domingo, 3 de abril de 2011

Transição Demográfica Brasileira


Neste ano de 2010, foi realizado o 12º censo demográfico brasileiro. Os dados divulgados a partir do mês de novembro se mostram bastante interessantes, visto que o perfil demográfico do país será traçado e servirá como base para a elaboração de políticas públicas que atendam às necessidades da sociedade e até mesmo para investimentos privados nas mais diversas áreas.

Busca-se, com os censos, analisar números absolutos da população e suas condições de vida no interior dos domicílios, bem como a estrutura por gênero, idade, fecundidade, mortalidade, migrações e outros quesitos. Para as políticas setoriais, o tamanho da população determina a quantidade de recursos para cada município.




Primeiro recenseamento brasileiro
A Coroa Portuguesa, com fins militares, realizou em 1750 o primeiro censo da população no Brasil. Em 1846, foi criado o primeiro regulamento censitário do país, que fixava o intervalo de oito anos para execução do censo demográfico. Iniciado só em 1852, este censo foi palco de uma polêmica entre os negros libertos, que acreditaram que seriam escravizados. Considerado como o primeiro censo nacional, em 1872 foi realizado o “Recenseamento da População do Império do Brasil”. A partir de 1750 é que se tem informações oficiais sobre a população do Brasil a mando Um novo regulamento censitário foi estabelecido em 1870, aumentando o tempo entre censos de oito para dez anos. Em 1872 foi realizado o primeiro censo nacional no Brasil que recebeu o nome de Recenseamento da População do Império do Brasil. O censo seguinte, pela legislação, seria em 1882 e não ocorreu. Com o fim do Império e a Proclamação da República em 1888 um novo censo foi realizado em 1890 seguido de censo em 1900. Em 1910 não foi realizada contagem retornando em 1920. Em 1930 também não houve censo.

Os recenseamentos populacionais representam uma recomendação internacional, permitindo comparar o Brasil com diferentes regiões do mundo. O censo constitui-se praticamente como a única fonte de informação sobre características da população brasileira.

O primeiro recenseamento brasileiro foi feito em 1872. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), criado em 1936, organizou o censo de 1940 e teve sua metodologia copiada por outros países. Desde então, a cada dez anos, o país faz o recenseamento, com exceção do ano 2000, cujo censo foi transferido para o ano seguinte.

O TRABALHO PRÁTICO DO PROFESSOR

Antes de tudo, é importante que o professor trabalhe em sala de aula os conhecimentos básicos da demografia, a exemplo de expressões como população absoluta e relativa. É também fundamental posicionar o Brasil como um dos países mais populosos do mundo, ao mesmo tempo em que se deve destacar a sua baixa densidade demográfica, se comparada à média mundial.

Quanto à distribuição da população pelo território, é importante evidenciar tanto o povoamento litorâneo quanto o processo de interiorização na última década, sobretudo na região Centro-Sul e regiões amazônicas. É também bastante importante explicar como a população cresce, destacando que ela pode aumentar pela entrada de imigrantes ou pelas relações entre taxas de natalidade e mortalidade.

Dessa forma, são abordadas as diferentes fases do crescimento vegetativo (a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade em determinado território) para explicar tanto o significativo acréscimo da população brasileira em determinado período – ela aumentou mais de 20 vezes desde 1872 – quanto à estabilidade populacional atual. O conceito de crescimento vegetativo deve também ser apresentado em forma de gráficos, mostrando-se as diferenças entre as curvas de natalidade e mortalidade.


crescimento vegetativo
Em entrevista ao portal Terra em agosto de 2010, o presidente do IBGE, Eduardo Nunes, ponderou que os dados do Censo vão exigir dos governantes a adoção de novas políticas sociais no Brasil nos próximos anos. "Temos um envelhecimento, um crescimento quase vegetativo da população e, principalmente, uma mudança nos arranjos familiares. Há em muitos domicílios apenas uma pessoa como chefe de família, sendo que em muitos casos a mulher é a referência da casa. As famílias estão mudando", disse Nunes, lembrando que o envelhecimento tem impactos nas políticas educacional, de saúde e previdenciária.

Aproveita-se para explicar que, com a urbanização, as taxas de mortalidade no Brasil declinaram mais rapidamente do que as de natalidade, em virtude do processo de urbanização, aumentando, assim, o crescimento vegetativo de forma muito significativa. De fato, o Brasil é um país urbanizado (com população urbana superior à rural) desde o início dos anos de 1970, época em que 56% dos habitantes do país já viviam em cidades.

Posteriormente, a análise deve seguir para as características demográficas mais recentes e apontar, por exemplo, a redução das taxas de natalidade – acompanhadas do aumento da expectativa de vida – e a consequente redução do crescimento vegetativo . Vale ressaltar que a taxa de fecundidade está próxima a 1,9 filho por mulher, abaixo daquela considerada necessária à reposição populacional, que é de 2,1 filhos por mulher. Significativamente, os resultados do censo 2010 mostraram que o Brasil tem uma população de 185 milhões de habitantes, quando se estimava que ela já superaria o patamar de 190 milhões.

Até os anos de 1990, predominou no Brasil a população jovem (15 a 24 anos), porém, os mais recentes levantamentos indicam que o país será predominantemente composto por adultos e uma grande parcela de idosos. Isso em famílias menos numerosas, com cada vez mais idosos e menos crianças. Consequências desse processo podem ser abordadas em sala de aula, a exemplo de problemas relacionados ao envelhecimento da população, como déficits previdenciários e reposição de mão de obra.


pirâmides etárias
No ambiente corporativo, muito se fala da “janela de oportunidades” que o Censo 2010 apresenta para o crescimento da economia. Com a projeção desta nova pirâmide para a próxima década, os jovens que vão ingressar no mercado de trabalho devem estar preparados para novos desafios. Diz-se que um novo tripé será a base do sucesso de uma empresa: as pessoas (que terão suas competências e capacidades de adaptação valorizadas), os processos (com foco em métodos) e a tecnologia colaborativa.

Outro quesito que deve ser abordado em classe são as pirâmides etárias . A brasileira, por exemplo, vem apresentando um estreitamento da base, o que é reflexo da diminuição da natalidade, e do alargamento do topo, em função do maior número de adultos e idosos.

Finalmente, o professor deve destacar que os dados obtidos pelos censos demográficos definem os recursos distribuídos pelo governo federal a partir do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), que é proporcional ao número de habitantes.

SUGESTÃO DE ATIVIDADES

Aplicação – Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder.


Sugestão para pesquisas
Revista Brasileira de Estudos de População. - Site do IBGE. www.ibge.gov.br - Site do PNUD/Brasil. www.pnud.org.br

Habilidade – Analisar a ação dos Estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social.

Trabalho – Indicar aos alunos uma pesquisa que aborde os seguintes quesitos:

a) encontre cinco dos maiores municípios no interior do Brasil que não correspondam às capitais dos estados
b) os dez estados mais populosos do Brasil e suas respectivas regiões
c) dados comparativos de desenvolvimento humano nas regiões brasileiras.
Carlos José Cassanta é Professor de Geografia e suporte pedagógico de Geografia dos Sistemas de Ensino da Editora Saraiva www.souagora.com.br, www.sejaetico.com.br, c.cassanta@uol.com.br
Conhecimento Prático Geografia

Um comentário:

Luiz Reginaldo Silva disse...

Eduardo,
Muito bom artigo colocando nossos dados para serem analisados pela população.

Valeu e continuemos sempre em busca de conhecimento.

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