quarta-feira, 3 de junho de 2009

Os fiéis esquecidos: cristãos árabes


Seguidores de Jesus durante quase dois mil anos, os cristãos primitivos estão hoje a desaparecer da região onde a sua fé nasceu. Texto de Don Belt Fotografias de Ed Kashi

A Páscoa em Jerusalém não é para pessoas de coração débil.A Cidade Velha, frenética e caótica mesmo nas épocas mais calmas, parece entrar em completo delírio nos dias que precedem as festividades pascais. Dezenas de milhares de cristãos de todo o mundo afluem aqui como uma horda conquistadora,transbordando das ruas estreitas e antigas vielas da Via Dolorosa, em busca de uma comu- nhão com as pedras frias ou de algum vislumbre, talvez, das agonias suportadas por Jesus Cristo nas suas horas derradeiras. Todos acorrem a este lugar porque aqui começou o cristianismo. Aqui, em Jerusalém e nas terras vizinhas, encontram-se as colinas pedregosas que Jesus calcorreou e onde ensinou e morreu e onde, mais tarde, os seus seguidores rezaram, derramaram sangue e discutiram acaloradamente entre si qual seria o destino dos seus ensinamentos. Amontoando-se lado a lado com judeus conversos nas grutas da Palestina e da Síria, os árabes foram dos primeiros a ser perseguidos pela nova fé e os primeiros a ser chamados cristãos. Foi aqui, no Levante – uma área geográfica que actualmente abrange a Síria, Líbano, Jordânia, Israel e territórios palestinianos – que centenas de igrejas e mosteiros foram construídos após Constantino, imperador de Roma, ter legalizado o cristianismo no ano de 313, classificando como Terra Santa as suas províncias levantinas. Mesmo depois da sua conquista pelos árabes muçulmanos em 638, a região manteve-se predominantemente cristã.

National Geographic Portugal

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