meio e conceber as relações sociais e de trabalho como decisivas na transformação do território", explica Marcos Bernardino de Carvalho, coordenador da pós-graduação em Geografia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Nela, cabe ao professor mostrar os problemas sociais e, ao mesmo tempo, despertar nos alunos a consciência sobre seu papel como cidadãos ativos na resolução dos problemas locais e gerais.
Uma das respostas a essa questão veio de pesquisadores que se debruçaram sobre o estudo da Geografia cultural - corrente criada na Alemanha no fim do século 19. Ela defende um relacionamento mais próximo com ciências como História, Antropologia, Sociologia, Filosofia e Psicologia, tendo foco na cultura e nas representações que o homem faz de si, dos outros e do espaço. "O valor que as pessoas atribuem à mata próxima da casa, ao shopping onde fazem compras ou às praças é levado em conta para retratar a realidade", explica Roberto Lobato Correa, do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Muitos educadores acharam que a análise da relação do homem com seu meio aprofundaria o conhecimento sobre os territórios. A capacidade dos alunos de compreender o mundo e dar significado ao que se aprende na disciplina, aproximando o conhecimento escolar das próprias vidas, também seria facilitada. Afinal, no mundo globalizado são a cultura e as manifestações locais que garantem a noção de pertencimento a um lugar.

Uma das respostas a essa questão veio de pesquisadores que se debruçaram sobre o estudo da Geografia cultural - corrente criada na Alemanha no fim do século 19. Ela defende um relacionamento mais próximo com ciências como História, Antropologia, Sociologia, Filosofia e Psicologia, tendo foco na cultura e nas representações que o homem faz de si, dos outros e do espaço. "O valor que as pessoas atribuem à mata próxima da casa, ao shopping onde fazem compras ou às praças é levado em conta para retratar a realidade", explica Roberto Lobato Correa, do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Muitos educadores acharam que a análise da relação do homem com seu meio aprofundaria o conhecimento sobre os territórios. A capacidade dos alunos de compreender o mundo e dar significado ao que se aprende na disciplina, aproximando o conhecimento escolar das próprias vidas, também seria facilitada. Afinal, no mundo globalizado são a cultura e as manifestações locais que garantem a noção de pertencimento a um lugar.
Revista Nova Escola

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