domingo, 27 de setembro de 2009

Mudanças climáticas e energia


Escrito por Edimir Kuazaqui

A Organização das Nações Unidas (ONU), por intermédio dos cientistas do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), revelou em 02 de Fevereiro de 2009 uma verdade bastante inconveniente: o chamado homo sapiens, the "king of the world" (numa alusão ao filme Titanic) é o principal responsável pelos efeitos irreversíveis do aquecimento global e consequentemente pelos inúmeros efeitos colaterais que temos sentido nos últimos anos - fato esse devidamente referenciado nas telas do cinema, em Matrix, de Andy e Larry Wachowski, nos anos 1980, ou seja, os humanos vistos como o verdadeiro câncer no planeta.

Esse relatório foi considerado o mais sombrio de toda a existência da ONU, embora, posteriormente, se tenha tentado diminuir seu impacto, simplificando e omitindo-se dados e informações, democratizando, de forma hipócrita e irreal, a responsabilidade do problema, com a transferência da solução para todos os habitantes do planeta. Até um ursinho abandonado foi utilizado como mártir e símbolo de campanha. Pelo menos algumas pessoas ainda se recordam do ursinho...
Atualmente, os efeitos do fenômeno estufa podem ser sentidos em diversas regiões do planeta. A escassez de água deverá afetar cerca de um bilhão de pessoas nos próximos anos; e a falta de alimentos atingirá cerca de 600 milhões em razão de secas, degradação nos ambientes e salinização do solo; devem surgir novas doenças (e possivelmente grandes ganhos financeiros a partir de novas tecnologias e remédios); tsunamis e calor excessivo, além do derretimento das calotas polares, que virou o assunto da moda. De forma triste e irônica, serão as populações mais pobres e menos informadas que sentirão os efeitos de maneira mais contundente. As nações mais ricas, e consequentemente mais preparadas e organizadas, terão como alternativas mecanismos de resposta, controle e superveniência que podem conter as influências em comércio exterior e internacional, por exemplo. Um dos maiores patrimônios mundiais, a Amazônia, corre o risco de, brevemente, ter o seu leste savanizado, o que transformará todo o ecossistema e eliminará grande parte da fauna e flora, verdadeira riqueza (hoje, inclusive, objeto da biopirataria). E alguns países ainda se vangloriam da tecnologia para a fabricação do etanol como parte da matriz energética mundial, numa alusão clara e direta às chamadas oportunidades de negócio.

Após o chamado período pós-guerra, as economias dos países mais desenvolvidos criaram mecanismos de ajuste internacional, no sentido de equilibrarem as transações comerciais internacionais. Modismos como empreendedorismo e novas formas de otimização de resultados meramente empresariais surgiram com o objetivo de conduzirem o ser humano ao centro do universo e de trazerem as soluções para todos os males que ele mesmo criou. Questões importantes como o fim dos empregos formais e a consolidação do desemprego estrutural foram discutidas, mas relegadas a assuntos secundários - aliás, como ocorreu também com a questão da fome nos países menos desenvolvidos.

Bem depois, o 11 de Setembro traçou um panorama sombrio e criou um cenário bastante conturbador, principalmente na sociedade ocidental, elevando ao máximo nossos medos e temores internos. O grande problema é que as populações, de certa forma, assimilaram os problemas e se adaptaram sem uma resposta ou solução conclusiva ou mesmo de nível integrado e social.

Agora, a "bola da vez" (e realmente utilizo este termo para demonstrar a banalização com que a sociedade foca o tema) é o aquecimento global, com a possibilidade de não termos um futuro nada saudável. Resta-nos esperar se ocorrerão novos modismos para ganhar dinheiro e desviar a atenção dos incautos e menos esclarecidos sobre os reais problemas que assolam a humanidade. Curiosamente, os impactos da Antártida e do Ártico têm reflexo na redução da salinização dos mares, enfraquecimento das correntes marítimas e elevação no nível dos oceanos. O fato de a água ser categorizada como recurso não renovável deveria ser um dos grandes sinalizadores para que todos esses avisos da natureza fossem escutados. E as lideranças, onde ficam neste cenário e contexto?

À bem verdade, o mundo vive uma verdadeira crise de valores morais, éticos, de responsabilidade social mascarados pela crise financeira e ambiental. Para o economista alemão e diretor do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Achim Steiner, um dos caminhos a serem seguidos é o investimento em tecnologias limpas que diminuam a emissão de poluentes no meio ambiente. Entretanto, os impactos ambientais vêm de uma forma acelerada e os danos irreversíveis, como a extinção de espécies, fome e pobreza. Programas de tecnologia limpa exigem um alto investimento em pesquisa e desenvolvimento, por exemplo, e exigem um período de tempo extenso para ser aplicado em economia de massa. No Brasil, o programa de etanol evoluiu para a exportação em razão do aprofundamento das discussões das mudanças climáticas, pois originalmente foi idealizado para o mercado interno brasileiro no sentido de ampliar a estrutura energética brasileira. A China pretende investir US$. 60 bilhões de dólares e Barack Obama também deseja aplicar US$.80 bilhões de dólares no chamado investimento verde. Embora relevantes, os investimentos ainda são pequenos em relação às necessidades do planeta. Pretende-se a cura homeopática de um câncer já instalado. Enquanto isso, a Amazônia é depredada numa velocidade nunca vista, enfraquecendo ainda mais o pulmão do planeta. Que futuro teremos a oferecer para nossos sucessores?



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